A agência espacial russa Roscosmos divulgou que a sonda Phobos-Grunt pode não ter caído no oceano Pacífico, como anteriormente divulgado. A nave pode ter atingido a região central do Brasil. Outra possibilidade é que a sonda tenha se fragmentado e caído nos oceanos Atlântico, Pacífico e na região central do Brasil. O sistema de controle aeroespacial brasileiro não confirma a detecção de objeto(s) entrando no espaço aéreo brasileiro no instante previsto para a reentrada da sonda. Desta notícia, acho interessante dois aspectos:
a) A agência espacial russa não sabe onde a nave reentrou. Isso poderia sugerir falta de expertise dos russos nesta matéria, mas não creio que isso seja correto. Para determinar a órbita de um satélite, é necessário que o mesmo seja acompanhado opticamente ou por radar. O problema é que os russos não possuem uma rede de acompanhamento de satélites em escala global, ao contrário dos EUA, que possuem uma rede de rastreio dessa natureza. Entretanto, não houve melhorias significativas na previsão do instante e local provável do impacto mesmo com os dados do SPACETRACK. Eventualmente, os parâmetros orbitais não são obtidos em tempo real.
b) Os radares da Força Aérea Brasileira podem não ter sido capazes de detectar um alvo em grande velocidade e altitude. Isso sugere algo preocupante, uma vez que nossa capital se encontra justamente na região onde fragmentos da sonda podem ter caído. Esta incapacidade pode ter origem instrumental ou ser causada pela falta de familiarização dos operadores com objetos dessa natureza. Acredito que a segunda hipótese é mais razoável. Em 1944, o sistema de radar inglês detectou diversos sinais que foram interpretados como mísseis V2 lançados para Londres. Os mísseis não vieram. Estes falsos alarmes foram associados, posteriormente, a meteoros esporádicos.
Como resolver a dúvida relativa à queda da Phobos-Grunt no Brasil? Provavelmente, o meteoro associado à sonda deve ter sido mais brilhante que a Lua cheia em algum instante da reentrada. Conforme a nave penetrou nas camadas mais densas da atmosfera, a sonda se fragmentou em pedaços menores. Tais fragmentos produziriam meteoros com magnitudes tão brilhantes quanto Vênus ou Júpiter. Em qualquer uma dessas situações, a reentrada da sonda seria facilmente visível da superfície. Portanto, se você, leitor, viu algo dessa natureza por volta de ~20-21h (hora de Brasília) do dia 15-01, reporte. O vídeo da TV russa RT sobre esta questão é apresentado abaixo:
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