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sábado, 21 de julho de 2012

Periélio do Cometa Hyakutake

Filme registrando o periélio do cometa C/1996 B2 (Hyakutake) composto de 83 imagens geradas pela câmera LASCO C3 do satélite SOHO. As imagens foram obtidas de 30-04 à 06-05-1996 UT em uma cadência de cerca de um registro a cada duas horas.

sexta-feira, 2 de março de 2012

OVNI ?

Imagem da região Escorpião-Sagitário mostrando um "objeto voador não identificado" (OVNI). Será? Não! O objeto é, na verdade, um traço deixado pelo movimento de um balão de ar quente. O tempo de exposição desta foto foi de 15 a 20 segundos. Obtive a imagem em março de 1996, no mesmo dia em que observei o cometa Hyakutake no Rio de Janeiro.


quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Meu primeiro telescópio

Meu primeiro telescópio foi um refletor newtoniano de 0,3 m f/6, adquirido em 1987 do construtor de telescópios Aguirre, quando eu tinha 14 anos. Parte do dinheiro para a compra foi obtida com a venda de um telescópio newtoniano de 0,18 m f/8, que eu havia montado no curso de construção de telescópios do Museu de Astronomia do Rio de Janeiro.

Na sua configuração inicial, o telescópio de 0,3 m possuía uma rígida montagem equatorial germana e tinha uma massa superior a 100 kg. Em 1995, o telescópio foi reconstruído pelo construtor Leonel Vianello, de Araraquara (SP). Apenas o espelho primário foi aproveitado. Apesar de o espelho ter apenas uma polegada de espessura, a figura da parábola se manteve constante, mesmo com variações na disposição espacial, o que surpreendeu o Sr. Leonel. Nesta nova configuração, o telescópio passou a ter uma montagem altazimutal dobsoniana.

Utilizei este telescópio para observar os cometas Hale-Bopp e Hyakutake no Rio, entre 1995 e 1996. Em Salvador, foi usado para diversas observações públicas, sendo a mais relevante realizada em agosto de 2003, durante uma excepcional aproximação de Marte da Terra. Mais de 1000 pessoas observaram Marte através deste telescópio no antigo Shopping Aeroclube.

Atualmente, o telescópio está desmontado e adequadamente armazenado na casa de minha sogra. Abaixo, algumas fotos da segunda metade da década de 1990 do meu telescópio:





SN - 26 de Setembro de 2002 - Edicao No. 170
Como uma homenagem a memória de Leonel Vianello, no ano em que se completam dez anos de seu falecimento, reproduzo o Boletim Supernovas que reporta a passagem deste excepcional profissional:

SUPERNOVAS - BOLETIM BRASILEIRO DE ASTRONOMIA - 

http://www.supernovas.cjb.net


26 de Setembro de 2002 - Edicao No. 170


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ATRAVES DA OCULAR

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MORRE UM DOS MAIS CONHECIDOS CONSTRUTORES DE TELESCÓPIOS NO BRASIL
Faleceu na sexta-feira, 20 de setembro, aos 74 anos de idade Leonel  Vianello (1927-2002); de morte natural. Nascido no dia 10 de outubro  de 1927, Vianello era construtor de telescópios astronomicos, fotografo profissional e morava no interior de Sao Paulo, em  Araraquara/SP. Leonel dedicou boa parte de sua vida a essa rara arte  de construir artesanalmente instrumentos ópticos de grande precisao, como também montagens, oculares, aranhas, focalizadores e pequenas  lunetas. Alem de um grande construtor, Leonel era "de um  comportamento exemplar e correto sobre as coisas e preocupado com a qualidade de seus produtos", afirmou Weber Amadeus, amigo, aprendiz e  também construtor de telescópios na cidade de Araraquara/SP. Leonel  fabricou mais de 500 telescópios de tamanhos variados que hoje estão  espalhados por praticamente todo território nacional. "O Leonel  deixou a marca dele no Brasil", afirmou Roberto Silvestre, que possui  um observatório em sua propria casa na cidade de Uberlândia/MG, onde  esta' instalado um telescópio newtoniano construido por Vianello. "Foi uma grande perda", concluiu o amigo. Leonel mantinha  seu site na internet mas foi desativado (http://www.leonelvianello.com.br ). O Boletim Supernovas prestou sua  homenagem a esse grande construtor brasileiro, cujo os telescopios  abriram e ainda abrem as janelas do Universo para incontaveis  observadores todo dia. Ver em: http://www.geocities.com/cadu-mg/homenagembsn.htm
(Agradecimentos especiais à familia e amigos)
Carlos Eduardo - Editor Boletim Supernovas

UMA GRANDE PERDA
"O Brasil perde um dos maiores colaboradores da Astronomia amadora do pais."
Weber Amadeus, construtor de telescópios e grande amigo de Leonel 
Vianello, Araraquara-SP

domingo, 11 de dezembro de 2011

C/1996 B2 (Hyakutake)

Minha história com o cometa Hyakutake foi engraçada. 

O C/1996 B2 atingiu seu pico de brilho no final de março de 1996. Eu era aluno de iniciação científica no Observatório Nacional do Rio de Janeiro na época, e ouvi dois astrônomos  comentando na biblioteca: "É o cometa mais brilhante em 25 anos!" e  "Ele está na constelação da Libra!". Fiquei com aquelas informações na cabeça. Lembrava que o cometa mais brilhante em 25 anos havia sido o espetacular West. Aproximadamente às 22h (01h UT), daquele mesmo dia do início de abril, a constelação da Libra era visível a 30-40 graus de altura. Procurei o cometa no céu, efetuando um procedimento que deve ter sido repetido por astrônomos há séculos. Comparei os objetos visíveis no céu com os presentes em uma carta celeste para  buscar um "intruso". Para meu espanto, uma das estrelas não estava na carta, e além disso tinha um aspecto nebuloso. Não tinha mais dúvidas: eu acabara de encontrar o cometa Hyakutake no céu!  Pensei comigo mesmo: "Finalmente, estou vendo um  cometa decente!" "Decente" porque era brilhante o suficiente para ser visível a olho nu e ainda por cima possuía uma fraca cauda. Acordei minha mãe para que ela pudesse ver o objeto e montei meu telescópio newtoniano de 0,3m f/6 logo em seguida. Com 60x de aumento, pude perceber uma tênue estrutura espiral na coma do cometa. Como este cometa é do tipo NEO e sua inclinação orbital era bastante elevada, ele rapidamente não seria mais visível da latitude do Rio de Janeiro. Nos dois fins-de-semana seguintes, usei dois rolos de filme Kodak ASA 100, com 36 exposições cada, para registrar o objeto. 

Apresento algumas imagens  obtidas num sábado de abril (1 a 4) e no domingo da semana seguinte  (5 a 7). Todas foram obtidas com 15s de exposição e uma câmera Zenit 12 XS. Não sei exatamente a data da obtenção destas imagens. Não me preocupava tanto com registros exatos de tempo quanto hoje.

Uma bela frase é atribuída ao descobridor deste objeto:

"I don't care about the naming of the comet. If many people could enjoy that comet, that is the happiest thing for me."
- Yuji Hyakutake, 1996

Yuji Hyakutake morreu de aneurisma em 2002, aos 51 anos de idade. Acho que ele sintetizou tudo que senti ao ver aquele objeto no céu.

Imagem 1 - Minha primeira foto do cometa

Imagem 2

Imagem 3 - C/1996 B2 e o Morro do Sumaré que divide as zonas sul e norte
da cidade do Rio de Janeiro.

Imagem 4 - As luzes saturadas a esquerda do Hyakutake são associadas
a torres repetidoras de rádio e televisão,

 Imagem 5 - Última imagem do Hyakuate obtida oito dias depois da sequência anterior. O objeto
estava muito ao norte. Tive que me deslocar para a residência de um colega na região oceânica de Niterói para ter um horizonte sem obstáculos. O único problema foi a poluição luminosa. Isto é evidente na foto.

Imagem 6 - Imagem anterior com uma correção de "background"  proporcionada pelo
software IRIS.

Imagem 7 - Região Escorpião-Sagitário. A poluição luminosa era localizada
apenas na direção noroeste, justo onde o Hyakutake era visível.

O colonialismo cultural na ciência

  Esta postagem é uma forma de catarse e também um registro para futuras gerações de cientistas brasileiros. Em 15 de dezembro de 2022, envi...