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terça-feira, 28 de novembro de 2023

Outburst do cometa 12P/Pons-Brooks

Sequência de imagens obtidas com telescópios de 0,5-m de abertura do Observatório Slooh, no Monte Teide (ES), antes e após um outburst do cometa Pons-Brooks provavelmente iniciado em 14 de novembro de 2023 TU. As imagens foram obtidas no filtro R em 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 28 de novembro e 03 de dezembro de 2023 TU respectivamente.









sábado, 25 de março de 2023

Hercóbulus

Ciência e Misticismo

A crença na existência do objeto denominado de Hercóbulus ou Hercólubus é creditada a certos esotéricos.

Em 1984,  astrônomos estadunidenses formularam uma hipótese para explicar por que registros fósseis indicam que aproximadamente a cada trinta milhões de anos de anos ocorre a extinção de uma grande parte dos seres vivos terrestres. Estes pesquisadores propuseram a existência de uma pequena estrela anã vermelha (Nêmises) que orbitaria o Sol em uma elipse de semi-eixo maior de 90.000 U.A ou 1,4 anos-luz. Quando esta estrela se deslocasse para o periélio (parte da órbita que a deixa mais próximo do Sol) provavelmente passaria por uma região que dista do Sol cerca de 10.000 U.A, denominada de Nuvem de Oort-Öpik, onde bilhões de núcleos de cometas estão em órbitas quase circulares. Durante a passagem da estrela, estes cometas seriam perturbados gravitacionalmente por Nêmesis, saindo de suas órbitas originais e sendo arremessados, aos milhares, para as partes mais internas do Sistema Solar. Devido ao seu grande número, a possibilidade de colisão sobre a Terra poderia ter sido consideravelmente maior que a atualmente existente.

Alguns esotéricos provavelmente ao tomarem conhecimento desta hipótese, através dos jornais da época, a modificaram sem razões plausíveis como o tipo de objeto de estrela para planeta ou cometa; sua órbita, o colocando em uma trajetória que passa na região planetária do Sistema Solar; lhe atribuindo cores ou mesmo insinuando que os astrônomos sabem de sua existência, mas não a revelavam para não alarmar a população (algo como no filme Deep Impact ou um episódio de X-Files).  O tema "Hercóbulus" foi assunto de um programa sensacionalista de TV de grande popularidade em alguns países da América Latina, motivando que fossem realizados diversos trabalhos como livros, artigos, palestras e cursos.

Efetivamente, descobrir Nêmesis é trabalhoso em função deste objeto emitir radiação preferencialmente na faixa do infravermelho (baixa temperatura superficial), onde os detectores da época não eram muito sensíveis, e ser necessário fazer uma varredura em todo o céu, o que requer um telescópio de uso quase exclusivo. Com a varredura infravermelha efetuada pelo IRAS e modelos estelares existentes, que forneceram um brilho esperado, se buscou este objeto mas nada foi descoberto nos dados disponíveis.

Uma varredura do céu em três bandas do infravermelho que visa a busca de objetos proto-estelares, realizada no Chile (DENIS),  descobriu a anã vermelha DENIS-P J104814.7-395606.1, com mais de 60 massas de Júpiter, a uma distância de aproximadamente 13 anos-luz do Sol. Como o brilho dos objetos astronômicos diminui com o inverso do quadrado da distância, concluímos que deveria ser mais fácil descobrir Nêmesis à 1,4 anos-luz do que DENIS-P. Sua provável órbita indica que este objeto gira ao redor do núcleo da via-láctea, assim como o Sol. A trajetória calculada de DENIS-P no espaço não sugere possibilidade de colisão com a Terra ou que este arremesse cometas para o Sistema Solar interior. A varredura realizada no Chile, com os detectores mais modernos e sensíveis disponíveis, não descobriu a hipotética Nêmesis ou o fantasioso Hercólubus, por mais que os autores de livros insistam que o último se aproxima da Terra.

Nuvem de Oort e o Cinturão de Kuiper

Nuvem de Oort-Öpik e órbitas elípticas, parabólicas e hiperbólicas de alguns hipotéticos cometas. Fonte: Bergamini, D.:1970 In, O Universo, Biblioteca da Natureza Life, Livraria José Olympio Editora, Rio de Janeiro, P.69

Estudos que consideravam as perturbações gravitacionais planetárias sobre as órbitas de corpos do Sistema Solar, como asteroides e cometas, foram efetuadas por diversos pesquisadores durante as primeiras décadas do século XX. Destes trabalhos surgiram as primeiras idéias sobre a distribuição de estatística dos parâmetros que caracterizam as órbitas destes corpos. Para órbitas hiperbólicas (1/a_orig ~<0, onde a_orig = semi-eixo maior da órbita do objeto antes de entrar na região planetária do Sistema Solar) de cometas, os trabalhos de Strömgrem (1914,1947) demonstraram que estas trajetórias não eram as originais quando estes corpos entraram no Sistema Solar mas o produto da interação gravitacional com os planetas.

Sinding (1948) determinou valores de 1/a_orig~<0 para vinte e um cometas de longo período, os quais somados ao trabalho de Van Woerkom (1948), formaram a base para o trabalho de Oort (1950) sobre a existência de um reservatório de cometas além dos limites do Sistema Solar conhecido. A idéia de uma hipotética nuvem de cometas distantes com trajetórias estáveis, frente a perturbações estelares, é necessária para justificar cometas com a_orig ~ 10.000 U.A. Esta teoria foi formulada antes de Oort por Öpik em 1932.

Oort deduziu a existência desta nuvem pelo grande número de cometas de longo período com 1/a_orig < 10-4 U.A^{-1} dentro de uma amostra de dezenove cometas. Seus afélios estariam a pelo menos 200.000 U.A do Sol. Oort concluiu que haveriam órbitas estáveis a aproximadamente 200.000 U.A as quais, de tempos em tempos, poderiam ser perturbadas por passagens estelares próximas. Admitindo que as passagens estelares poderiam tornar randômica a distribuição orbital da nuvem e em vista da idade do sistema solar, a nuvem poderia conter 2X10^11 cometas. Como a massa cometária média é da ordem de 1013 kg, a massa total da nuvem pode ser de 0,3 massas terrestres ou 2X10^24 kg.

Considerando-se a teoria da difusão orbital de Van Woerkom (1948) para as perturbações planetárias, o número de cometas com 1/a_orig < 10-4 U.A^{-1} deveria ser maior que o observado. Isto motivou que em um estudo posterior, Oort e Schmidt (1951) sugerirem que muitos cometas poderiam não ser facilmente descobertos, em suas primeiras passagens pelo Sistema Solar interior, em função de suas grandes distâncias de periélio e consequentemente baixo brilho. Deste trabalho, surgiu o conceito de cometa novos (brilhantes, devido a grande produção de poeira e gás, e originários da Nuvem de Oort) e velhos (pouco brilhantes, devido a baixa produção de poeira e gás, e com órbitas elípticas com períodos órbitas curtos).

Imagem CCD do centauro (2060) Chiron (círculo verde) obtida em 05/05/1999 no Observatório do Pico-dos-Dias (Brasópolis, Minas Gerais). Este objeto, que orbita entre Saturno e Urano, foi provavelmente um membro do cinturão de Edgeworth-Kuiper, colocado nesta órbita mais próxima do Sol devido a perturbações gravitacionais de Netuno ou Urano.

 

Novamente através de estudos dinâmicos de trajetórias de cometas e graças ao avanço tecnológico de telescópios e detectores, hoje se sabe que o Sistema Solar está envolvido por um vasto disco composto de núcleos de cometas. Este disco presumivelmente começa um pouco depois da órbita de Netuno e se estende muito além, até a esférica de Nuvem de Oort da qual grande parte dos cometas hipoteticamente se origina. Esta parte do Sistema Solar, conhecida como cinturão de Edgeworth-Kuiper foi sugerida por K.E. Edgeworth em 1949 e por G. Kuiper em 1951. Eles propuseram a existência de uma região em forma de disco, que deveria se encontrar a pelo menos 36 U.A do Sol. Em 1980, o uruguaio J. Fermandez propôs que este disco seria o reservatório de cometas que, após encontros com os planetas gigantes, são injetados em órbitas com períodos orbitais curtos. Estas hipóteses foram mais fundamentadas com a descoberta (Jewitt & Luu, 1993) de corpo com magnitude 22, situado além da órbita de Netuno, o primeiro membro conhecido do Cinturão de Edgeworth-Kuiper. Este objeto foi designado de 1992QB1 e depois de sua descoberta se seguiram diversas outras de maneira que em 1998 se conheciam 66 destes corpos. Como as descobertas foram decorrentes da varredura de uma pequena área no céu, se acredita que possam existir 160.000 objetos como 1992 QB1, o qual deve possuir um diâmetro maior de 100 km e alguns tão grandes como Plutão (2360 km) e o seu satélite Caronte (1200 km).


Referências

Betzler, A. S.: 1998, in Um estudo dos cometas Hale-Bopp e Chiron, Projeto de Final de Curso para a Obtenção do Título de Astrônomo, UFRJ-CCMN/Departamento de Astronomia, Rio de Janeiro, p. 18, 30

Edgeworth, K.E.: 1949, MNRAS 109, 600.

Fenandez, J.: 1980, MNRAS 192, 481

Jewitt, D. & Luu, J.: 1993, Nature 362, 730

Kuiper, G.P.: 1951, in Astrophisics: A Topical Symposium, J.A . Hynek ed. McGraw Hill, N.Y., 357

Oort, J.H.: 1950, Bull. Astron. Inst. Netherl. 11, 91

Oort, J.H. & Schmidt, M.: 1951, Bull. Astron. Inst. Netherl. 11, 259

Öpik, E.J.: 1932, Proc. Amer. Acad. Astr. Sci. 67, 199
Sagan, C & Druyan, A. : 1985, in Cometa, Livraria Francisco Alves Editora S.A.,p.300-301

Strömgrem, E.: 1914, Publ. Obs. Compenhagen 19,

Strömgrem, E.: 1947, Publ. Obs. Compenhagen 144,

Van Woerkom, A . J. J.: 1948, Bull. Astron. Inst. Netherl. 10, 445

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

252P/LINEAR

Registro do cometa LINEAR obtido no loteamento Santo Antônio, em Amargosa (BA). Os registros foram feitos com uma câmera Nikon D80 em 22-03-2016,  entre 06 h 47 min e 07 h 07 min UT. A figura (b) é o resultado da soma de nove fotografias, cada uma com 15 s de exposição, ASA 1600, obturador f/5,3 e objetiva de 40 mm. As fotografias foram alinhadas e somadas  com o software Sequator.  

A magnitude do cometa devia ser próxima de cinco na ocasião do registro, segundo observadores da REA-Brasil.

O núcleo deste cometa deve ter um raio de 0,33 km admitindo-se que não seja hiperativo. Este foi o menor objeto do sistema solar que consegui registrar até o momento usando uma simples máquina fotográfica.



(a) - Identificação das constelações presentes na imagem (b)
pelo Astrometry.com.


(b) - Um zoom de 250 x do Google Chrome facilita a
 visualização do objeto (seta).


segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

C/2022 E3 (ZTF)

Registro do cometa ZTF no Santo Antônio (seta), centro histórico de Salvador. Os registros foram feitos com uma câmera Canon Rebel T100 em 05-02-2023, entre 22 h 29 min e 22 h 33 min UT. A figura (a) é o resultado da soma de 10 fotografias, cada uma com 15 s de exposição, ASA 800, obturador f/3,5 e lente grande angular (18 mm). As fotografias foram alinhadas, somadas e corrigidas da poluição luminosa com o software Sequator

Segundo o COBS, a magnitude visual total devia ser algo como 5,9, quase no limite de detecção de minha câmera neste sítio urbano.

O nucleo deste cometa deve ter um raio mínimo de 2,3 km, admitindo que não seja hiperativo.


(a) Um zoom de 250 x do Google Chrome facilita a visualização
do objeto (seta).



 (b) Identificação das constelações presentes na imagem (a)
pelo Astrometry.com.


domingo, 5 de fevereiro de 2023

O cometa 96P/Machholz e sua composição química: dá para acreditar em tudo que se lê na internet?


Diversos canais de divulgação científica na internet aventaram duas hipóteses para explicar porque o cometa Machholz 1 tem abundâncias de cianogênio e carbono abaixo do encontrado numa amostra homogênea, criada e atualizada há décadas por pesquisadores do Lowell Observatory (EUA). A primeira é que o cometa se formou em uma região diferente do sistema solar daquela onde a maioria dos cometas da amostra surgiram. A primeira hipótese tem que ser avaliada com cuidado porque sempre há a possibilidade de ocorrer um viés observacional em nossa amostra. Este viés pode estar associado à escolha do objeto: astrônomos tendem a observar objetos mais brilhantes, porque isso melhora a qualidade do registro. A hipótese alternativa é que o cometa Machholz 1 tenha vindo de fora do sistema solar. A segunda hipótese é bem sedutora, mas é uma grande especulação, pois e que é muito difícil inferir a origem interestelar de um cometa periódico, como o Machholz 1, pela sua órbita atual. Além disso, sistemas exoplanetários são muito provavelmente formados da mesma maneira que o nosso, com as mesmas substâncias, talvez em abundâncias ligeiramente diferentes, mas nada que resulte em situações extremas como a hipótese que sugere que planetas gigantes tenham a tendência a se formar ao redor de estrelas mais metálicas que o Sol.

Devemos tomar cuidado com o que lemos na internet, pois jornalista não é cientista, e nem tem a obrigação de ser, e astrônomos às vezes são mal interpretados.


Periélio do cometa Machholz 1 registrado através da câmera C3
do satélite SOHO da NASA/ESA.

domingo, 19 de dezembro de 2021

C/2021 A1 (Leonard)

Imagem do cometa Leonard obtida com uma câmera Canon Rebel T100 em 18-12-2020 UT, na Ponta de Humaitá, em Salvador (Bahia). O objeto não era visível a olho nu, dada a grande poluição luminosa do sítio observacional.
Um zoom de 400 vezes do Google Chrome na imagem abaixo possibilita a visualização do aspecto nebular do objeto.

O núcleo desse cometa deve possuir um raio mínimo de 2 km, admitindo que não seja hiperativo.

Cometa (seta) - 22h 09m UT - 10 s de exposição, grande angular de
29 mm, obturador f/4.5 e ISO 800. O objeto brilhante é o planeta Vênus.

Autor do blog durante a obtenção das imagens.

Ascenção da Lua com 98,9% de sua superfície iluminada.
A edificação é a 
Igreja e Mosteiro de Nossa Senhora do Monte Serrat.

terça-feira, 3 de agosto de 2021

Observações do Grande Cometa de 1843 no Rio de Janeiro

Artigo do historiador carioca José Vieira Fazenda relatando diversas observações do Grande Cometa de 1843 no Rio de Janeiro. Esta crônica foi publicada originalmente no jornal A Notícia, em 21 de maio de 1910, perto do auge do brilho do cometa Halley, e republicada pela Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Tomo 95, Volume 149, em 1943. O artigo possui descrições minuciosas da morfologia e posição do cometa no céu, além de um belo poema de Antônio Francisco Dutra e Melo sobre este magnífico astro. 


Cometa de 1843 segundo o professor Rubens de Azevedo.
Ilustração extraida do livro " O Cometa de Halley" (Editora do Brasil, 1985).







quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Tentativa de registro do cometa C/2020 M3 (ATLAS)

Tentativa de registro do cometa ATLAS no Santo Antônio, centro histórico de Salvador. A tentativa foi feita com uma câmera Canon Rebel T100, em 15-11-2020, entre 01 h 16 min e 01 h 23 min UT. A figura (a) é o resultado da soma de 20 fotografias, cada uma com 15s de exposição, ASA 1600, obturador f/5.6 e lente normal (55 mm). As fotografias foram alinhadas, somadas e corrigidas do gradiente de fundo de céu com o uso do software IRIS. O cometa não é visível na figura (a) na posição sugerida pelo site Heavens Above (figura b), pois o brilho superficial do céu deve ter sido igual ou maior que o apresentado pelo cometa no instante do registro.

Figura (a) - A posição estimada do cometa é indicada pelo círculo.

Figura (b) - Posição sugerida pelo site  Heavens Above.



quarta-feira, 29 de julho de 2020

C/2020 F3 (NEOWISE)

Imagens do cometa NEOWISE obtidas com uma câmera Canon Rebel T100 em 27-07-2020 UT, na Ponta de Humaitá, na cidade de Salvador (Bahia).

O núcleo deste cometa deve possuir um raio mínimo de 2,8 km admitindo-se não ser hiperativo.

a) Cometa (seta) - 21h 25m UT - 15 s de exposição, grande angular de
18 mm, obturador f/7 e ISO 800. As localidades de Mar Grande e Itaparica, 
na Ilha de Itaparica, correspondem aos pontos luminosos no horizonte.
 
b) Análise astrométrica da imagem a) efetuada pelo software
online "astrometry.net".


c) Cometa (seta) - 21h 31m UT - 15 s de exposição, grande angular de
18 mm, obturador f/10 e ISO 1600. O cometa apresentava magnitude próxima 
de cinco (5).

d) Soma da imagem a) com outra do mesmo campo obtidas instantes 
depois. As imagens foram alinhadas, somadas e corrigidas de poluição
 luminosa com o software Sequator.


sexta-feira, 19 de junho de 2020

BVR photometry of comets 63P/Wild 1 and C/2012 K1 (PANSTARRS)

No dia 17 de junho foi publicado o artigo "BVR photometry of comets 63P/Wild 1 and C/2012 K1 (PANSTARRS)" na revista "Astrophysics and Space Science". Neste trabalho, fizemos uma analíse de dados obtidos com telescópios em três continentes. Muitas imagens previamente divulgadas neste blog dos cometas 63P e K1 foram usadas neste trabalho. Obtivemos os períodos de rotação nuclear, nível de coesão estrutural, parâmetros morfológicos e cores das comas destes dois cometas.  O resumo do artigo é apresentado abaixo:

"We analyzed BVR photometry of comets 63P/Wild 1 and C/2012 K1 (PANSTARRS) imaged between March 2013 and May 2014 with telescopes ranging from 0.20 m to 2.0 m aperture in Australia, Europe, and the United States. We found R-band nuclear magnitudes H0=16.3±0.6 and 12.52±0.02 for comets 63P and K1, respectively. With a geometric albedo of 0.04, the nuclei have radii of 1.5±0.4 and 8.67±0.08 km, respectively. Using the Lomb-Scargle periodogram, we found that the most likely rotation periods of these nuclei are 14±2 h and 9.4±0.4 h, with peak-to-peak light curve amplitudes of 0.85±0.01 and 0.4±0.2 magnitudes, respectively. The inner coma of both comets was probably optically thin and in steady state during our observations. The average normalized reflectivity gradient S' of the coma of 63P and K1 is 10±15 (1σ) and 8±7%/100 nm in the spectral range between 440 and 647 nm, indicating that both comets are statistically redder than the Sun. The Kruskal-Wallis H-test indicates that the distribution of the B-V, V-R, and B-R color indices of the objects is similar, indicating some similarity in the physical or mineralogical properties of the comas of these comets."

Curvas de luz rotacionais do cometas 63P e K1.


Você pode encontrar algumas imagens usadas neste artigo nos seguintes links: 63P (1 e 2) e K1 (1, 2 e 3).

sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

Viação Cometa

A Viação Cometa S.A. é uma empresa de transporte rodoviário de passageiros que atende parte das regiões sul e sudeste do Brasil desde 1948. Suspeito que esse inusitado nome tenha sido inspirado pelo "Grande Cometa do Sul" (C/1947 X1), que era um objeto facilmente visível a olho nu em dezembro de 1947. 
Eu utilizei seus serviços recentemente. Algo que me chamou a atenção foi o nome de batismo de uma classe de ônibus da empresa: Halley. Apesar de utilizar o nome do cometa mais famoso da história da astronomia, a imagem na parte de trás do ônibus é do cometa Hale-Bopp, que foi extremamente brilhante em 1997, muito mais que o apresentado pelo Halley em 1986. A imagem do Hale-Bopp utilizada na lateral do ônibus foi muito provavelmente obtida por E. Kolmhofer e H. Raab em 04-04-1997 no Observatório Johannes-Kepler em Linz, Áustria. 
Eu compreendo perfeitamente a razão de se utilizarem dois cometas diferentes no mesmo ônibus. Apesar de milhões de pessoas terem visto o cometa Hale-Bopp, quantidade muitíssimo superior ao Halley em 1986, quase ninguém sabia o nome do objeto. O nome "Hale-Bopp" não entrou no imaginário popular da mesma forma que o cometa Halley.

Ônibus da Viação Cometa. Imagem obtida em
02-01-2020, na rodoviária de Araraquara (São Paulo).

domingo, 29 de setembro de 2019

BVR broadband photometry of comets 1P/Halley and 4P/Faye

Na última segunda, 23-09-2019, o artigo "BVR broadband photometry of comets 1P/Halley and 4P/Faye" foi aceito para publicação na revista "New Astronomy". Este trabalho é o resultado de uma parceira bem sucedida entre mim e Orahcio Felício de Sousa, ambos professores da UFRB. Fiquei extremamente feliz com esta publicação, pois tive a oportunidade de contribuir com o estudo de dois cometas importantes para a história da astronomia. 
Edmund Halley previu em 1705 que o cometa 1P retornaria ao sistema solar interior com décadas de antecedência. 
O cometa Faye foi o primeiro a ser observado pelo Hubble Space Telescope, numa passagem próxima da Terra (0,6 U.A), em 1991.
Neste trabalho, nos pudemos correlacionar observações visuais e fotométricas do cometa Halley feitas por observadores brasileiros e estrangeiros, algo surpreendentemente inédito na literatura apesar do volume de dados coletados pelo PBOCH (Programa Brasilero de Observação do Cometa Halley). 
O resumo melhorado do trabalho é apresentado a seguir:

"We have analyzed the visible broadband photometry data of comets 1P/Halley and 4P/Faye obtained during their perihelion transits in 1986 and 1991, respectively, at the Sanglokh Observatory (Tajikistan) and the European Southern Observatory (Chile). Application of the Lomb-Scargle periodogram to the magnitudes in the V-band and the B-V color index shows that the most probable periodicities are 79 ± 6 and 7.36 ± 0.04 days for 1P and 6.1 ± 0.3 days for 4P, respectively. After comparing the results of color and magnitude periodograms, we find that there is a systematic difference in the number of identified signals and the confidence level of the same periodicity in the periodograms. Our results suggest that searches for periodicities in the color of the coma of active comets should be complementary to those in magnitudes. We have demonstrated that the distribution of the B-V color of Faye's coma was invariant during and after the possible occurrence of a post-perihelion outburst. We have demonstrated a symmetry in the H0 photoelectric absolute magnitude of comet Halley before and after perihelion. The same symmetry were not observed in the B-V color index. We find that the absolute magnitude H0 of comet Halley differs from each other when calculated from the visual or photoelectric magnitudes, which is due to the section of the coma used to estimate these magnitudes. We have also found that this difference in photometric aperture can affect the comparison of B-V color distributions between active comets."


Curvas de luz rotacionais dos cometas Halley e Faye apresentadas neste artigo.
 A fase 0.33 corresponde a um outburst no cometa Halley.

quarta-feira, 26 de junho de 2019

46P/Wirtanen e Mira Ceti

Registro do cometa 46P/Wirtanen obtido em Salvador, no dia 06.9-12-2018 UT. A imagem é o resultado da soma de três fotografias, cada uma com 15 s de exposição, feitas com uma câmera Zenit 12XS. As fotografias foram alinhadas e somadas com o software  IRIS.  O filme utilizado foi um Kodak ASA 200. A magnitude visual do cometa era em torno de cinco, tornando-o um objeto difícil de ser registrado num céu urbano. O cometa Wirtanen era o alvo inicial da sonda Rosetta. Este cometa foi substituído pelo 67P dada a indisponibilidade do foguete Ariane 5, durante a janela planejada de lançamento.

Eu usei essa mesma câmera analógica para obter fotos dos cometas Hale-Bopp,  Holmes,  Hyakutake,  Machholz  e NEAT

Cometa 46P (trilha verde, seta negra) e a estrela variável Mira Ceti, 
com um brilho um pouco menor que o do máximo de 26-11-2018.

Imagem corrigida da falta de uniformidade de brilho do céu. A correção
foi efetuada com o software IRIS.

domingo, 6 de maio de 2018

Por que o cometa Halley "micou" em 1986 ? - Parte 2

Comparação das dimensões angulares do cometa 1P/Halley em instantes próximos das máximas aproximações da Terra em 1910 e 1986.

A emulsão fotográfica usada por E. E. Barnard em 1910 era certamente muito menos sensível que aquela empregada na imagem de 1986, o que possivelmente justifica o emprego de tempo de exposição e um instrumento de maior abertura (Fig.1).  Entretanto, pelas dimensões angulares deduzidas,  fica cabal que  cometa Halley não era um objeto facilmente discernível num céu urbano em abril de 1986. Apesar de visível a olho nu, o cometa teria um aspecto e dimensões angulares similares ao aglomerado globular NGC-5139, o ômega centauri da constelação do Centauro (Fig.2).

Fig. 1 -Fotografia obtida em 29 de Maio de 1910 às 15:11 (ou 15:28!) UT por E.E. Barnard no Observatório de Yerkes (EUA), usando o telescópio "Bruce" de 0,25-m de abertura, e publicada originalmente no jornal New York Times. O campo de visão é  7,44 x 5,63 graus e a escala de placa é de 33,8 arcsec/pixel. O aspecto trilhado das estrelas de campo é causado pelo tentativa de acompanhar o movimento próprio do cometa no céu. O comprimento da cauda do cometa é de cerca de 5,4 graus.

Campo de visão no céu da foto anterior. Imagem gerada pelo
programa online astrometry.net


Fig.2 - Detalhe de uma foto obtida pelo astrônomo amador brasileiro
Nelson Falsarella, em São José do Rio Preto (São Paulo), no dia 11 de Abril de 1986 às 05:50 UT. O filme utilizado foi Kodacolor VR de 400 ASA e 210 s de exposição, usando câmeras Pentax K1000 ou Zenit 12XP e, presumivelmente, lentes normais. O campo de visão é de 7,33 x 6,81 graus e a escala
de placa é de 117 arcsec/pixel.  A coma apresentava 0,5 graus de diâmetro, igual a dimensão angular da Lua.

Campo de visão no céu da foto anterior. Imagem gerada pelo
programa online astrometry.net

quinta-feira, 3 de maio de 2018

Por que o cometa Halley "micou" em 1986 ? - Parte 1

O cometa Halley teve um espetacular encontro com o planeta Terra em 1910. Neste ano, o cometa apresentou grande brilho, com magnitude visual aparente entre 0 e 1, e comprimento de cauda de cerca de 70 graus. Devido a essas características, foi criada uma enorme expectativa em relação ao retorno deste objeto ao sistema solar interior em 1986. Entretanto, a visão do cometa foi decepcionante. Em abril de 1986, dois meses após seu periélio, o cometa apresentou magnitude visual próxima de 2 e um comprimento máximo de cauda de 10 a 20 graus. Quais as possíveis origens desta grande variação de aparência morfológica entre duas passagens consecutivas? Podemos considerar parâmetros sociais e geométricos: i) Em 1910, a maioria da população mundial vivia no campo, onde o nível de poluição luminosa era extremamente baixo ou inexistente. Isto possibilitou o discernimento de estruturas mais tênues na coma e cauda do cometa e ii) A geometria Terra-Sol-Cometa não era favorável em 1986. Se analisarmos a Fig.1, percebemos que o objeto estava a cerca de 60 milhões de quilômetros da Terra em sua máxima aproximação, bem maior que os 22 milhões de quilômetros da Terra de maio de 1910. Isto implicou numa diminuição de seu brilho, seguindo a lei do inverso do quadrado da distância. A geometria orbital também não ajudou a aumentar o número de observadores. Em 1910, em seu auge de brilho, o cometa era visível ao entardecer, situação contrária a de 1986 na qual o objeto era visível após a segunda metade da noite e madrugada.

Fig.1 - Cometa Halley no instante de sua máxima aproximação da Terra em
 11 de abril de 1986. 

quarta-feira, 18 de abril de 2018

TCC de Alberto Silva Betzler

Em 30 de outubro de 1998, defendi meu trabalho de conclusão de curso (TCC) em astronomia, na UFRJ. Este TCC trata da análise de dados fotométricos dos cometas 95P/Chiron e C/1995 O1 (Hale-Bopp), estando associado a três artigos publicados em periódicos internacionais. O capítulo 2 apresentou o estudo de três ocultações estelares pela coma do cometa Hale-Bopp, registradas em junho de 1996, no Observatório do Pico-dos-Dias (Minas Gerais). Estes resultados foram somente publicados em 2017 ou 19 anos após a apresentação de meu TCC. 
Como uma forma de comemorar meus 20 anos de carreira e para ajudar estudantes que estejam em situação similar, disponibilizo meu TCC para download neste link.

Observatório do Valongo, sede do curso de 
astronomia da UFRJ. Fonte: Wikipedia.

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Powerpoint do Cometa Halley

Adjetivos usados para descrever o cometa 1P/Halley em artigos publicados em 1910, no Jornal do Brasil do Rio de Janeiro.




Eu afirmo que o cometa Halley é o fomentador do interesse da humanidade no  estudo destes objetos. Posso chegar a essa conclusão me baseando na grande dimensão de seu núcleo e sua pequena distância à Terra, que ocasionam seu grande brilho no céu.

Usei o evidências empíricas para chegar a esta conclusão, não convicções.

domingo, 17 de dezembro de 2017

Uma Notícia de Jornal

A nota abaixo foi publicada no jornal "A Notícia" de Salvador (BA), em 15 de maio de 1915:


Acredito que muitos dos cidadãos da cidade de Monte Alto (BA) faleceram sem saber o cometa que observaram. Com a ajuda da internet, foi possível conjecturar que o objeto era muito provavelmente o cometa C/1915 C1, descoberto pelo astrônomo amador e construtor de telescópios estadunidense  John E. Mellish.

É interessante notar a comparação morfológica com o 1P/Halley feita por estes observadores, cujo esplendor de maio de 1910 devia estar vivo na memória de todos. A associação ao cometa Biela feita pelo autor da nota é compreensível. O cometa Biela não foi tão brilhante quanto ao Halley ou Mellish, mas foi o primeiro que apresentou um impressionante processo de fragmentação do núcleo em 1845, que foi extensivamente estudado por diversos observadores espalhados pelo mundo.  O cometa Mellish apresentou um processo similar quando se aproximava do Sol.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

C/2012 X1 (LINEAR) - Registro

Imagem CCD LRGB do cometa C/2012 X1 obtida através de um telescópio de 0.35m f/11, instalado em La Dehesa, região metropolitana de Santiago (Chile).

Minha análise das cores deste cometa foram publicadas em Betzler et al (2017).



O colonialismo cultural na ciência

  Essa postagem parece um discurso de quem que se recusa a se adaptar ao status  quo do mundo. Não concordo com muita coisa por ai, mas não...