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quarta-feira, 1 de maio de 2013

Grande Meteoro de 2012 no Brasil – Um Ano Depois: O que falta fazer?

As análises apresentadas nesta sequência de postagens baseiam-se nos dados obtidos em Belo Horizonte (BH) e Campos dos Goytacazes. A variação de altura angular do meteoro registrada em BH foi de aproximadamente 0,7 grau, valor compatível com a margem de erro estimada para esse tipo de medição. Isso implica um erro propagado significativo na determinação da trajetória atmosférica e da órbita do meteoro, mesmo com a boa concordância observada entre os resultados e os relatos visuais das testemunhas do evento, como ilustrado na Figura 1.

Para aprimorar esses parâmetros, a análise do vídeo gravado na região da Grande Vitória é especialmente relevante, como mostrado nas Figuras 2 e 3. No entanto, apesar das tentativas de contato, não foi possível obter resposta do autor do vídeo. A identificação do local exato da gravação é crucial, pois o azimute e a altura aparente do meteoro podem variar consideravelmente com deslocamentos relativamente pequenos, da ordem de dezenas de quilômetros.

Além da trajetória e da órbita, a massa pré-atmosférica do meteoro, assim como a de eventuais fragmentos, pode ser estimada a partir de sua magnitude absoluta. Essa magnitude é definida como o brilho que o meteoro apresentaria se estivesse a 100 quilômetros de altitude, diretamente no zênite do observador. Para estimá-la corretamente, é necessária uma calibração fotométrica utilizando como referência objetos de brilho conhecido, como estrelas, planetas ou a Lua.

No vídeo gravado em Vitória, dois objetos adicionais não identificados aparecem no campo de visão. Para determinar sua natureza e calcular a magnitude absoluta do meteoro, torna-se indispensável conhecer a localização exata do ponto de observação. Sem essa informação, a análise quantitativa permanece limitada e as incertezas nos resultados aumentam significativamente.


Fig.1 - Detalhe da trajetória atmosférica do "Grande Meteoro de 2012 no Brasil" (linha vermelha).
Relatos de observadores dizem que o objeto foi visto próximo ao
zênite nas cidades mineiras de Caratinga e Governador Valadares. A trajetória
é consistente com estes relatos. O meteoro foi observado em BH quando passava
sobre Caratinga.

Fig,2 - Um frame do vídeo da "Grande Vitória". Um fragmento do meteoro
é visto logo após sua desconexão.

Fig.3 - Frame mostrando o meteoro após sua fragmentação. 

domingo, 28 de abril de 2013

Grande Meteoro de 2012 no Brasil – Um Ano Depois: Radiante do Objeto

Posição da radiante real do "Grande Meteoro", referida ao equinócio J2000 (marcada com uma cruz). A radiante está localizada na constelação de Auriga, com coordenadas aproximadas de ascensão reta 5h32min e declinação +47°. O meteoro surgiu nessa região do céu, o que exclui sua associação com a chuva anual dos Lirídeos, cuja radiante situa-se na constelação de Lyra, com coordenadas em torno de ascensão reta 18h e declinação +34°. Portanto, o objeto deve ser classificado como um meteoro esporádico, e não como membro de uma chuva regular, como foi conjecturado na época.

Posição da radiante do "Grande Meteoro de 2012 no Brasil". Diagrama
gerado pelo atlas celeste "The Night Sky Atlas".

sábado, 27 de abril de 2013

Grande Meteoro de 2012 no Brasil – Um Ano Depois: Posições do Objeto no Céu

Diagramas gerados com o software Skymap, mostrando as trajetórias aproximadas do meteoro de 20/04/2012 (hora de Brasília) nas localidades de Belo Horizonte e Campos dos Goytacazes. As trajetórias estão indicadas por setas. Os mapas apresentam o céu em coordenadas horizontais, com as estrelas posicionadas conforme visível às 23h30, para um observador olhando em direção ao zênite em cada localidade.


Trajetória do meteoro visto de Belo Horizonte. O tempo de trânsito
foi de 2s. O objeto foi visível ao  redor da direção leste.

Trajetória do meteoro visto de Campos dos Goytacazes. O tempo de trânsito
foi de 11s. O objeto foi visível entre, aproximadamente, as direções oeste-noroeste
e norte-noroeste. 

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Grande Meteoro de 2012 no Brasil – Um Ano Depois: Localização dos Observadores

A determinação da trajetória e da órbita do Grande Meteoro de 2012 no Brasil foi baseada nos vídeos obtidos em Campos dos Goytacazes e Belo Horizonte (BH). Com o auxílio das informações disponíveis na lista "Bólidos" e no Google Earth, identifiquei com razoável exatidão a posição dos observadores (Figs. 1 e 2). Utilizei elementos fixos da paisagem, como prédios, postes e outras estruturas, para estimar a altura e o azimute do meteoro nas duas localidades.

Essas coordenadas horizontais foram convertidas em ascensão reta e declinação utilizando a planilha radcoord, desenvolvida por M. Langbroek em Excel. Para os cálculos, considerei que as observações foram simultâneas e ocorreram às 23h30 de 20/04/2012 (hora de Brasília).

Encontrei ainda quatro vídeos no YouTube que registram o meteoro, oriundos de Belo Horizonte, Campos, Ipatinga e Grande Vitória. No entanto, não consegui determinar o local exato de onde foram feitas as gravações de Ipatinga e Grande Vitória, apesar de ter tentado contato com os autores. Não obtive resposta.

Para a determinação dos parâmetros orbitais do meteoro, são necessários pelo menos dois pontos de observação com coordenadas conhecidas. Com os quatro vídeos, seria possível formar até seis combinações independentes de sítios de observação, o que permitiria, em princípio, um refinamento significativo da trajetória e da órbita do objeto.


Fig.1a - Um frame do filme de Campos. O meteoro é indicado pela seta
 branca.


Fig.1b - Local estimado de observação em 
Campos dos Goytacazes. Fonte: Google Earth - Street View

Fig.2a - Um frame do filme de BH. O meteoro é indicado pela seta
 branca.


Fig.2b - Local de observação em Belo Horizonte.
Fonte: Google Earth - Street View

sábado, 20 de abril de 2013

Grande Meteoro de 2012 no Brasil – Um Ano Depois: Trajetória Atmosférica

A trajetória atmosférica do "Grande Meteoro de 2012 no Brasil", registrado por volta das 2h30min UTC de 21 de abril de 2012, foi calculada com base em registros em vídeo obtidos em Belo Horizonte (Minas Gerais) e Campos dos Goytacazes (Rio de Janeiro). A trajetória estimada apresenta boa concordância com os relatos de observadores, disponíveis em vídeos publicados no YouTube e na lista "Bólidos".

Os dados indicam que o objeto seguia uma órbita hiperbólica, com excentricidade estimada em 1,190, distância ao periélio de 1,005 unidades astronômicas (ua) e inclinação de 28,51 graus em relação à eclíptica. O periélio teria ocorrido aproximadamente às 9h46min UTC do mesmo dia, cerca de sete horas após a passagem do objeto pela Terra. Esses elementos orbitais sugerem que o meteoro não colidiu com o planeta, mas apenas cruzou sua atmosfera superior.

Trata-se, portanto, de um meteoro provavelmente do tipo Earth-grazing, que atravessou a alta atmosfera terrestre e retornou ao espaço. A altitude mínima registrada durante a fase atmosférica foi de aproximadamente 74,5 quilômetros, sobre o território de Minas Gerais.

Embora a excentricidade estimada indique uma órbita hiperbólica, é importante considerar que esse valor pode estar superestimado devido a incertezas na medição da velocidade inicial. Caso a órbita real seja ligeiramente elíptica, o meteoro seria compatível com a classe dos objetos Apollo, caracterizados por órbitas com semieixo maior superior a 1 ua e periélio próximo à órbita da Terra. Essa possibilidade não pode ser descartada com os dados atualmente disponíveis.

Os resultados deste estudo foram apresentados como parte da minha tese de doutorado na Universidade Federal da Bahia (UFBA).


Posições dos observadores visuais do meteoro de 21-04-2012 UT.
Fonte: Comentários do vídeo original de BH do "YouTube". A distância entre
 as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo é de  358,1 km.



Trajetória do objeto sobre o mapa do Brasil do Google Earth. As marcas representam os
locais de observação em vídeo do meteoro em Minas Gerais e Rio de Janeiro, e o começo e fim dos registros em ambas localidades sobre a trajetória. O final da trajetória na Bahia é arbitrário. Presumo que o meteoro entrou em território baiano, pois existe um relato de observação em Feira de Santana.

sábado, 12 de maio de 2012

Órbita do Grande Meteoro do Brasil em 20/04/2012

A órbita calculada do bólido observado no sudeste do Brasil em 21 de abril de 2012 (UTC) foi estimada com base em vídeos obtidos em Campos dos Goytacazes (RJ) e Belo Horizonte (MG). Ambos os vídeos aparentam ter sido registrados com câmeras de celulares, o que impõe algumas limitações quanto à precisão das medidas de posição no céu.

A órbita resultante é hiperbólica, ou seja, indicaria um objeto vindo de fora do Sistema Solar. No entanto, é importante destacar que essa excentricidade pode estar superestimada. Isso porque a variação de altura e azimute do meteoro em Belo Horizonte foi muito pequena, e está na mesma ordem de grandeza do erro esperado nas estimativas feitas a partir de vídeos não calibrados. Em outras palavras, o próprio limite da precisão dos dados pode ter distorcido um pouco a solução orbital final.

A trajetória atmosférica e os elementos orbitais foram calculados com o auxílio do programa "Fireball", que utiliza as posições angulares observadas a partir de diferentes localidades para reconstruir a trajetória do meteoro e estimar sua órbita em torno do Sol. O resultado mostra que o ponto de maior aproximação do objeto ao Sol (o periélio) coincidiu com a distância média da Terra ao Sol (cerca de 1 unidade astronômica), o que justifica o fato de o encontro com o planeta ter ocorrido.

Tudo indica que o meteoroide pode ter sido do tipo "Earth-grazing", ou seja, um corpo que apenas tocou a alta atmosfera da Terra e retornou ao espaço, sem colidir com o solo. Esse tipo de evento é raro, mas já foi registrado antes, como no famoso "Great Daylight Fireball" de 1972, que atravessou a atmosfera dos Estados Unidos em plena luz do dia. No caso brasileiro, a altitude mínima estimada foi de 74,5 km, o que reforça a hipótese de que os fragmentos do objeto não chegaram a atingir o solo.

Embora os resultados sejam compatíveis com um meteoroide que cruzou a atmosfera e voltou ao espaço, é importante lembrar que a precisão desses cálculos depende diretamente da qualidade dos dados disponíveis. Como os vídeos foram feitos com equipamentos não científicos e em condições variáveis, os resultados devem ser interpretados com cautela. Mesmo assim, os dados obtidos são valiosos e ajudam a entender melhor a dinâmica desses raros encontros com a Terra.

Órbita do meteoróide. As posições do meteoróide (em azul e roxo) e da Terra (em vermelho) correspondem a 15 dias antes do encontro, em 6 de abril de 2012. Naquele momento, os dois corpos estavam separados por aproximadamente 2,93 milhões de quilômetros, o equivalente a cerca de 7,6 vezes a distância média entre a Terra e a Lua.



terça-feira, 24 de abril de 2012

Grande Meteoro de 2012 no Brasil

O “Grande Meteoro” foi observado aproximadamente às 2h30min de 21 de abril de 2012 UT nos estados da Bahia (BA), Espírito Santo (ES), Minas Gerais (MG) e Rio de Janeiro (RJ). O objeto se fragmentou em três ou quatro partes durante sua passagem pela atmosfera terrestre. Durante esse processo, alguns observadores relataram a ocorrência de “flares”. Pela disposição das testemunhas, pode-se deduzir que o objeto se movimentou em uma trajetória na direção sudoeste-nordeste (ver Fig. 1).

Uma busca na internet revelou quatro vídeos no YouTube registrando o meteoro em Belo Horizonte (MG), Campos dos Goytacazes (RJ), Ipatinga (MG) e Grande Vitória (ES). Não foi possível determinar o local exato de onde foram obtidos os vídeos de Grande Vitória e Ipatinga, apesar de várias tentativas de contato com seus autores. Com os quatro vídeos disponíveis, seria possível formar seis combinações de locais de observação, possibilitando uma análise mais detalhada.



Fig.1 - Posições dos observadores do bólido de 21-04-2012 UT.
Fonte: Comentários do Vídeo (2) do "YouTube". A distância entre
 as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo é de  358,1 km.




(1) - Belo Horizonte (MG) - 02:10 UT. 



(2) - Campos dos Goytacazes (RJ) - 02:20 UT


Minha Vivência com o Colonialismo Cultural na Ciência

  Esta postagem tem um caráter de reflexão e registro para futuras gerações de cientistas brasileiros. Em 15 de dezembro de 2022, enviei uma...