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quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

Asteroides e montes de pedras

A estrutura de muitos pequenos asteroides ( < 10 km) pode ser do tipo "rubble pile", ou seja um conglomerado de fragmentos rochosos mantidos juntos pela gravidade. Esta hipótese foi formulada na década de 1990 para explicar porque existem poucos asteroides com períodos de rotação infeiores ao da "spin barrier" ( < 2,2 h).
Abaixo algumas imagens que ilustram este conceito:

Monte de brita no canteiro da Av. Juracy Magalhães Jr.Imagem obtida
em 20-12-2022, que inspirou esta postagem
.
Rotação do asteroide Itokawa. Fonte: JAXA

Rotação do asteroide Ryugu. Fonte: JAXA

      Rotação do asteroide Bennu. Fonte: NASA.

sábado, 17 de dezembro de 2022

O colonialismo cultural na ciência

 


Essa postagem parece um discurso de quem que se recusa a se adaptar ao status quo do mundo. Não concordo com muita coisa por ai, mas não sou um revolucionário. Todavia, eu estou escrevendo este depoimento como uma forma de catarse, e também porque acho importante deixar isso registrado para gerações futuras de cientistas brasileiros. No dia 15-12-2022, eu mandei um short communication para o "The Astronomer's Telegram" (Atel). Eu analisei dados de dois near-Earth asteroids que eu havia observado em 2013 e 2014. Dados destes objetos já haviam sido publicados no Atel. Portanto, considerei razoável divulgar meus resultados neste canal, apesar do tempo decorrido. No dia seguinte fiquei abismado em receber um e-mail de um pesquisador do INAF/IAPS, em Roma (Itália). O pesquisador reportou que havia ficado surpreso de ter visto um telegrama apresentando observações feitas há quase 10 anos, que o Atel foi concebido para divulgar observações novas ou eventos transientes ou requisições de acompanhamento destes corpos e, pasmem, não efetuar confirmações de observações já divulgadas naquele canal. O pesquisador mandou uma cópia de seu e-mail para o editor do Atel. Respondi ao pesquisador romano dizendo que dados não processados e publicados não contribuem para a ciência, e confirmação faz parte da praxe científica. 

Uma rápida busca no Google apresentou o pesquisador romano como um senhor de idade, o que presumo estar associado à sabedoria e bom senso, e que trabalha há décadas com astrofísica de estrelas variáveis e de altas energias. O pesquisador começou a publicar quando eu nasci, em 1973!

Ciência sem confirmação não é ciência. A futuristica sede do INAF/IAPS fica a poucas dezenas de quilômetros do Colégio Romano. Quatrocentos anos antes do e-mail do pesquisador romano, as luas de Júpiter foram observadas por padres/professores desta instituição, confirmando a descoberta de Galileo.

Por que o pesquisador romano esquece do básico do método científico? Uma hipótese está associada ao colonialismo cultural. A Europa brutalmente invadiu e colonizou as Américas, África e Asia. Eu  nasci, resido e orgulhosamente constitui família e carreira científica no Brasil, uma ex-colônia portuguesa. A dominação colonial implica em impor aos colonizados uma pretensa superioridade moral e intelectual dos colonizadores. Suponho que o pesquisador romano tenha se autoinvestido desta autoridade para julgar o que pode ou não ser publicado num canal que não criou ou tem ligação formal. Paradoxalmente o pesquisador está ligado a um grupo da IAU de preservação de dados astronômicos históricos. 

Posso concluir que com quase 50 anos de idade e com um pós-doutorado, sofri bullying de um senhor com mais de 70 anos, residente no outro lado do Atlântico, o qual nunca ouvi falar, não tenho qualquer vínculo, e que sequer trabalha na minha área de pesquisa.

Ele mandaria um e-mail dessa natureza para um pesquisador que não fosse do sul global?  Ele abreviaria doutor com "d" minúsculo? Será que ele sabe que tenho um artigo publicado na revista da  Accademia Nazionale delle Scienze detta dei XL?

Mandei a resposta ao pesquisador há mais de 24 h. Não recebi mais nada dele. O editor também não me contactou. Não perdi minhas credenciais para postar no Atel. O mais interessante é que não postava nada deste 2015

Meu conselho? Não abaixe a cabeça para  pesquisadores estrangeiros por maior que seja seu renome na comunidade. Ser formado em universidades europeias ou dos EUA não implica automaticamente em ser um pesquisador excepcional e competente. Opine e critique. Suas ideias podem ser melhores que as desses pesquisadores. Muitos são extremamente conservadores, monolíticos, e permanecem na mesma linha de pesquisa do doutorado por toda a carreira, fazendo o conhecido "feijão-com-arroz". Em geral, tem um número muito grande de publicações em revistas de impacto porque trabalham em grupos. Já encontrei pesquisadores com milhares de citações no Google que não são o primeiro autor em artigos há anos. Ah! Eles também erram. Neste mesmo 2022, o pesquisador romano confundiu um pixel quente numa imagem CCD com um outburst em quasar.

Já me deparei com pareceristas de artigos sobre meteoros que claramente não dominavam conceitos básicos de estatística e probabilidade, que ensino para alunos do primeiro semestre da UFRB, e que diziam que eu não os estava utilizando corretamente. Neste pareceres configuraram expressões populares ou sarcásticas como "laranjas e maçãs" ou "santo graal", que o editor da revista irresponsavelmente deixou  passar.

Não foi a primeira vez que tive problemas na interação com pesquisadores italianos. Poderei falar sobre isso em uma futura postagem se achar pertinente.

Considerei esta situação tão vexatória que resolvi ocultar o nome do autor do e-mail e denominá-lo de "pesquisador" ou "pesquisador romano" ao longo de todo o texto. Aprendi com minha família a ter respeito a pessoas mais velhas e como cientista a admirar a carreira de terceiros. 

Abaixo reproduzo a sequência de e-mails:

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Dear dr. Betzler, I was rather surprised to see in your ATel #15812 the

report of observations made nearly ten years ago! I was convinced that

ATels are supposed to be used to communicate new or very recent

observations to help follow-up by other observers, not to confirm old

observations already published on ATel at due time.

Sincerely yours

xxxxxx

-- 

Associated Researcher at INAF/IAPS-Roma, Italy


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Dear Dr. xxxx,


Thank you for your email and your observations. However, I must remind you that there are thousands of gigabytes of data on our personal hard drives and in the observatories' public storage. If these data are not processed and published, they do not contribute to the development of science, and confirmation is an important part of that.


Sincerely


Alberto S. Betzler

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segunda-feira, 1 de agosto de 2022

2006 VV2

Animação mostrando o movimento próprio do asteróide binário 2006 VV2, o primeiro near-Earth asteroid que observei em Salvador. As duas imagens que compoem essa animação foram obtidas com um telescópio Meade LX200 GPS de 0,3-m de abertura+CCD SBIG ST-7XME Deluxe+filtro Bessel R, em 21:27:01 e 21:27:52 de 01-04-2007 (UT-3 h). Os dados coletados nessa sessão observacional foram usados em um artigo sobre esse objeto, publicado em março de 2008.


 

sábado, 12 de maio de 2018

Um estranho no ninho

Uma equipe de astrônomos, utilizando o telescópio VLT do Observatório Paranal do ESO e o Hubble Space Telescope, identificou que o objeto do Cinturão de Kuiper 2004 EW95 é do grupo taxonômico C. Esta região do sistema solar encontra-se além da órbita de Netuno e é caracterizada por objetos com centenas ou milhares de quilômetros de diâmetro e natureza muito similar a núcleos de cometas, ou seja feitos essencialmente de gelo de água. A descoberta deste objeto colabora com um modelo que sugere esses asteroides podem ter sido lançados para as regiões mais externas do sistema solar pela ação de ressonâncias orbitais com planetas gigantes gasosos em formação.

Impressão artística do asteroide 2004 EW95. Não há uma curva de
luz deste objeto que permita especular sobre seu formato. Fonte:ESO/M. Kornmesser
Órbita do objeto (vermelho).  Em verde claro, num mesmo plano, temos as
órbitas de Netuno, Urano e Saturno. Note a grande inclinação da órbita do asteroide com relação
ao plano do sistema solar. Fonte: ESO/L. Calçada

EsoCast # 160 tratando da descoberta.

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Ceres e Vesta

Ceres (círculo vermelho) e Vesta (círculo verde) estão ocupando uma mesma parte do céu, separados por algo como um quarto de grau. Imagem LRGB obtida com um telescópio refrator de grande campo (1,4 x 1,1 graus), instalado no Observatório Teide nas Ilhas Canárias (Espanha).

domingo, 18 de maio de 2014

Asteroides 315, 58.547 e 166.382: Um Encontro no Céu

Imagem CCD de 180s de exposição do asteroide 315 (Constantia). Este asteroide compartilhava o mesmo campo estelar com os objetos 58.547 (1997 FZ2) e 166.382 (2002 LA50), por efeito de perspectiva. A distância entre os asteroides era de dezenas de milhões de quilômetros na ocasião do registro. A ideia popularizada por filmes de ficção fantástica que os asteroides estão a poucas dezenas de metros entre si não é correta. A imagem foi obtida em 03-03-2014 UT, através do filtro R, usando o telescópio T21 da rede Itelescope no Novo México (EUA).

Diagrama gerado pelo programa "Astrometrica" mostrando os três objetos (círculos
vermelhos). Os círculos verdes representam  estrelas do catálogo USNO-B1.

Aninação comparando as posições obtidas dos três asteroides no instante do
registro. Diagramas orbitais gerados pelo "JPL Minor Planet Browser". A órbita mais
externa é a do planeta Júpiter.

sábado, 17 de maio de 2014

VJA8ACE = 2014 JO25

Soma de nove imagens CCD de 12s de exposição do NEO 2014 JO25 (círculo roxo) obtidas em 05-05-2014 UT, através do telescópio T11 da rede Itelescope, no Novo México (H06, EUA). Este objeto estava na lista de NEOs cuja órbita deveria ser refinada antes da obtenção da designação no padrão IAU. Colaborei com este objetivo, obtendo duas posições astrométricas nos filtros V e R. A magnitude R do objeto era 17,6 usando como referência o catálogo USNO-B1.


quinta-feira, 1 de maio de 2014

A Importância da Astrometria

A astrometria é a parte da astronomia dedicada a determinação da posição dos astros no céu. Graças às medições posicionais da Lua e Sol feitas há algumas centenas ou milhares de anos antes de Cristo por sacerdotes na Babilônia surgiu um calendário que nos levou ao atualmente utilizado. Como o advento de sua teoria gravitacional, no começo do século XVIII, Newton foi capaz de justificar porque as órbitas de planetas são elipses, conforme sugerido por Kepler. Estas duas descobertas só se tornaram possíveis devido a realização de observações posicionais de planetas e cometas. 

Nos dias de hoje, um número excepcional de asteroides e cometas são descobertos anualmente por iniciativas profissionais e amadoras. Se não forem realizadas observações astrométricas, as órbitas destes corpos ficam mal determinadas. Isto implica que estes objetos podem ser perdidos. Um bom exemplo é o cometa 289P/Blanpain que foi descoberto em 1819 e ficou perdido até 2013.

A astrometria pode ser feita com um mínimo de recursos instrumentais e computacionais. Com um telescópio da ordem de algumas dezenas de centímetros de abertura, dotado de uma câmera CCD, e um PC é possível montar um estação astrometrica que pode contribuir para a melhoria da determinação das órbitas de asteroides e cometas. Considero fundamental que mesmo em observações físicas destes corpos suas coordenadas sejam determinadas e enviadas ao Minor Planet Center (MPC). O programa Astrometrica de H. Raab facilita muito este trabalho.

Apresento alguns objetos que foram medidos por mim e meus alunos do curso de astrofísica observacional da UFRB, em 2013.2. Todas as imagens foram obtidas através do telescópio "dome 2" do Observatório Slooh das Ilhas Canárias (Espanha).

NEO 1998 QE2 (círculo roxo) - Imagem no filtro R obtida em 29-05-2013 UT.
As estrelas envolvidas por círculos verdes pertencem ao
catálogo astrométrico USNO-B 1.0 e estão presentes no registro. As
estrelas dentro dos círculos amarelos foram rejeitadas no 
processamento astrométrico. Imagem processada pelo
software Astrometrica. Posições medidas publicadas na MPEC 2014-J02.

NEO 2003 GS - Filtro R - 25-04-2014 UT. Posições medidas publicadas na
MPEC 2014-H46

NEO 2014 HV2 - 28-04-2014 UT - Soma das imagens obtidas nos filtros RGB. As imagens
foram centradas no asteroide em movimento (não perfeitamente), justificando as múltiplas estrelas
em linha. Posições medidas publicadas na MPEC 2014-H71


C/2012 K1 - Filtro B - 01-05-2014 UT

NEO 2014 GY48 - Filtro R - 01-05-2014 UT. Posições medidas
publicadas na MPEC 2014-JO7.

quarta-feira, 26 de março de 2014

Um asteroide com anéis

Hoje foi divulgada a descoberta de um sistema de anéis ao redor do Centauro (10199) Chariklo. Esta descoberta foi realizada por um grupo de astrônomos liderados pelo brasileiro Felipe Braga-Ribas. O sistema é provavelmente constituído por dois anéis, com larguras de 7 e 3 km, separados por uma divisão de 9 km. A exemplo de Saturno, com sua famosa divisão de Cassini, especula-se que a divisão nos anéis de Charaklo seja causada pela força gravitacional de um ou mais satélites. Este(s) hipotético(s) objeto(s) pode(m) orbitar Chariklo na região da divisão. A(s) força(s) gravitacional(is) do(s) satélites(s) sobre os fragmentos do anel pode(m) fornecer energia suficiente para que estes últimos deixem a região da divisão. A origem dos anéis pode ser associada a processos colisionais. A descoberta dos anéis foi possível através da observação da ocultação de estrela UCAC4 248-108672 pelo objeto. Este fenômeno ocorreu em 03-06-2013 UT, sendo sua observação possível apenas em uma estreita faixa no sul da América do Sul. As observações envolveram observatórios profissionais e amadores no Brasil, Chile, Uruguai e Argentina. Este resultado somente foi possível por dois fatores: i) observações astrométricas prévias do objeto, que refinaram sua órbita, tornando possível a previsão da ocultação e ii) colaboração entre astrônomos profissionais e amadores, algo infelizmente raro em nosso pais, por preconceito de alguns de nossos profissionais e/ou pela falta de instrumentação adequada entre os amadores. 
Parabéns ao grupo pela grande descoberta. Considero lastimável que a TV brasileira não tenha divulgado este resultado no dia de hoje. 
Abaixo um vídeo do ESOCast sobre a descoberta, apresentado pelo Dr. J com seu peculiar inglês.




domingo, 5 de janeiro de 2014

Pequeno Asteróide colide com a Terra em 2014

Um objeto de 2 a 3m de diâmetro colidiu com a Terra 19 horas após sua descoberta nos primeiros instantes de 2014. O asteróide 2014 AA foi detectado pelo Catalina Sky Survey quando apresentava magnitude aparente 19. O objeto provavelmente explodiu na atmosfera a 3000 km oeste de Caracas (Venezuela), sobre o Oceano Atlântico.



Sequência com quatro imagens mostrado o meteoróide 2014 AA.
O intervalo entre as exposições é aproximadamente de nove minutos.
Fonte:Catalina Sky Survey/Wikipedia



Posição do ponto de impacto baseado na triangulação de sinais infrassônicos captados por observatórios terrestres. Uma das estações esta localizada no Brasil, e pertence a Universidade de Brasília (IS04). Fonte: Wikipedia

quinta-feira, 30 de maio de 2013

1998 QE2 é um asteroide binário

Imagens radar obtidas pelo Observatório Goldstone, em 29-05-2013 UT, revelaram que 1998 QE2 possui um satélite. O asteroide primário e o satélite possuem diâmetros estimados, respectivamente, em 2.7km e 0.6km. Uma animação do movimento do asteroide no céu pode ser encontrada em outra postagem deste blog.



1998 QE2 - Movimento Orbital

Animação constituída de imagens CCD RGB do near-Earth object 1998 QE2, de 12s de exposição, obtidas com o telescópio "dome 2" do observatório Slooh das Ilhas Canárias (Espanha). A sequência foi obtida entre 23:38-40 de 30-05-2013 UT. A magnitude estimada do objeto era da ordem de 11.



Os índices de cor BVR deste objeto determinados a partir desta sequência foram publicados recentemente, motivando uma inusitada crítica por parte de um astrônomo italiano.

segunda-feira, 18 de março de 2013

Imagens Radar de 2013 ET

Sequência de 18 imagens radar do asteróide 2013 ET obtidas em 10-03-2013 UT, durante cerca de 1,3h,    na Estação Goldstone (Califórnia, EUA). O objeto estava a 1,1 milhões de quilômetros da Terra. Baseado nos dados coletados, 2013 ET possui 40m de diâmetro.

Imagens radar de 2013 ET. Fonte: NASA/JPL-Caltech/GSSR

segunda-feira, 11 de março de 2013

Observações Radar de 2012 DA14

Vídeo composto de 73 imagens radar do asteróide 2012 DA14 obtidas na Estação Goldstone (Califórnia, EUA) entre 15 e 16-02-2013. A distância do objeto à Terra variou de 120.000 a 314.000km durante o período observacional.


quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

2012 DA14 - O asteróide será visível do Brasil?

Nesta postagem, reproduzo um diagrama e parte do conteúdo do excelente artigo "Close Approach of 2012 DA14" do blog "Remanzacco Observatory - Comets & Neo". Dada a inclinação de sua órbita em relação a eclíptica e brevidade do encontro, o asteroide 2012 DA14 não será visível do Brasil em nenhum instante da fase de máxima aproximação com a Terra. Mesmo que houvesse esta possibilidade, o objeto terá magnitude aparente (brilho) máxima próxima de sete. Esta magnitude está além da sensibilidade do olho humano em um céu sem poluição luminosa ou atmosférica. Nas regiões da Terra, nas quais o asteroide estará acima do horizonte, sua observação será possível usando binóculos. A velocidade angular máxima no céu será de 2800"/min. Esta taxa implica que o objeto cruzará um ângulo igual ao diâmetro angular da Lua em 39 s. Este tempo é muito curto. Para comparação, Plutão se deslocaria em um ângulo equivalente em 7,4 h.

Visibilidade de 2014 DA14. A variação da cor indica a altura
do objeto em relação ao horizonte. UT é o "Tempo Universal".  zero graus de
 altura = no horizonte e 90 graus = zênite, sobre a cabeça do observador.
Animação criada por Geert Barentsen.


quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Asteróide, Meteoro e Meteorito

Nas últimas 24h, muitos leitores acessaram este blog usando palavras-chave "meteoro+2013" ou "meteorito+2013". Acredito que estas pessoas estavam procurando informações sobre o asteróide 2012 DA14. Este asteróide terá um encontro próximo com a Terra em pouco mais de nove dias. Não há risco de colisão deste objeto com nosso planeta. 
Em função da evidente confusão, apresento as definições de asteróide, meteoro e meteorito. As fontes desses termos provém de glossários  confeccionados por instituições de pesquisa astronômica no Brasil:

1) Asteróide

"Pequeno corpo rochoso pertencente ao sistema solar. A maior parte dos asteróides esta concentrada entre as órbitas de Marte e Júpiter, formando o cinturão de asteróides. O maior asteróide conhecido é Ceres, com diâmetro de aproximadamente 1000 km. Os menores tem tamanhos de partículas de poeira."

Fonte: "Glossário - Astronews" - Departamento de Astronomia do IF-UFRGS

NEO 2008 EV5 (seta). Quando observados com telescópios na Terra, objetos com dimensões sub-quilométricas como 2008 EV5 tem aspecto estelar. Registro acima é o resultante da soma de nove imagens CCD obtidas em Salvador (Bahia, Brasil)  em 02-01-2009 UT. O movimento próprio do asteróide foi anulado através do uso do software IRIS. Isto justifica o aspecto "trilhado" das estrelas de campo.

Imagens radar de 2008 EV5 obtidas numa
 época próxima daquela de minhas observações.


2) Meteoro ou "Estrela Cadente"

"São apenas rastros luminosos e efêmeros causados pela passagem de fragmentos de matéria sólida oriunda do nosso próprio sistema solar, durante a sua queda através da nossa atmosfera. Essas partículas ionizam o ar à sua volta, que se recombina imediatamente após sua passagem, emitindo luz."

Fonte:"Glossário" - LNA

Meteoro RBDM35 - Soma de 21 frames de 0,033s

3) Meteorito

"Meteoritos são fragmentos de corpos extraterrestres que sobrevivem a passagem atmosférica como grandes meteoros (bólidos) atingindo o solo. Podem ser vistos cair ou encontrados no solo."

Fonte: "Meteoritos - Sua fonte de informação sobre meteorítica" - Site da Dra Maria Elizabeth Zucolotto do Museu Nacional da UFRJ.

Imagem de um fragmento do meteorito "Avanhandava" em exposição
no Museu Geológico da Bahia. Registro obtido em 03-11-2012. Outro
fragmento deste meteorito esta exposto no Museu Nacional do Rio de
Janeiro.


terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Vídeo sobre o encontro do asteróide 2012 DA14 com a Terra

Excelente vídeo da agência espacial estadunidense NASA sobre o encontro do NEO 2012 DA14, com nosso planeta, em 15/16-02-2013 UT.  Não há risco de colisão deste objeto com a Terra.


sábado, 15 de dezembro de 2012

Toutatis registrado pela sonda Cheng`e-2

Imagens do asteróide Toutatis obtidas pela sonda chinesa Cheng`e-2. Nas imagens apresentadas a sonda esteve entre 93 e 240km do asteróide.  O encontro mais próximo da sonda ocorreu em 08:30 de 13-12-2012  UT. O veículo esteve a apenas 3,2km de altitude do objeto. Compare a forma do objeto com a equivalente obtida com dados radar. A rentabilidade da técnica de reconstrução é inegável. 




domingo, 9 de dezembro de 2012

(4179) Toutatis novamente nas cercanias da Terra

Imagem CCD LRGB do PHA (4179) Toutatis obtida através do telescópio "Dome 2" do Observatório Slooh. Este asteroide terá uma passagem próxima à Terra em 12-12-2012 UT. A última ocasião foi em 2004. No presente encontro, o objeto estará a 6,9 milhões de quilômetros do nosso planeta ou 18 vezes a distância Terra-Lua. O objeto será observado via radar e in situ pela sonda chinesa Chang`e-2. Uma colisão de Toutatis com a Terra não é provável. Como o objeto que cruza as órbitas dos planetas interiores, há a possibilidade que Toutatis obtenha energia suficiente para atingir a velocidade de escape do Sistema Solar. Este objeto possui formato irregular e um estado de rotação complexo do tipo "tumbling". O objeto roda simultaneamente ao redor de dois eixos dando literalmente "cambalhotas no céu". Toutatis foi o primeiro asteroide em que este estado rotacional foi seguramente reconhecido. Às 22:17h de 12-12-2012 (Hora de Brasília), o objeto estará na constelação do Peixes, com magnitude em torno de 11. Esta magnitude implica que Toutatis não é visível a olho nu. O asteroide poderá ser observado com pequenos telescópios de abertura da ordem de 6 cm, percorrendo o diâmetro angular da Lua no céu em 1,5 horas.

Imagem LRGB do objeto. Os pontos coloridos, antes do "traço" associado ao movimento de Toutatis, são as imagens do objeto obtidas nos filtros  "B',"G" e "R". Nota-se um espaçamento entre as imagens nestes filtros. Isto é causado pelo tempo necessário para a troca de filtros e pelo movimento orbital do asteróide. Este efeito não é observado no "traço" (seta). Este traço é o resultado da soma de duas imagens consecutivas obtidas através do filtro "L".

Modelo de Toutatis em rotação. A forma do asteróide foi
obtida a partir de observações radar.

O colonialismo cultural na ciência

  Essa postagem parece um discurso de quem que se recusa a se adaptar ao status  quo do mundo. Não concordo com muita coisa por ai, mas não...