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domingo, 5 de fevereiro de 2023

O cometa 96P/Machholz e sua composição química: dá para acreditar em tudo que se lê na internet?


Diversos canais de divulgação científica na internet aventaram duas hipóteses para explicar porque o cometa Machholz 1 tem abundâncias de cianogênio e carbono abaixo do encontrado numa amostra homogênea, criada e atualizada há décadas por pesquisadores do Lowell Observatory (EUA). A primeira é que o cometa se formou em uma região diferente do sistema solar daquela onde a maioria dos cometas da amostra surgiram. A primeira hipótese tem que ser avaliada com cuidado porque sempre há a possibilidade de ocorrer um viés observacional em nossa amostra. Este viés pode estar associado à escolha do objeto: astrônomos tendem a observar objetos mais brilhantes, porque isso melhora a qualidade do registro. A hipótese alternativa é que o cometa Machholz 1 tenha vindo de fora do sistema solar. A segunda hipótese é bem sedutora, mas é uma grande especulação, pois e que é muito difícil inferir a origem interestelar de um cometa periódico, como o Machholz 1, pela sua órbita atual. Além disso, sistemas exoplanetários são muito provavelmente formados da mesma maneira que o nosso, com as mesmas substâncias, talvez em abundâncias ligeiramente diferentes, mas nada que resulte em situações extremas como a hipótese que sugere que planetas gigantes tenham a tendência a se formar ao redor de estrelas mais metálicas que o Sol.

Devemos tomar cuidado com o que lemos na internet, pois jornalista não é cientista, e nem tem a obrigação de ser, e astrônomos às vezes são mal interpretados.


Periélio do cometa Machholz 1 registrado através da câmera C3
do satélite SOHO da NASA/ESA.

sábado, 17 de dezembro de 2022

O colonialismo cultural na ciência

 


Essa postagem parece um discurso de quem que se recusa a se adaptar ao status quo do mundo. Não concordo com muita coisa por ai, mas não sou um revolucionário. Todavia, eu estou escrevendo este depoimento como uma forma de catarse, e também porque acho importante deixar isso registrado para gerações futuras de cientistas brasileiros. No dia 15-12-2022, eu mandei um short communication para o "The Astronomer's Telegram" (Atel). Eu analisei dados de dois near-Earth asteroids que eu havia observado em 2013 e 2014. Dados destes objetos já haviam sido publicados no Atel. Portanto, considerei razoável divulgar meus resultados neste canal, apesar do tempo decorrido. No dia seguinte fiquei abismado em receber um e-mail de um pesquisador do INAF/IAPS, em Roma (Itália). O pesquisador reportou que havia ficado surpreso de ter visto um telegrama apresentando observações feitas há quase 10 anos, que o Atel foi concebido para divulgar observações novas ou eventos transientes ou requisições de acompanhamento destes corpos e, pasmem, não efetuar confirmações de observações já divulgadas naquele canal. O pesquisador mandou uma cópia de seu e-mail para o editor do Atel. Respondi ao pesquisador romano dizendo que dados não processados e publicados não contribuem para a ciência, e confirmação faz parte da praxe científica. 

Uma rápida busca no Google apresentou o pesquisador romano como um senhor de idade, o que presumo estar associado à sabedoria e bom senso, e que trabalha há décadas com astrofísica de estrelas variáveis e de altas energias. O pesquisador começou a publicar quando eu nasci, em 1973!

Ciência sem confirmação não é ciência. A futuristica sede do INAF/IAPS fica a poucas dezenas de quilômetros do Colégio Romano. Quatrocentos anos antes do e-mail do pesquisador romano, as luas de Júpiter foram observadas por padres/professores desta instituição, confirmando a descoberta de Galileo.

Por que o pesquisador romano esquece do básico do método científico? Uma hipótese está associada ao colonialismo cultural. A Europa brutalmente invadiu e colonizou as Américas, África e Asia. Eu  nasci, resido e orgulhosamente constitui família e carreira científica no Brasil, uma ex-colônia portuguesa. A dominação colonial implica em impor aos colonizados uma pretensa superioridade moral e intelectual dos colonizadores. Suponho que o pesquisador romano tenha se autoinvestido desta autoridade para julgar o que pode ou não ser publicado num canal que não criou ou tem ligação formal. Paradoxalmente o pesquisador está ligado a um grupo da IAU de preservação de dados astronômicos históricos. 

Posso concluir que com quase 50 anos de idade e com um pós-doutorado, sofri bullying de um senhor com mais de 70 anos, residente no outro lado do Atlântico, o qual nunca ouvi falar, não tenho qualquer vínculo, e que sequer trabalha na minha área de pesquisa.

Ele mandaria um e-mail dessa natureza para um pesquisador que não fosse do sul global?  Ele abreviaria doutor com "d" minúsculo? Será que ele sabe que tenho um artigo publicado na revista da  Accademia Nazionale delle Scienze detta dei XL?

Mandei a resposta ao pesquisador há mais de 24 h. Não recebi mais nada dele. O editor também não me contactou. Não perdi minhas credenciais para postar no Atel. O mais interessante é que não postava nada deste 2015

Meu conselho? Não abaixe a cabeça para  pesquisadores estrangeiros por maior que seja seu renome na comunidade. Ser formado em universidades europeias ou dos EUA não implica automaticamente em ser um pesquisador excepcional e competente. Opine e critique. Suas ideias podem ser melhores que as desses pesquisadores. Muitos são extremamente conservadores, monolíticos, e permanecem na mesma linha de pesquisa do doutorado por toda a carreira, fazendo o conhecido "feijão-com-arroz". Em geral, tem um número muito grande de publicações em revistas de impacto porque trabalham em grupos. Já encontrei pesquisadores com milhares de citações no Google que não são o primeiro autor em artigos há anos. Ah! Eles também erram. Neste mesmo 2022, o pesquisador romano confundiu um pixel quente numa imagem CCD com um outburst em quasar.

Já me deparei com pareceristas de artigos sobre meteoros que claramente não dominavam conceitos básicos de estatística e probabilidade, que ensino para alunos do primeiro semestre da UFRB, e que diziam que eu não os estava utilizando corretamente. Neste pareceres configuraram expressões populares ou sarcásticas como "laranjas e maçãs" ou "santo graal", que o editor da revista irresponsavelmente deixou  passar.

Não foi a primeira vez que tive problemas na interação com pesquisadores italianos. Poderei falar sobre isso em uma futura postagem se achar pertinente.

Considerei esta situação tão vexatória que resolvi ocultar o nome do autor do e-mail e denominá-lo de "pesquisador" ou "pesquisador romano" ao longo de todo o texto. Aprendi com minha família a ter respeito a pessoas mais velhas e como cientista a admirar a carreira de terceiros. 

Abaixo reproduzo a sequência de e-mails:

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Dear dr. Betzler, I was rather surprised to see in your ATel #15812 the

report of observations made nearly ten years ago! I was convinced that

ATels are supposed to be used to communicate new or very recent

observations to help follow-up by other observers, not to confirm old

observations already published on ATel at due time.

Sincerely yours

xxxxxx

-- 

Associated Researcher at INAF/IAPS-Roma, Italy


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Dear Dr. xxxx,


Thank you for your email and your observations. However, I must remind you that there are thousands of gigabytes of data on our personal hard drives and in the observatories' public storage. If these data are not processed and published, they do not contribute to the development of science, and confirmation is an important part of that.


Sincerely


Alberto S. Betzler

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sexta-feira, 4 de novembro de 2022

Um belo gráfico

Gráfico mostrando a evolução da apuração da votação para presidente do Brasil em 30-10-2022, uma das noites mais felizes e emocionantes de minha vida. Os dados foram obtidos em tempo real do TSE



domingo, 28 de novembro de 2021

Imagens urbanas curiosas

 Algumas fotos obtidas com câmeras de telefones celulares nas ruas de Salvador e interior da Bahia.

Amargosa - 2016: "Um Gol dentro do gol".



Rua São José de Cima - 20-08-2019

Rua Professor Viegas - 26-10-2019

Rua Professor Alfredo Rocha - 01-11-2019

Rua dos Perdões - 04-11-2019

Avenida Jequitáia - 25-11-2019


quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

O Astrônomo Leu "O Primeiro Homem: A vida de Neil Armstrong"

 Eu não escrevo há alguns anos uma pequena resenha relativa a um livro que terminei de ler. O que me motivou a ler o livro "O Primeiro Homem: A vida de Neil Armstrong" (editora Intrínseca, 2018) foi ter assistido o excelente filme "O Primeiro Homem". O livro foi escrito por James R. Hansen, professor de história da Universidade de Auburn (Alabama, EUA). O trabalho é a biografia oficial do primeiro homem a pisar na Lua, Neil Alden Armstrong, e é baseado em entrevistas do autor com o astronauta, pessoas próximas ligadas ao programa espacial e documentação audiovisual. O que claramente percebi é que, muito provavelmente, Hansen se tornou um admirador do objeto de seu trabalho. Aparentemente, o autor perdeu a isenção necessária para escrever uma obra desta natureza. O autor faz longos e desnecessários comentários sobre situações particulares da vida de Armstrong que são quase fofocas em minha opinião. Alguns exemplos são a descrição sobre a pressão que Buzz Aldrin e seu pai teriam feito para que Buzz fosse o "primeiro homem"; que Janet, a primeira esposa de Neil, pediu o divorcio por "ainda não o compreender"; as características quase divinas de Neil descritas por um repórter numa coletiva de imprensa antes da missão Apollo 11, ou que Donald Slayton, chefe de operações de voo e do departamento de astronautas, não achou de bom tom o excessivo número de fotografias de Buzz obtidas na superfície lunar. Com esta ressalva em mente, fica complicado considerar fidedigna a personalidade de Neil Armstrong traçada pelo autor. De qualquer modo, a leitura me capacitou a concluir que Armstrong era extremamente focado no trabalho, sério, responsável, e uma pessoa de poucas e precisas palavras. Neil era um excelente piloto naval, com grande experiência em atividades embarcadas e na condução de veículos experimentais, como o X-15. Talvez estas características tenham sido decisivas para sua escolha como comandante da missão. O sangue frio de Armstrong o ajudaram a orientar Buzz na decisão de ignorar o piloto automático do módulo lunar, evitando o pouso em uma área pedregosa do Mar da Tranquilidade. Também fica claro que a missão foi bem sucedida por combinar uma tripulação extremamente bem treinada combinada com o limite máximo da tecnologia disponível na segunda metade da década de 1960.
Leitura altamente recomendada para quem quer entender melhor a história inicial do programa espacial dos Estados Unidos.

Capa do livro.

Pouso lunar segundo o filme "O Primeiro Homem"

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Documento Especial - Ufologia

O "Documento Especial" foi um programa jornalístico muito popular nas décadas de 1980 e  1990.  O estilo do programa é o chamado "jornalismo verdade". Nelson Hoineff, o criador do programa, faleceu nesta semana. Como uma homenagem, disponibilizo o episódio sobre ufologia.  O rigor  jornalístico,  multiplicidade de tópicos e até a trilha sonora são de inegável qualidade a despeito deste programa tratar de ufologia, que  não é considerada uma ciência de facto



sábado, 3 de agosto de 2019

"Planform view" de Aeronaves

Fotos de alguns aviões em aproximação final do aeroporto de Salvador (Bahia).

P-3AM - Força  Aérea Brasileira -03-08-2019 UT.

EMB-190/195 - Azul Linhas Aéreas Brasileiras- 13-07-2019 UT

segunda-feira, 22 de julho de 2019

Chandrayaan-2

A sonda lunar Chandrayaan-2 foi lançada em 22-07-2019 UT do centro espacial Satish no sul da India. A nave possui três componentes: um "orbiter", "lander" e um "rover". o objetivo da missão era investigar a presença de água próximo ao polo sul da Lua, que foi detectada pela Chandrayaan-1 em 2008.
Uma pergunta óbvia é: por que a India conseguiu feitos desta magnitude e nós não? A India e Brasil possuíram programas espaciais em graus equivalentes de desenvolvimento no início dos anos 1980.  Justificativas simplistas para o hiato atual podem estar associadas a  aplicabilidade de um programa de foguetes por parte da Índia: 

1) Necessidades militares: Índia e Paquistão estão em estado permanente de beligerância desde 1947.  Ambos países possuem armas nucleares e foguetes são eficientes para entrega destas armas. 

 2) "Soft power":  as conquistas do programa espacial demostram ao mundo a independência cientifica e tecnológica do pais, reforçando a autoestima nacional. 

Abaixo publico um vídeo do lançamento da sonda Chandrayaan-2. 

Poderiamos ter lançado nosso primeiro satélite utilizando meios próprios na década de 1990. Com um financiamento constante, poderiamos ter dezenas de satélites em órbita e, provavelmente, estariamos lançado sondas espaciais para a Lua ou Marte nos dias de hoje.

Espero ainda ver nosso pais integrando o seleto grupo da nações que explora a "fronteira final", algo que certamente ajudaraia a superar o complexo crônico de vira-lata,  que infelizmente domina o imaginário de boa parte dos brasilieros. 

quarta-feira, 13 de junho de 2018

A ciência que eu faço - Jair Barroso Junior

Sexta parte do excelente depoimento do ex-astrônomo do Observatório Nacional (ON) Jair Barroso Junior. Sr. Barroso é bacharel em física pela Universidade do Estado da Guanabara (1959) e foi um dos primeiros mestres em astronomia formados no Brasil. Seu mestrado foi concluído no Instituto de Tecnologia da Aeronáutica (ITA), em 1971. Sua dissertação trata do estudo estudo de sistemas estelares binários cerrados. Os dados observacionais deste estudo foram obtidos através de um telescópio refletor Cassegrain-Newtoniano de 0,5-m de abertura, construído no próprio ITA.

Ele utilizou um "fotômetro de cunha", acoplado a luneta de 32-cm do ON, para determinar o periodo  de oscilação de brilho da estrela variável CY Aquarii, em 1969. 

Este depoimento é uma lição de vida para uma parcela não irrelevante de jovens cientistas e professores de instituições públicas brasileiras, que infelizmente estão mais preocupados com suas agendas pessoais.


sexta-feira, 1 de junho de 2018

Intervenção Extraterrestre Já!

Seleção de trailers de filmes e séries de Hollywood que tratam do contato de criaturas e civilizações extraterrestres com a humanidade. O tipo de contato foi dividido em "benignos", "malignos" ou "Ah! Ah! Enganei vocês!", quando as intenções benignas eram apenas um embuste para um plano de dominação do planeta Terra.
Muitos desejam que tenhamos já um contato com uma civilização extraterrestre tecnologicamente avançada.  O argumento usado é que isto poderia nos fazer evoluir mais rapidamente, fazendo com esqueçamos nossas "pequenezas". Entretanto, neste momento de nossa história, isto seria realmente benéfico para nossa espécie?  O passado nos mostra que uma solução miraculosa, proposta ou desejada por um determinado grupo, pode não ser a melhor para toda a coletividade.


"Benignos"

2001: A Space Odyssey (1968)**

Contatos Imediatos de Terceiro Grau (1977)*



A Chegada (2016)


"Malignos" 

Alien (1979)

Independence Day (1996)


Ah! Ah! Enganei vocês! :)

V (1983-1985)

Earth: Final Conflict (1997-2002)


Sequestrar pessoas e as libertar 20 ou 30 anos depois, sabe-se lá para que, pois o filme não explica a motivação, não é uma coisa boa na Terra ou mesmo na estranha exolua de Pandora.

** Lendo "2010" e "3001", eu percebi que os ETs que construíram os monólitos eram um tanto radicais no seu objetivo de semear "vida inteligente" pela galáxia. Neste caso, a série "2001" poderia estar na categoria "Ah! Ah! Enganei vocês! :)".

quinta-feira, 24 de maio de 2018

Navio dos Tolos

A gravura abaixo ilustra de forma bem exata a situação atual de nosso pais.  

Ilustração do artista Albrecht Dürer em
Stultifera navis ("Navio dos Tolos")
de Sebastian Brant, publicado por Johann
 Bergmann von Olpe (de), na Basiléia, em 1498.

Algo óbvio que aprendi na vida é que a maioria das situações que vivemos é resultado de nossos atos pregressos. Indo para a política, podemos fazer uma extrapolação e concluir o mesmo: um governo antipovo é o resultado de escolhas impensadas da maioria da população. Não devemos simplesmente votar por obrigação. Devemos escolher nossos representantes de forma consciente, lembrando sempre que não devemos eleger alguém sem compromisso prévio com a população. Nossos representantes devem trabalhar para o bem-estar da maioria da população, e qualquer pensamento diferente disso é tolo perto desta condição que justifica a existência de um governo constituído.  

Baseado no binômio responsabilidade-culpa do início deste texto, sugiro uma pequena autorreflexão: será que o caro leitor não é tão cretino como este ou aquele membro de um dos poderes da república que você tanto critica e, igualmente, abusa de suas  efêmeras atribuições por motivações pessoais ? Pense nisso.

quinta-feira, 19 de abril de 2018

Artigo sobre William Herschel

Um dos artigos que tive mais orgulho de escrever foi sobre o trabalho científico de Sir William Herschel, em minha opinião, um dos maiores astrônomos de todos os tempos.  O artigo foi originalmente publicado na extinta revista Macrocosmo.com #41 e pode ser baixado neste "link".


sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Powerpoint do Cometa Halley

Adjetivos usados para descrever o cometa 1P/Halley em artigos publicados em 1910, no Jornal do Brasil do Rio de Janeiro.




Eu afirmo que o cometa Halley é o fomentador do interesse da humanidade no  estudo destes objetos. Posso chegar a essa conclusão me baseando na grande dimensão de seu núcleo e sua pequena distância à Terra, que ocasionam seu grande brilho no céu.

Usei o evidências empíricas para chegar a esta conclusão, não convicções.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Teen Titans Explicam Como Dominar o Mundo (sem dar um tiro!)

Interessante episódio da série animada Teen Titans GO! sugerindo como  pessoas ou grupos econômicos, através de relações obscuras com políticos e grupos de comunicação,  podem agir para atingir seus objetivos. Teoria conspiratória? Cabe a você, leitor, avaliar se isto ocorre no Brasil ou até em potências, como os EUA.


domingo, 17 de dezembro de 2017

Uma Notícia de Jornal

A nota abaixo foi publicada no jornal "A Notícia" de Salvador (BA), em 15 de maio de 1915:


Acredito que muitos dos cidadãos da cidade de Monte Alto (BA) faleceram sem saber o cometa que observaram. Com a ajuda da internet, foi possível conjecturar que o objeto era muito provavelmente o cometa C/1915 C1, descoberto pelo astrônomo amador e construtor de telescópios estadunidense  John E. Mellish.

É interessante notar a comparação morfológica com o 1P/Halley feita por estes observadores, cujo esplendor de maio de 1910 devia estar vivo na memória de todos. A associação ao cometa Biela feita pelo autor da nota é compreensível. O cometa Biela não foi tão brilhante quanto ao Halley ou Mellish, mas foi o primeiro que apresentou um impressionante processo de fragmentação do núcleo em 1845, que foi extensivamente estudado por diversos observadores espalhados pelo mundo.  O cometa Mellish apresentou um processo similar quando se aproximava do Sol.

domingo, 3 de dezembro de 2017

Big, Bigger, Biggest - Telescópio

Interessante programa da série britânica "Big, Bigger, Biggest" do National Geographic Channel sobre telescópios. Este episódio mostra seis avanços tecnológicos que possibilitaram a construção de telescópios de última geração, como o Large Binocular Telescope (LBT). Considerei o capítulo bem didático por mostrar a interação da luz com as superfícies óticas e o meio ambiente através de experimentos. Outro ponto alto do programa são as curiosidades sobre a construção de alguns telescópios,  como as modificações feitas no vagão de ferrovia que transportou o espelho do telescópio Hale de Nova York até a Califórnia, e sua inusitada caixa blindada contra ataques de fundamentalistas religiosos.  
Só não concordei com a contribuição que foi vinculada ao telescópio soviético BTA-6. No programa, esta contribuição foi limitada ao sistema de equalização da temperatura da cúpula. O que foi esquecido é que o BTA foi o primeiro telescópio altazimutal de grande porte com apontamento computadorizado. O LBT beneficiou-se deste desenvolvimento tecnológico. 



Card de Abertura. Fonte: Wikipedia.

sábado, 26 de julho de 2014

Ronaldo Rogério de Freitas Mourão (1935-2014)

Manifesto meu pesar pela morte do astrônomo Ronaldo Rogério de Freitas Mourão (1935-2014). Mourão foi um divulgador científico muito importante para gerações de entusiastas da astronomia como eu. Devo muito a ele. Minha primeira observação do céu com  um  telescópio foi  realizada no Museu de Astronomia (MAST). A visão do planeta Vênus através da luneta 21cm do MAST nunca mais saiu de minha mente. Neste mesmo estabelecimento, montei meu primeiro telescópio. O MAST foi fundado por Mourão com o objetivo de preservar a memória da astronomia e ciências afins desenvolvidas pelo Observatório Nacional.


segunda-feira, 23 de junho de 2014

O astrônomo leu "No Reino dos Astrônomos Cegos"

Há duas semanas, terminei de ler o livro "No Reino dos Astrônomos Cegos" de Ulisses Capozzoli (Ed. Record, 2005). Considerei um excelente livro destacando alguns aspectos que me chamaram a atenção: i) Nos capítulos 1 ao 9, o autor faz uma excelente apresentação da história da radioastronomia, abordando a correlação da evolução instrumental e conceitual que permitiu caracterizar as fontes detectadas no céu. Para tal, o autor apresenta esta evolução associada essencialmente às pesquisas realizadas no Reino Unido (e Austrália) e EUA. Não estou questionando a escolha desta linha do tempo. Esta sequência é a mais fartamente documentada, e é inegável que pesquisadores destes países tiveram um papel decisivo na evolução da radioastronomia. Suas descobertas mudaram nossa visão do cosmos. Entretanto, esperava encontrar alguns trechos sobre a história da radioastronomia na URSS e no Japão. O desenvolvimento desta ciência nestes dois países é pouco conhecido até por profissionais da área. Sobre a URSS, se encontram apenas algumas poucas passagens. Uma contribuição é a menção a um satélite científico soviético, que foi lançado para estudar a anisotropia na radiação de fundo cósmico alguns anos antes do COBE. A URSS não teria um programa espacial tão significativo sem uma rede de radiotelescópios para comunicação interplanetária. Estes instrumentos eram de uso dual. Em relação ao Japão, só comenta que um survey da Via Láctea, na banda do gás monóxido de carbono, frustrou um projeto equivalente que seria realizado por pesquisadores do IAG. ii) O autor se esforça para explicar conceitos físicos que não são triviais, como a emissão de 21 cm do hidrogênio. Não há erros, mas percebi que o Sr. Capazzoli se deteve muito, talvez de forma desnecessária, na descrição da geração desta radiação (seis páginas usando enfoques ligeiramente diferentes). iii) Uma brilhante descrição da evolução da radioastronomia brasileira é feita nos capítulos 10 ao 16. 
Como bom contador de histórias, o autor descreve de maneira fluida e atraente como a radioastronomia brasileira nasceu a partir de um grupo de entusiastas, no final do anos da década de 1950, atingindo seu ápice cerca de 10-15 anos depois. Esta descrição é feita a partir de entrevistas com os protagonistas, o que pode representar uma visão mais fidedigna dos fatos.
O livro se encerra de maneira igualmente interessante sugerindo as origens dos altos e baixos da radioastronomia em nosso país.
Recomendo a leitura para quem quer entender a razão de ser tão difícil fazer ciência de qualidade e competitiva no Brasil.

Capa do livro - Galáxia NGC-5128, uma excepcional
radiofonte do hemisfério sul celeste.


domingo, 8 de junho de 2014

Aquecedores Solares em Amargosa

Imagem obtida em 07-06-2014 mostrando um conjunto de casas populares no bairro Katyara, em Amargosa (Bahia). Este conjunto foi construído no contexto do programa "Minha Casa, Minha Vida" do governo federal. O interessante desta imagem é a utilização de aquecedores solares nas casas. Os dispositivos destinam-se a aproveitar a energia solar para aquecer a água para o banho e, possivelmente, para o preparo de alimentos. Esta iniciativa colabora com a redução de consumo de energia elétrica e gás e, em uma escala menor, na diminuição da emissão de "gases do efeito estufa".




O colonialismo cultural na ciência

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