O cometa Halley teve um encontro espetacular com a Terra em 1910. Naquele ano, apresentou grande brilho, com magnitude visual aparente entre 0 e 1, e uma cauda com comprimento estimado em cerca de 70 graus. Essas características geraram enorme expectativa em relação ao seu retorno ao Sistema Solar interior em 1986. No entanto, a observação do cometa nesse retorno foi decepcionante. Em abril de 1986, dois meses após o periélio, o Halley apresentou magnitude visual próxima de 2 e um comprimento máximo de cauda entre 10 e 20 graus.
Quais são as possíveis causas dessa grande variação na aparência morfológica entre duas passagens consecutivas? Podemos considerar fatores sociais e geométricos:
i) Em 1910, a maior parte da população mundial vivia em áreas rurais, onde a poluição luminosa era mínima ou inexistente. Isso favorecia a observação de estruturas tênues na coma e na cauda do cometa, que seriam facilmente ofuscadas em céus urbanos.
ii) A geometria Terra–Sol–cometa não foi favorável em 1986. Como mostra a Fig. 1, o Halley estava a cerca de 60 milhões de quilômetros da Terra em sua máxima aproximação, muito mais distante do que os 22 milhões de quilômetros registrados em maio de 1910. Isso implicou uma diminuição de seu brilho aparente, de acordo com a lei do inverso do quadrado da distância. A geometria orbital também dificultou a observação ampla do cometa. Em 1910, no auge do brilho, ele era visível ao entardecer. Em 1986, ao contrário, só podia ser observado na segunda metade da noite e durante a madrugada, o que naturalmente reduziu o número de observadores ocasionais.
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Fig.1 - Cometa Halley no instante de sua máxima aproximação da Terra em 11 de abril de 1986. |
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