Em 2010, no final do segundo governo Lula, o Brasil firmou um acordo com o ESO (Observatório Europeu do Sul). O Brasil passou a ser o décimo quinto associado deste grupo de países que mantém uma série de observatórios astronômicos no Chile. Nosso país é o primeiro membro não europeu. A cota brasileira é de cerca de duzentos e cinquenta milhões de euros, a ser paga em 10 anos. A primeira parcela deveria ter sido paga no início deste ano, mas isso não ocorreu. O que o Brasil perde com essa falha? Credibilidade internacional. Recentemente, é a segunda vez que o país entra em um consórcio internacional em ciência e tecnologia e não cumpre sua parte. A primeira vez ocorreu na década de 1990, quando o governo FHC assinou um acordo com o grupo responsável pela construção da ISS (Estação Espacial Internacional). O Brasil deveria contribuir com cem milhões de dólares e fornecer componentes para a estação. Foram disponibilizados apenas 10% do combinado, e as peças nunca foram entregues. O Brasil foi excluído do projeto.
O que o país perde com a nossa não adesão ao ESO?
Possibilidade de ter acesso a telescópios de grande porte e periféricos de última geração: Esta característica é fundamental para a obtenção de dados de qualidade, que são essenciais para a formulação de modelos que descrevam a física dos objetos estudados.
Possibilidade de capacitar nosso parque industrial em mecânica e eletrônica de alta precisão: O Brasil não só utilizaria os instrumentos do ESO, mas também contribuiria com a construção de periféricos e das estruturas mecânicas dos telescópios. Isso já ocorre nos projetos dos observatórios Gemini e SOAR, onde o Brasil forneceu espectrógrafos para o telescópio SOAR e a sua cúpula.
Participação de nossas empresas nas licitações do ESO: Empresas dos países-membros participam de licitações para todo tipo de serviço ou produto utilizado pelo ESO. Isso pode resultar em transferência de divisas para nosso país.
Por que o MCT (Ministério da Ciência e Tecnologia) não cumpriu sua parte? A versão oficial está associada ao contingenciamento de recursos em 2011 devido à crise internacional. De fato, o MCT perdeu cerca de 20% de seus recursos no ano passado.
Espero sinceramente que o Brasil entre para esta organização. A Astronomia brasileira não pode ficar estagnada. Estávamos estagnados antes da entrada do país nos projetos Gemini e SOAR na década de 1990. Não podemos correr esse risco novamente. É um caminho sem volta.
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