terça-feira, 31 de janeiro de 2012
Cristo Redentor visto através do buscador do meu telescópio
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
Giotto e o 1P/Halley
Vídeo da ESA comemorando os 20 anos do encontro entre a nave Giotto e o cometa Halley. Essa nave se aproximou a cerca de 600 km do núcleo do cometa em 14 de março de 1986 (UT). Embora a Giotto possuísse um "escudo Whipple", ela sofreu dois severos impactos de grãos de poeira em hipervelocidade. O primeiro impacto fez com que a nave perdesse sua orientação espacial por mais de meia hora. O segundo impacto destruiu sua câmera CCD, impedindo-a de obter novas imagens. Felizmente, isso ocorreu após o encontro com o cometa. Em 1992, após manobras orbitais complexas, a Giotto encontrou o cometa Grigg-Skjellerup, com uma distância mínima de 200 km. Durante esse encontro, a nave realizou diversas medições do ambiente cometário, incluindo a contagem de grãos de poeira e a análise do campo magnético, entre outras.
Comparadas com as imagens de núcleos cometários obtidas atualmente, as imagens da Giotto podem parecer inferiores em qualidade, mas foram extremamente úteis do ponto de vista científico. Elas confirmaram o modelo de "bola de neve suja" para o núcleo cometário, proposto por F. Whipple. Outra descoberta importante foi a de que os núcleos dos cometas não são inteiramente ativos. No caso do 1P/Halley, apenas 10% da superfície do objeto emite gás e poeira. Essas imagens borradas do núcleo de Halley me impressionaram bastante quando foram apresentadas no Jornal Nacional (JN). Lembro que, naquela época, havia uma antena de satélite instalada no Observatório Nacional do Rio de Janeiro, destinada a receber sinais do centro de controle da Giotto para que as imagens fossem exibidas aos astrônomos e ao público.
domingo, 29 de janeiro de 2012
Astrofotografias com meu newtoniano - (1)
Fotografia de projeção com 360X de aumento. Quase no centro, as cordilheiras dos Montes Apenninus (em cima) e Montes Caucasus (em baixo) |
sábado, 28 de janeiro de 2012
Terry Lovejoy, um caçador de cometas de nosso tempo
(1) Curva de Luz de C/2007 E2. O período de rotação estimado não tem significância estatística. A duração das observações foi muito curta. |
física solar "The Sun Today" sobre o C/2011 W3
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
Meu primeiro telescópio
Meu primeiro telescópio foi um refletor newtoniano de 0,3 m f/6, adquirido em 1987 do construtor de telescópios Aguirre, quando eu tinha 14 anos. Parte do dinheiro para a compra foi obtida com a venda de um telescópio newtoniano de 0,18 m f/8, que eu havia montado no curso de construção de telescópios do Museu de Astronomia do Rio de Janeiro.
Na sua configuração inicial, o telescópio de 0,3 m possuía uma rígida montagem equatorial germana e tinha uma massa superior a 100 kg. Em 1995, o telescópio foi reconstruído pelo construtor Leonel Vianello, de Araraquara (SP). Apenas o espelho primário foi aproveitado. Apesar de o espelho ter apenas uma polegada de espessura, a figura da parábola se manteve constante, mesmo com variações na disposição espacial, o que surpreendeu o Sr. Leonel. Nesta nova configuração, o telescópio passou a ter uma montagem altazimutal dobsoniana.
Utilizei este telescópio para observar os cometas Hale-Bopp e Hyakutake no Rio, entre 1995 e 1996. Em Salvador, foi usado para diversas observações públicas, sendo a mais relevante realizada em agosto de 2003, durante uma excepcional aproximação de Marte da Terra. Mais de 1000 pessoas observaram Marte através deste telescópio no antigo Shopping Aeroclube.
Atualmente, o telescópio está desmontado e adequadamente armazenado na casa de minha sogra. Abaixo, algumas fotos da segunda metade da década de 1990 do meu telescópio:
SUPERNOVAS - BOLETIM BRASILEIRO DE ASTRONOMIA -
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
Longa exposição do céu austral
terça-feira, 24 de janeiro de 2012
Um satélite para o asteróide (911) Agamnenon?
O asteroide 911 faz parte do grupo dos troianos de Júpiter. Uma ocultação estelar ocorrida em 19-01-2012 UT apresentou duas diminuições de brilho, o que pode sugerir a existência de um corpo invisível ao redor deste objeto. Considero três possíveis explicações para o ocorrido:
a) Existência de um satélite do asteroide: Embora pouco provável, a presença de um satélite não é impossível. O satélite deveria estar alinhado com o vetor velocidade de 911 no momento da ocultação, uma configuração rara. Esse satélite poderia ser detectado através de observações com telescópios de grande porte utilizando óptica adaptativa (AO). Para isso, a separação angular entre o asteroide e o hipotético satélite deve ser pelo menos equivalente ao limite de difração do instrumento. A segunda diminuição de brilho, ocorrida mais de 10 segundos depois, pode tornar a detecção viável, caso a distância do satélite ao centro do asteroide seja da ordem de algumas centenas de quilômetros.
b) Formato irregular do asteroide: O asteroide (216) Kleopatra pode apresentar duas quedas de brilho durante uma ocultação, devido ao seu formato de "osso" (binário de contato). No entanto, a ocultação do primário já havia terminado. Considerando o tempo transcorrido até a segunda ocultação, o objeto deveria ser extremamente alongado, com um eixo maior algumas vezes maior que o diâmetro estimado para 911. Este diâmetro estimado pode ser obtido com a magnitude absoluta H e o albedo do asteroide. Quando H e são bem determinados, o diâmetro estimado apresenta uma discrepância mediana da ordem de 20% em relação a outros métodos. Portanto, essa hipótese é muito pouco provável.
c) Variação de intensidade devido a modificações do seeing: De acordo com e-mails da lista da IOTA, o sinal-ruído (SNR) dessas observações é baixo (seis). Uma massa de ar em rápido movimento pode ter passado ao longo da linha de visada do observador, o que é uma possibilidade muito provável.
Modelo do asteroide baseado na inversão de sua curva de luz. Fonte: Wikipedia. |
domingo, 22 de janeiro de 2012
103P/Hartley 2
sábado, 21 de janeiro de 2012
Domo do Telescópio de 1,6 m do OPD
sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
Brasil não cumpre o combinado com o ESO
Em 2010, no final do segundo governo Lula, o Brasil firmou um acordo com o ESO (Observatório Europeu do Sul). O Brasil passou a ser o décimo quinto associado deste grupo de países que mantém uma série de observatórios astronômicos no Chile. Nosso país é o primeiro membro não europeu. A cota brasileira é de cerca de duzentos e cinquenta milhões de euros, a ser paga em 10 anos. A primeira parcela deveria ter sido paga no início deste ano, mas isso não ocorreu. O que o Brasil perde com essa falha? Credibilidade internacional. Recentemente, é a segunda vez que o país entra em um consórcio internacional em ciência e tecnologia e não cumpre sua parte. A primeira vez ocorreu na década de 1990, quando o governo FHC assinou um acordo com o grupo responsável pela construção da ISS (Estação Espacial Internacional). O Brasil deveria contribuir com cem milhões de dólares e fornecer componentes para a estação. Foram disponibilizados apenas 10% do combinado, e as peças nunca foram entregues. O Brasil foi excluído do projeto.
O que o país perde com a nossa não adesão ao ESO?
Possibilidade de ter acesso a telescópios de grande porte e periféricos de última geração: Esta característica é fundamental para a obtenção de dados de qualidade, que são essenciais para a formulação de modelos que descrevam a física dos objetos estudados.
Possibilidade de capacitar nosso parque industrial em mecânica e eletrônica de alta precisão: O Brasil não só utilizaria os instrumentos do ESO, mas também contribuiria com a construção de periféricos e das estruturas mecânicas dos telescópios. Isso já ocorre nos projetos dos observatórios Gemini e SOAR, onde o Brasil forneceu espectrógrafos para o telescópio SOAR e a sua cúpula.
Participação de nossas empresas nas licitações do ESO: Empresas dos países-membros participam de licitações para todo tipo de serviço ou produto utilizado pelo ESO. Isso pode resultar em transferência de divisas para nosso país.
Por que o MCT (Ministério da Ciência e Tecnologia) não cumpriu sua parte? A versão oficial está associada ao contingenciamento de recursos em 2011 devido à crise internacional. De fato, o MCT perdeu cerca de 20% de seus recursos no ano passado.
Espero sinceramente que o Brasil entre para esta organização. A Astronomia brasileira não pode ficar estagnada. Estávamos estagnados antes da entrada do país nos projetos Gemini e SOAR na década de 1990. Não podemos correr esse risco novamente. É um caminho sem volta.
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
Observatório de Búzios - Parte 2
(1) |
(2) |
(3) - Mare Nectaris (centro direita) e Tranquillitatis (canto superior à esquerda). |
quarta-feira, 18 de janeiro de 2012
Sonda Phobos-Grunt pode ter caido no Brasil
A agência espacial russa Roscosmos divulgou que a sonda Phobos-Grunt pode não ter caído no oceano Pacífico, como anteriormente divulgado. A nave pode ter atingido a região central do Brasil. Outra possibilidade é que a sonda tenha se fragmentado e caído nos oceanos Atlântico, Pacífico e na região central do Brasil. O sistema de controle aeroespacial brasileiro não confirma a detecção de objeto(s) entrando no espaço aéreo brasileiro no instante previsto para a reentrada da sonda. Desta notícia, acho interessante dois aspectos:
a) A agência espacial russa não sabe onde a nave reentrou. Isso poderia sugerir falta de expertise dos russos nesta matéria, mas não creio que isso seja correto. Para determinar a órbita de um satélite, é necessário que o mesmo seja acompanhado opticamente ou por radar. O problema é que os russos não possuem uma rede de acompanhamento de satélites em escala global, ao contrário dos EUA, que possuem uma rede de rastreio dessa natureza. Entretanto, não houve melhorias significativas na previsão do instante e local provável do impacto mesmo com os dados do SPACETRACK. Eventualmente, os parâmetros orbitais não são obtidos em tempo real.
b) Os radares da Força Aérea Brasileira podem não ter sido capazes de detectar um alvo em grande velocidade e altitude. Isso sugere algo preocupante, uma vez que nossa capital se encontra justamente na região onde fragmentos da sonda podem ter caído. Esta incapacidade pode ter origem instrumental ou ser causada pela falta de familiarização dos operadores com objetos dessa natureza. Acredito que a segunda hipótese é mais razoável. Em 1944, o sistema de radar inglês detectou diversos sinais que foram interpretados como mísseis V2 lançados para Londres. Os mísseis não vieram. Estes falsos alarmes foram associados, posteriormente, a meteoros esporádicos.
Como resolver a dúvida relativa à queda da Phobos-Grunt no Brasil? Provavelmente, o meteoro associado à sonda deve ter sido mais brilhante que a Lua cheia em algum instante da reentrada. Conforme a nave penetrou nas camadas mais densas da atmosfera, a sonda se fragmentou em pedaços menores. Tais fragmentos produziriam meteoros com magnitudes tão brilhantes quanto Vênus ou Júpiter. Em qualquer uma dessas situações, a reentrada da sonda seria facilmente visível da superfície. Portanto, se você, leitor, viu algo dessa natureza por volta de ~20-21h (hora de Brasília) do dia 15-01, reporte. O vídeo da TV russa RT sobre esta questão é apresentado abaixo:
terça-feira, 17 de janeiro de 2012
Observatório de Búzios - Parte 1
O "Observatório de Búzios" era um observatório privado localizado na cidade de Búzios, na região dos Lagos, no estado do Rio de Janeiro. Foi construído entre 1987 e 1988 por um empresário da área de telecomunicações. Seu equipamento principal era um telescópio Celestron Compustar de 14". O instrumento estava abrigado em uma cúpula de 3,2 m de diâmetro da Ash Domes (Figuras 1 e 2).
Tive acesso ao observatório através de uma situação inusitada. Em 1989, eu tinha 16 anos e construía e vendia montagens equatoriais germanas para pequenos telescópios amadores. Para divulgar meu trabalho, utilizava classificados em jornais. Um dia, assisti a um documentário na TVE que mostrava a cidade de Búzios, suas belezas naturais e um observatório astronômico (!?!). Fiquei entusiasmado ao saber que havia um observatório amador tão bem equipado em meu estado. Para minha surpresa, após a exibição do documentário, um senhor ligou para minha casa à procura de oculares para seu pequeno telescópio refrator. Durante a conversa, mencionei o que havia visto na TV. O senhor me disse que conhecia o dono do observatório e ofereceu-se para me dar seu telefone. No mesmo dia, entrei em contato com o proprietário do observatório e agendei uma visita. Viajei para Búzios no fim de semana seguinte para conhecer o observatório.
Fiz algumas observações memoráveis em Búzios entre junho e novembro de 1989. Destaco a observação visual da brilhante galáxia "edge-on" NGC-4945, do superaglomerado da Virgem, que me proporcionou uma real percepção da minha pequenez cósmica. Na Lua, observei uma intensa e surpreendente sequência de Fenômenos Transientes Lunares. Também me deleitei com o azul-esverdeado do planeta Urano, que eu acreditava só poder ser observado in loco.
Esse estágio informal no Observatório de Búzios foi fundamental para minha decisão de ingressar na graduação em Astronomia quatro anos depois, e sou imensamente grato ao proprietário do observatório por essa inestimável oportunidade.
Anos mais tarde, o empresário vendeu a casa e o observatório (!!) a um casal de europeus, que montaram um restaurante e uma pequena pousada no local. A propriedade estava à venda quando escrevi esta postagem. Se eu tivesse os recursos necessários, compraria.
segunda-feira, 16 de janeiro de 2012
domingo, 15 de janeiro de 2012
O construtor de telescópios de Vila Valqueire (Rio de Janeiro)
Telescópio de 0,435 m f/13,5 Cassegrain-Coudé construído pelo construtor de telescópios Aguirre no começo da década de 1990. Inicialmente, o telescópio foi concebido como sendo um Newtoniano-Cassegrain-Coudé. Na configuração newtoniana, o telescópio possuía f/4,5. Dada a difração e a grande obstrução causada pelos espelhos secundário e terciário, o foco newtoniano foi abolido alguns meses depois. O instrumento possuía montagem equatorial germana com acompanhamento gerado por um motor elétrico de um eletrodoméstico. O tubo foi feito com cilindros de máquinas de lavar. Os buscadores usavam lentes de antigas máquinas fotocopiadoras ou binóculos. As oculares eram de microscópios. Apesar dessa aparente precariedade, era um instrumento excepcional – prova cabal do talento e genialidade do Sr. Aguirre. Lembro-me de ter visto algumas dezenas de estrelas no aglomerado NGC-4755, mesmo com um céu que não era dos melhores.
Pelo que soube, o Sr. Aguirre vendeu o telescópio para um fazendeiro do interior do Brasil (Mato Grosso?) poucos anos depois.
Na foto, o construtor está efetuando uma observação através do foco Coudé no roll-off roof no terceiro andar de sua casa na Vila Valqueire, subúrbio do Rio de Janeiro.
Sr. Aguirre observando no foco Coudé. |
sábado, 14 de janeiro de 2012
Repensando um mundo alienígena
quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
Balsa Extraterrestre no RN
terça-feira, 10 de janeiro de 2012
Laboratório Nacional de Astrofísica - LNA
segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
C/2004 Q2 (Machholz)
domingo, 8 de janeiro de 2012
Meteoritos de Vesta
sábado, 7 de janeiro de 2012
Algumas Imagens de 1995
sexta-feira, 6 de janeiro de 2012
C/2011 W3 (Lovejoy) - (4) - Minhas últimas imagens
quarta-feira, 4 de janeiro de 2012
C/2011 W3 (Lovejoy) - (3)
O colonialismo cultural na ciência
Esta postagem é uma forma de catarse e também um registro para futuras gerações de cientistas brasileiros. Em 15 de dezembro de 2022, envi...
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Imagens de um relógio solar no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida do Norte, estado de São Paulo. Este instrumento f...
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O “Grande Meteoro” foi observado aproximadamente às 2h30min de 21 de abril de 2012 UT nos estados da Bahia (BA), Espírito Santo (ES), Minas ...
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Imagens obtidas em 29 de dezembro de 2012 do drone BQM-1BR e seu propulsor turbojato "Tietê", quando expostos no antigo museu &quo...
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Imagens de um "canhão do meio-dia" e um "relógio solar" que pertenciam ao Imperador Dom Pedro II. Esses instrumentos est...
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Primeiro meteoro esporádico detectado pela câmera grande angular do Barbalho (Salvador, Bahia) no ano de 2013. O registro ocorreu às 05:22 d...