terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Cristo Redentor visto através do buscador do meu telescópio

Foto do "Cristo Redentor" obtida na metade da década de 1990. O buscador do meu newtoniano foi confeccionado pelo Sr. Vianello, provavelmente usando um binóculo 10x50. O retículo é feito de fios de cobre.


segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Giotto e o 1P/Halley

Vídeo da ESA comemorando os 20 anos do encontro entre a nave Giotto e o cometa Halley. Essa nave se aproximou a cerca de 600 km do núcleo do cometa em 14 de março de 1986 (UT). Embora a Giotto possuísse um "escudo Whipple", ela sofreu dois severos impactos de grãos de poeira em hipervelocidade. O primeiro impacto fez com que a nave perdesse sua orientação espacial por mais de meia hora. O segundo impacto destruiu sua câmera CCD, impedindo-a de obter novas imagens. Felizmente, isso ocorreu após o encontro com o cometa. Em 1992, após manobras orbitais complexas, a Giotto encontrou o cometa Grigg-Skjellerup, com uma distância mínima de 200 km. Durante esse encontro, a nave realizou diversas medições do ambiente cometário, incluindo a contagem de grãos de poeira e a análise do campo magnético, entre outras.

Comparadas com as imagens de núcleos cometários obtidas atualmente, as imagens da Giotto podem parecer inferiores em qualidade, mas foram extremamente úteis do ponto de vista científico. Elas confirmaram o modelo de "bola de neve suja" para o núcleo cometário, proposto por F. Whipple. Outra descoberta importante foi a de que os núcleos dos cometas não são inteiramente ativos. No caso do 1P/Halley, apenas 10% da superfície do objeto emite gás e poeira. Essas imagens borradas do núcleo de Halley me impressionaram bastante quando foram apresentadas no Jornal Nacional (JN). Lembro que, naquela época, havia uma antena de satélite instalada no Observatório Nacional do Rio de Janeiro, destinada a receber sinais do centro de controle da Giotto para que as imagens fossem exibidas aos astrônomos e ao público.



domingo, 29 de janeiro de 2012

Astrofotografias com meu newtoniano - (1)

Algumas astrofotografias da Lua que obtive com meu telescópio na segunda metade da década de 1990. Todas as imagens foram capturadas utilizando filme ASA 100, seguindo o mesmo procedimento. Para isso, removi a lente da minha câmera Zenit 12XS e ajustei o foco aproximando ou afastando o corpo da câmera da ocular/focalizador. O tempo de exposição foi de 1/30s, visando minimizar trepidações.







Fotografia de projeção com 360X de aumento. Quase no centro, as cordilheiras dos
Montes Apenninus (em cima) e Montes Caucasus (em baixo)


sábado, 28 de janeiro de 2012

Terry Lovejoy, um caçador de cometas de nosso tempo

Terry Lovejoy é um engenheiro de TI australiano cujo interesse pela astronomia começou cedo, assim como o meu. Como astrônomo amador, ele se dedicou à busca de cometas, sendo pioneiro na descoberta de cometas rasantes solares utilizando imagens obtidas pelo satélite SOHO. Com o uso de telescópios de grande campo, equipados com câmeras CCD, ele detectou os cometas C/2007 E2 e C/2011 W3. Tive a oportunidade de observar ambos os cometas. Em relação ao cometa C/2007 E2, durante uma noite de observação, obtive uma curva de luz diferencial com uma amplitude significativa, comparada ao desvio das magnitudes diferenciais. Como o objeto não apresentou "outbursts", acredito que a variação detectada esteja relacionada à quantidade de zonas ativas do núcleo voltadas para a Terra. Nesse caso, a variação da magnitude observada está associada à rotação do núcleo. F. Manzini também obteve uma curva de luz alternativa para esse objeto. Nossas estimativas do período de rotação são relativamente compatíveis, apesar da minha ser altamente questionável. A seguir, disponibilizo um link para uma entrevista completa com T. Lovejoy.

(1) Curva de Luz de C/2007 E2. O período de rotação estimado não tem significância
 estatística. A duração das observações foi muito curta.

Vídeo informativo de alta qualidade estética do site de divulgação de
 física solar "The Sun Today" sobre o C/2011 W3

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Meu primeiro telescópio

Meu primeiro telescópio foi um refletor newtoniano de 0,3 m f/6, adquirido em 1987 do construtor de telescópios Aguirre, quando eu tinha 14 anos. Parte do dinheiro para a compra foi obtida com a venda de um telescópio newtoniano de 0,18 m f/8, que eu havia montado no curso de construção de telescópios do Museu de Astronomia do Rio de Janeiro.

Na sua configuração inicial, o telescópio de 0,3 m possuía uma rígida montagem equatorial germana e tinha uma massa superior a 100 kg. Em 1995, o telescópio foi reconstruído pelo construtor Leonel Vianello, de Araraquara (SP). Apenas o espelho primário foi aproveitado. Apesar de o espelho ter apenas uma polegada de espessura, a figura da parábola se manteve constante, mesmo com variações na disposição espacial, o que surpreendeu o Sr. Leonel. Nesta nova configuração, o telescópio passou a ter uma montagem altazimutal dobsoniana.

Utilizei este telescópio para observar os cometas Hale-Bopp e Hyakutake no Rio, entre 1995 e 1996. Em Salvador, foi usado para diversas observações públicas, sendo a mais relevante realizada em agosto de 2003, durante uma excepcional aproximação de Marte da Terra. Mais de 1000 pessoas observaram Marte através deste telescópio no antigo Shopping Aeroclube.

Atualmente, o telescópio está desmontado e adequadamente armazenado na casa de minha sogra. Abaixo, algumas fotos da segunda metade da década de 1990 do meu telescópio:





SN - 26 de Setembro de 2002 - Edicao No. 170
Como uma homenagem a memória de Leonel Vianello, no ano em que se completam dez anos de seu falecimento, reproduzo o Boletim Supernovas que reporta a passagem deste excepcional profissional:

SUPERNOVAS - BOLETIM BRASILEIRO DE ASTRONOMIA - 

http://www.supernovas.cjb.net


26 de Setembro de 2002 - Edicao No. 170


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ATRAVES DA OCULAR

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MORRE UM DOS MAIS CONHECIDOS CONSTRUTORES DE TELESCÓPIOS NO BRASIL
Faleceu na sexta-feira, 20 de setembro, aos 74 anos de idade Leonel  Vianello (1927-2002); de morte natural. Nascido no dia 10 de outubro  de 1927, Vianello era construtor de telescópios astronomicos, fotografo profissional e morava no interior de Sao Paulo, em  Araraquara/SP. Leonel dedicou boa parte de sua vida a essa rara arte  de construir artesanalmente instrumentos ópticos de grande precisao, como também montagens, oculares, aranhas, focalizadores e pequenas  lunetas. Alem de um grande construtor, Leonel era "de um  comportamento exemplar e correto sobre as coisas e preocupado com a qualidade de seus produtos", afirmou Weber Amadeus, amigo, aprendiz e  também construtor de telescópios na cidade de Araraquara/SP. Leonel  fabricou mais de 500 telescópios de tamanhos variados que hoje estão  espalhados por praticamente todo território nacional. "O Leonel  deixou a marca dele no Brasil", afirmou Roberto Silvestre, que possui  um observatório em sua propria casa na cidade de Uberlândia/MG, onde  esta' instalado um telescópio newtoniano construido por Vianello. "Foi uma grande perda", concluiu o amigo. Leonel mantinha  seu site na internet mas foi desativado (http://www.leonelvianello.com.br ). O Boletim Supernovas prestou sua  homenagem a esse grande construtor brasileiro, cujo os telescopios  abriram e ainda abrem as janelas do Universo para incontaveis  observadores todo dia. Ver em: http://www.geocities.com/cadu-mg/homenagembsn.htm
(Agradecimentos especiais à familia e amigos)
Carlos Eduardo - Editor Boletim Supernovas

UMA GRANDE PERDA
"O Brasil perde um dos maiores colaboradores da Astronomia amadora do pais."
Weber Amadeus, construtor de telescópios e grande amigo de Leonel 
Vianello, Araraquara-SP

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Longa exposição do céu austral

Fotografia de longa exposição (>1h) da região polar celeste sul. A imagem foi capturada em 1996, utilizando uma câmera Zenit 12XS e filme de 100 ASA, no Observatório do Pico dos Dias. Na fotografia, observa-se uma mancha escura (indicada pela seta), que é associada à Nebulosa do Saco de Carvão, localizada na constelação do Cruzeiro do Sul. Adicionalmente, um traço retilíneo e fraco, quase ortogonal aos traços das estrelas, pode ser visto sobre a nebulosa. Este traço é possivelmente causado por um meteoro esporádico.


terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Um satélite para o asteróide (911) Agamnenon?

O asteroide 911 faz parte do grupo dos troianos de Júpiter. Uma ocultação estelar ocorrida em 19-01-2012 UT apresentou duas diminuições de brilho, o que pode sugerir a existência de um corpo invisível ao redor deste objeto. Considero três possíveis explicações para o ocorrido:

a) Existência de um satélite do asteroide: Embora pouco provável, a presença de um satélite não é impossível. O satélite deveria estar alinhado com o vetor velocidade de 911 no momento da ocultação, uma configuração rara. Esse satélite poderia ser detectado através de observações com telescópios de grande porte utilizando óptica adaptativa (AO). Para isso, a separação angular entre o asteroide e o hipotético satélite deve ser pelo menos equivalente ao limite de difração do instrumento. A segunda diminuição de brilho, ocorrida mais de 10 segundos depois, pode tornar a detecção viável, caso a distância do satélite ao centro do asteroide seja da ordem de algumas centenas de quilômetros.

b) Formato irregular do asteroide: O asteroide (216) Kleopatra pode apresentar duas quedas de brilho durante uma ocultação, devido ao seu formato de "osso" (binário de contato). No entanto, a ocultação do primário já havia terminado. Considerando o tempo transcorrido até a segunda ocultação, o objeto deveria ser extremamente alongado, com um eixo maior algumas vezes maior que o diâmetro estimado para 911. Este diâmetro estimado pode ser obtido com a magnitude absoluta H e o albedo pv do asteroide. Quando H e psão bem determinados, o diâmetro estimado apresenta uma discrepância mediana da ordem de 20% em relação a outros métodos. Portanto, essa hipótese é muito pouco provável.

c) Variação de intensidade devido a modificações do seeing: De acordo com e-mails da lista da IOTA, o sinal-ruído (SNR) dessas observações é baixo (seis). Uma massa de ar em rápido movimento pode ter passado ao longo da linha de visada do observador, o que é uma possibilidade muito provável.


Modelo do asteroide baseado na inversão de sua curva de luz. Fonte: Wikipedia.


domingo, 22 de janeiro de 2012

103P/Hartley 2

Trajetória e sobrevôo da nave "Deep Impact" sobre o núcleo do cometa 103P/Hartley 2 em 04-11-2010. Compare esta imagens com as equivalentes obtidas por reflexão de sinais de radar emitidos da Terra. A rentabilidade da técnica de construção de imagens com sinais radar é inegável. Note que o núcleo do cometa não é inteiramente ativo como nosso senso comum poderia sugerir.


sábado, 21 de janeiro de 2012

Domo do Telescópio de 1,6 m do OPD

O Observatório do Pico-dos-Dias (OPD) foi inaugurado em 1980. Seu primeiro instrumento foi o telescópio Perkin-Elmer de 1,6 m. O telescópio esta no interior de uma cúpula que hoje em dia poderia comportar um telescópio de maior abertura (> 2 m) em montagem altazimutal. O prédio deste telescópio possui três andares. No térreo existe uma câmera de  alto vácuo para aluminização dos espelhos dos telescópios do observatório. A inauguração do OPD marcou o início da moderna astrofísica observacional brasileira. Abaixo apresento algumas fotografias que obtive entre 1995 e 1999 da cúpula do telescópio de 1,6 m:


(1) Rotação da cúpula do telescópio de 1,6 m.

(2) Cúpula do 1,6 m em todo o seu esplendor.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Brasil não cumpre o combinado com o ESO

Em 2010, no final do segundo governo Lula, o Brasil firmou um acordo com o ESO (Observatório Europeu do Sul). O Brasil passou a ser o décimo quinto associado deste grupo de países que mantém uma série de observatórios astronômicos no Chile. Nosso país é o primeiro membro não europeu. A cota brasileira é de cerca de duzentos e cinquenta milhões de euros, a ser paga em 10 anos. A primeira parcela deveria ter sido paga no início deste ano, mas isso não ocorreu. O que o Brasil perde com essa falha? Credibilidade internacional. Recentemente, é a segunda vez que o país entra em um consórcio internacional em ciência e tecnologia e não cumpre sua parte. A primeira vez ocorreu na década de 1990, quando o governo FHC assinou um acordo com o grupo responsável pela construção da ISS (Estação Espacial Internacional). O Brasil deveria contribuir com cem milhões de dólares e fornecer componentes para a estação. Foram disponibilizados apenas 10% do combinado, e as peças nunca foram entregues. O Brasil foi excluído do projeto.

O que o país perde com a nossa não adesão ao ESO?

  1. Possibilidade de ter acesso a telescópios de grande porte e periféricos de última geração: Esta característica é fundamental para a obtenção de dados de qualidade, que são essenciais para a formulação de modelos que descrevam a física dos objetos estudados.

  2. Possibilidade de capacitar nosso parque industrial em mecânica e eletrônica de alta precisão: O Brasil não só utilizaria os instrumentos do ESO, mas também contribuiria com a construção de periféricos e das estruturas mecânicas dos telescópios. Isso já ocorre nos projetos dos observatórios Gemini e SOAR, onde o Brasil forneceu espectrógrafos para o telescópio SOAR e a sua cúpula.

  3. Participação de nossas empresas nas licitações do ESO: Empresas dos países-membros participam de licitações para todo tipo de serviço ou produto utilizado pelo ESO. Isso pode resultar em transferência de divisas para nosso país.

Por que o MCT (Ministério da Ciência e Tecnologia) não cumpriu sua parte? A versão oficial está associada ao contingenciamento de recursos em 2011 devido à crise internacional. De fato, o MCT perdeu cerca de 20% de seus recursos no ano passado.

Espero sinceramente que o Brasil entre para esta organização. A Astronomia brasileira não pode ficar estagnada. Estávamos estagnados antes da entrada do país nos projetos Gemini e SOAR na década de 1990. Não podemos correr esse risco novamente. É um caminho sem volta.




O autor deste blog observando no
 ESO de La Silla em dezembro de 1997


quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Observatório de Búzios - Parte 2

Algumas astrofotografias obtidas com o telescópio do Observatório de Búzios. Todas as imagens foram capturadas com a mesma configuração: câmera Olympus, filme Kodak Gold 100, tempo de exposição de 1/1000 s (curtíssimo!), em julho de 1989. (1) e (2): grupo de manchas solares; (3): Lua - Mares do Néctar e da Tranquilidade, obtida na semana em que se comemoravam 20 anos do pouso da Apollo 11 na Lua. Também obtive uma imagem da cratera Tycho, que publiquei no artigo de ensino de ciências "Experimentos Didáticos em Astronomia I: Determinação das Dimensões de Crateras Lunares" de 2005. Acredito que tenha sido a única publicação acadêmica que utilizou imagens produzidas neste observatório.


(1)


(2)


(3) - Mare Nectaris (centro direita) e 
Tranquillitatis (canto superior à esquerda).


quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Sonda Phobos-Grunt pode ter caido no Brasil

A agência espacial russa Roscosmos divulgou que a sonda Phobos-Grunt pode não ter caído no oceano Pacífico, como anteriormente divulgado. A nave pode ter atingido a região central do Brasil. Outra possibilidade é que a sonda tenha se fragmentado e caído nos oceanos Atlântico, Pacífico e na região central do Brasil. O sistema de controle aeroespacial brasileiro não confirma a detecção de objeto(s) entrando no espaço aéreo brasileiro no instante previsto para a reentrada da sonda. Desta notícia, acho interessante dois aspectos:

a) A agência espacial russa não sabe onde a nave reentrou. Isso poderia sugerir falta de expertise dos russos nesta matéria, mas não creio que isso seja correto. Para determinar a órbita de um satélite, é necessário que o mesmo seja acompanhado opticamente ou por radar. O problema é que os russos não possuem uma rede de acompanhamento de satélites em escala global, ao contrário dos EUA, que possuem uma rede de rastreio dessa natureza. Entretanto, não houve melhorias significativas na previsão do instante e local provável do impacto mesmo com os dados do SPACETRACK. Eventualmente, os parâmetros orbitais não são obtidos em tempo real.

b) Os radares da Força Aérea Brasileira podem não ter sido capazes de detectar um alvo em grande velocidade e altitude. Isso sugere algo preocupante, uma vez que nossa capital se encontra justamente na região onde fragmentos da sonda podem ter caído. Esta incapacidade pode ter origem instrumental ou ser causada pela falta de familiarização dos operadores com objetos dessa natureza. Acredito que a segunda hipótese é mais razoável. Em 1944, o sistema de radar inglês detectou diversos sinais que foram interpretados como mísseis V2 lançados para Londres. Os mísseis não vieram. Estes falsos alarmes foram associados, posteriormente, a meteoros esporádicos.

Como resolver a dúvida relativa à queda da Phobos-Grunt no Brasil? Provavelmente, o meteoro associado à sonda deve ter sido mais brilhante que a Lua cheia em algum instante da reentrada. Conforme a nave penetrou nas camadas mais densas da atmosfera, a sonda se fragmentou em pedaços menores. Tais fragmentos produziriam meteoros com magnitudes tão brilhantes quanto Vênus ou Júpiter. Em qualquer uma dessas situações, a reentrada da sonda seria facilmente visível da superfície. Portanto, se você, leitor, viu algo dessa natureza por volta de ~20-21h (hora de Brasília) do dia 15-01, reporte. O vídeo da TV russa RT sobre esta questão é apresentado abaixo:




terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Observatório de Búzios - Parte 1

O "Observatório de Búzios" era um observatório privado localizado na cidade de Búzios, na região dos Lagos, no estado do Rio de Janeiro. Foi construído entre 1987 e 1988 por um empresário da área de telecomunicações. Seu equipamento principal era um telescópio Celestron Compustar de 14". O instrumento estava abrigado em uma cúpula de 3,2 m de diâmetro da Ash Domes (Figuras 1 e 2).

Tive acesso ao observatório através de uma situação inusitada. Em 1989, eu tinha 16 anos e construía e vendia montagens equatoriais germanas para pequenos telescópios amadores. Para divulgar meu trabalho, utilizava classificados em jornais. Um dia, assisti a um documentário na TVE que mostrava a cidade de Búzios, suas belezas naturais e um observatório astronômico (!?!). Fiquei entusiasmado ao saber que havia um observatório amador tão bem equipado em meu estado. Para minha surpresa, após a exibição do documentário, um senhor ligou para minha casa à procura de oculares para seu pequeno telescópio refrator. Durante a conversa, mencionei o que havia visto na TV. O senhor me disse que conhecia o dono do observatório e ofereceu-se para me dar seu telefone. No mesmo dia, entrei em contato com o proprietário do observatório e agendei uma visita. Viajei para Búzios no fim de semana seguinte para conhecer o observatório.

Fiz algumas observações memoráveis em Búzios entre junho e novembro de 1989. Destaco a observação visual da brilhante galáxia "edge-on" NGC-4945, do superaglomerado da Virgem, que me proporcionou uma real percepção da minha pequenez cósmica. Na Lua, observei uma intensa e surpreendente sequência de Fenômenos Transientes Lunares. Também me deleitei com o azul-esverdeado do planeta Urano, que eu acreditava só poder ser observado in loco.

Esse estágio informal no Observatório de Búzios foi fundamental para minha decisão de ingressar na graduação em Astronomia quatro anos depois, e sou imensamente grato ao proprietário do observatório por essa inestimável oportunidade.

Anos mais tarde, o empresário vendeu a casa e o observatório (!!) a um casal de europeus, que montaram um restaurante e uma pequena pousada no local. A propriedade estava à venda quando escrevi esta postagem. Se eu tivesse os recursos necessários, compraria.

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domingo, 15 de janeiro de 2012

O construtor de telescópios de Vila Valqueire (Rio de Janeiro)

Telescópio de 0,435 m f/13,5 Cassegrain-Coudé construído pelo construtor de telescópios Aguirre no começo da década de 1990. Inicialmente, o telescópio foi concebido como sendo um Newtoniano-Cassegrain-Coudé. Na configuração newtoniana, o telescópio possuía f/4,5. Dada a difração e a grande obstrução causada pelos espelhos secundário e terciário, o foco newtoniano foi abolido alguns meses depois. O instrumento possuía montagem equatorial germana com acompanhamento gerado por um motor elétrico de um eletrodoméstico. O tubo foi feito com cilindros de máquinas de lavar. Os buscadores usavam lentes de antigas máquinas fotocopiadoras ou binóculos. As oculares eram de microscópios. Apesar dessa aparente precariedade, era um instrumento excepcional – prova cabal do talento e genialidade do Sr. Aguirre. Lembro-me de ter visto algumas dezenas de estrelas no aglomerado NGC-4755, mesmo com um céu que não era dos melhores.

Pelo que soube, o Sr. Aguirre vendeu o telescópio para um fazendeiro do interior do Brasil (Mato Grosso?) poucos anos depois.

Na foto, o construtor está efetuando uma observação através do foco Coudé no roll-off roof no terceiro andar de sua casa na Vila Valqueire, subúrbio do Rio de Janeiro.


Sr. Aguirre observando no foco Coudé.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Repensando um mundo alienígena

O planeta A que órbita a estrela dupla 55 da constelação do Câncer é um mundo ímpar. Dados gerados pela técnica de velocidade radial revelaram que o período orbital do planeta é de apenas 18 dias. A distância que o separa de sua estrela equivalente a cerca de 4% da distância que separa Mercúrio do Sol. O planeta foi considerado com uma superterra por possuir uma massa inferior a dez massas terrestres. Pelos dados anteriores, se estimou que a temperatura superficial de 55 Cancri A poderia ser de 1760 graus Celsius. Sob estas condições, a superfície do planeta seria constituída de rochas pastosas. Observações de um trânsito planetário, efetuadas pelo telescópio espacial Spitzer, forneceram estimativas mais exatas das dimensões e composição química deste objeto. As novas estimativas sugerem que o planeta tem 7,8 x a massa e duas vezes o diâmetro da Terra. Com estes últimos parâmetros, as possíveis condições ambientais podem implicar que substâncias,  como  água e o gás carbônico, possam estar no estado de supercrítico na superfície do planeta. Em um material no estado supercrítico não há diferenças entre o estado líquido e gasoso. Tal substância pode se difundir em um sólido como um gás e dissolver a matéria como um líquido. O "press release" da NASA sobre esta importante descoberta é apresentada abaixo:


quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Balsa Extraterrestre no RN

No último ano de meu bacharelado em astronomia, fui indicado pelo ON para participar da reunião anual da SBPC. A reunião ocorreu em Natal (RN) em julho de 1998. Em um dia de folga, resolvi fazer um passeio de buggy pelos municípios circunvizinhos. Quando fomos atravessar um braço de mar (ou rio), utilizamos uma balsa com o inusitado nome de "extraterrestre". Não resisti e fotografei.




terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Laboratório Nacional de Astrofísica - LNA

(1) Vídeo institucional do LNA. Este excelente material mostra as diversas facetas do LNA, que vão além do gerenciamento do Observatório do Pico-dos-Dias. (2) Reportagem mostrado os prejuízos para a sede do  LNA pela construção de um loteamento em Itajubá. O paradoxal é que o loteamento é financiado pela união, que também mantem o LNA.

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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

C/2004 Q2 (Machholz)

Astrofotografia de 10 s de exposição do cometa C/2004 Q2 obtida em 02:02 de 03-01-2005 TU, utilizando uma câmera Zenit 12XS e filme FUJI ASA 100, no bairro do Barbalho, em Salvador. Esta imagem foi utilizada no artigo de ensino de ciências "Experimentos Didáticos em Astronomia II: Estudo Fotográfico das Posições Aparentes de Corpos de Sistema Solar ".


domingo, 8 de janeiro de 2012

Meteoritos de Vesta

Os meteoritos HED são feitos de minerais que espectroscopicamente podem ser associados a superfície do asteróide Vesta. Imagens da sonda Dawn possibilitaram a identificação de uma montanha de 22km de altura em uma cratera no polo sul do objeto. Como tal cratera é a maior presente no objeto, pode-se especular que os meteoritos que caem na Terra são oriundos deste ponto na superfície do asteróide. A confirmação desta identidade será possível quando o levantamento mineralógico da superfície de Vesta estiver completo. Evidentemente, os meteoritos oriundos deste asteróide não foram lançados direto  para a Terra após o impacto. A ação de ressonâncias planetárias podem ser as responsáveis pela modificação da órbita dos meteoróides, levando-os para a proximidade de nosso planeta. Abaixo um vídeo do SPMN associando o meteorito "Puerto Lapice" com o asteróide Vesta. A imagem de Vesta do vídeo é baseada em imagens do HST que possibilitaram a determinação do albedo por região do objeto. Com este último dado, a distribuição de altitudes na superfície do asteróide foi estimada.



sábado, 7 de janeiro de 2012

Algumas Imagens de 1995

No ano de 1995, fiz duas missões de observação ao LNA. Nestas observações, utilizei o telescópio Boller-Chivens 0,6-m f/13,5 da USP. No final de uma destas noites de observação obtive imagens CCD de 300 s de exposição através de um filtro quasi-Johnson-Cousins R do aglomerado globular Palomar 15 (1) e da galáxia espiral barrada NGC-1672 (2). Na época, não tinha grande conhecimento no uso do SAOimage de modo que imprimi as imagens e depois as fotografei com minha Zenit 12XS.


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sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

C/2011 W3 (Lovejoy) - (4) - Minhas últimas imagens

Astrofotografias do cometa Lovejoy obtidas entre 06:38 e 06:51 (03:38 e 03:51, Hora de Brasília) de 26-12-2012 UT. A imagem (1) é a soma de 14 fotografias com 20s de exposição. A câmera Nikon D80 estava regulada em 18mm f/5.6. A imagem (2) é a soma de 15 fotos com 15s de exposição; 55mm f/5.0.

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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

C/2011 W3 (Lovejoy) - (3)

Astrofotografias do cometa Lovejoy obtidas entre 04:06 e 04:17 (07:06 e 07:17) de  24-12-2012 UT. A imagem (1) é a soma de 16 fotografias com 20s de exposição. A câmera Nikon D80 estava regulada em 18mm f/5.6. A imagem (2) é a soma de 14 fotos com 15s de exposição; 55mm f/5.0.


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O colonialismo cultural na ciência

  Esta postagem é uma forma de catarse e também um registro para futuras gerações de cientistas brasileiros. Em 15 de dezembro de 2022, envi...