Vídeo da Agência Espacial Europeia (ESA) comemorando os 25 anos do encontro da sonda Giotto com o cometa Halley. A nave se aproximou a cerca de 600 km do núcleo do cometa em 14 de março de 1986 (UT). Essa distância mínima só foi alcançada graças à astrometria precisa fornecida pelas sondas soviéticas VEGA-1 e VEGA-2, demonstrando, de forma inequívoca, o sucesso de uma colaboração científica entre a URSS e os países europeus — um exemplo notável de cooperação internacional em plena Guerra Fria, contrastando com os entraves geopolíticos atuais, que infelizmente têm afetado até colaborações científicas.
Embora a Giotto estivesse equipada com um escudo Whipple para proteção contra partículas de poeira, ela sofreu dois impactos severos de grãos em hipervelocidade. O primeiro causou a perda temporária da orientação da nave por mais de 30 minutos. O segundo destruiu sua câmera CCD, impedindo novas imagens — felizmente, isso ocorreu após o registro do núcleo do cometa.
Em 1992, após manobras orbitais complexas, a Giotto realizou um segundo encontro, desta vez com o cometa Grigg–Skjellerup, aproximando-se a cerca de 200 km do núcleo. Durante esse sobrevoo, a nave conduziu diversas medições do ambiente cometário, incluindo contagem de grãos de poeira, análise do campo magnético e outros parâmetros relevantes.
Comparadas às imagens de núcleos cometários obtidas por missões mais recentes, as da Giotto podem parecer modestas em qualidade. No entanto, do ponto de vista científico, foram extraordinariamente valiosas. Elas confirmaram o modelo da "bola de neve suja" proposto por Fred Whipple e revelaram que os núcleos cometários não são inteiramente ativos. No caso do cometa Halley, cerca de 10% da superfície estava ativa, emitindo gás e poeira.
Lembro-me do impacto que essas imagens, mesmo borradas, causaram quando foram exibidas no Jornal Nacional. Naquela época, havia uma antena parabólica instalada no Observatório Nacional, no Rio de Janeiro, que recebia diretamente os sinais do centro de controle da Giotto, permitindo a transmissão das imagens aos astrônomos e ao público em tempo quase real.