sábado, 28 de janeiro de 2012

Terry Lovejoy, um caçador de cometas de nosso tempo

Terry Lovejoy é um engenheiro de TI australiano. O interesse de Lovejoy pela astronomia começou cedo assim como eu. Como astrônomo amador se dedicou a busca de cometas. Foi pioneiro na descoberta de cometas rasantes solares usando imagens obtidas pelo satélite SOHO. Com o uso de telescópios de grande campo, equipados com câmeras CCD, detectou os cometas C/2007 E2 e C/2011 W3. Tive a oportunidade de observar os dois cometas. Para o C/2007 E2, numa noite de observação, obtive um curva de luz diferencial (1) com uma amplitude significativa se comparada com o desvio das magnitudes diferenciais. Como o objeto não apresentou outbursts, acredito na hipótese que a variação detectada esta ligada a quantidades de zonas ativas do núcleo voltadas para a Terra. Neste caso,   a variação da magnitude observada é associada a rotação do núcleo. F. Manzini obteve uma curva de luz alternativa deste objeto. Nossas estimativas do período de rotação são mais ou menos compatíveis. Segue um link para uma entrevista completa com T. Lovejoy.

(1) Curva de Luz de C/2007 E2. O período de rotação estimado não tem significância
 estatística. A duração das observações foi muito curta.

Vídeo informativo de alta qualidade estética do site de divulgação de
 física solar "The Sun Today" sobre o C/2011 W3

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Meu primeiro telescópio

Meu primeiro telescópio foi um refletor newtoniano de 0,3 m f/6. Eu o adquiri em 1987 do construtor de telescópios Aguirre, quando tinha 14 anos de idade. Parte do dinheiro para a compra foi obtida da venda de um telescópio newtoniano de 0,18 m f/8. Eu havia montado este último instrumento no curso de construção de telescópios do Museu de Astronomia do Rio de Janeiro. 
Em sua configuração inicial, o meu 0,3 m possuía uma rígida montagem equatorial germana. A massa do instrumento devia ser maior que 100 kg. Em 1995, o telescópio foi reconstruído pelo construtor de telescópios Leonel Vianello de Araraquara (SP). Apenas o espelho primário foi aproveitado. Apesar do espelho ter apenas uma polegada de espessura, a figura da parábola se mantinha constante mesmo com variações da disposição espacial do mesmo, algo que surpreendeu o sr. Leonel. Nesta nova configuração, o telescópio possui uma montagem altazimutal dobsoniana
Utilizei este telescópio para observar os cometas Hale-Bopp e Hyakutake no Rio, entre 1995 e 1996. Em Salvador, este telescópio foi usado para diversas observações públicas. A observação  mais relevante  foi realizada em agosto de 2003. Neste ano, ocorreu uma excepcional aproximação de Marte da Terra. Mais de 1000 pessoas observaram Marte através deste telescópio no antigo Shopping Aeroclube
Este instrumento esta atualmente desmontado e adequadamente estocado na casa de minha sogra. Abaixo algumas fotos da segunda metade da década de 1990 do meu telescópio:




SN - 26 de Setembro de 2002 - Edicao No. 170
Como uma homenagem a memória de Leonel Vianello, no ano em que se completam dez anos de seu falecimento, reproduzo o Boletim Supernovas que reporta a passagem deste excepcional profissional:

SUPERNOVAS - BOLETIM BRASILEIRO DE ASTRONOMIA - 

http://www.supernovas.cjb.net


26 de Setembro de 2002 - Edicao No. 170


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ATRAVES DA OCULAR

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MORRE UM DOS MAIS CONHECIDOS CONSTRUTORES DE TELESCÓPIOS NO BRASIL
Faleceu na sexta-feira, 20 de setembro, aos 74 anos de idade Leonel  Vianello (1927-2002); de morte natural. Nascido no dia 10 de outubro  de 1927, Vianello era construtor de telescópios astronomicos, fotografo profissional e morava no interior de Sao Paulo, em  Araraquara/SP. Leonel dedicou boa parte de sua vida a essa rara arte  de construir artesanalmente instrumentos ópticos de grande precisao, como também montagens, oculares, aranhas, focalizadores e pequenas  lunetas. Alem de um grande construtor, Leonel era "de um  comportamento exemplar e correto sobre as coisas e preocupado com a qualidade de seus produtos", afirmou Weber Amadeus, amigo, aprendiz e  também construtor de telescópios na cidade de Araraquara/SP. Leonel  fabricou mais de 500 telescópios de tamanhos variados que hoje estão  espalhados por praticamente todo território nacional. "O Leonel  deixou a marca dele no Brasil", afirmou Roberto Silvestre, que possui  um observatório em sua propria casa na cidade de Uberlândia/MG, onde  esta' instalado um telescópio newtoniano construido por Vianello. "Foi uma grande perda", concluiu o amigo. Leonel mantinha  seu site na internet mas foi desativado (http://www.leonelvianello.com.br ). O Boletim Supernovas prestou sua  homenagem a esse grande construtor brasileiro, cujo os telescopios  abriram e ainda abrem as janelas do Universo para incontaveis  observadores todo dia. Ver em: http://www.geocities.com/cadu-mg/homenagembsn.htm
(Agradecimentos especiais à familia e amigos)
Carlos Eduardo - Editor Boletim Supernovas

UMA GRANDE PERDA
"O Brasil perde um dos maiores colaboradores da Astronomia amadora do pais."
Weber Amadeus, construtor de telescópios e grande amigo de Leonel 
Vianello, Araraquara-SP

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Longa exposição do céu austral

Foto de longa exposição ( >1h) da região polar celeste sul. A imagem foi obtida com uma câmera Zenit 12XS, filme 100 ASA, em 1996, no Observatório do Pico-dos-Dias. A mancha escura na foto (seta) é associada a Nebulosa do Saco de Carvão na constelação do Cruzeiro do Sul. Um  fraco traço curto retilíneo, numa direção quase ortogonal aos traços das estrelas, é visível sobre a nebulosa. Acredito que o mesmo seja causado por algum meteoro esporádico. 


terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Um satélite para o asteróide (911) Agamnenon?

O asteróide 911 faz parte do grupo dos troianos de Júpiter. Uma ocultação estelar, ocorrida em 19-01-2012 UT, apresentou duas diminuições de brilho. Isso pode sugerir a existência de um corpo invisível ao redor deste objeto. Imagino três possibilidades para explicar o ocorrido: a) A existência de um satélite do asteróide; b) Formato irregular do asteróide e c) Variação de intensidade devido a modificações do seeing. A hipótese a) é pouco provável, mas não impossível. O satélite deveria estar sobre a mesma linha do vetor velocidade de 911 no momento de sua ocultação. Uma configuração rara. O satélite poderia ser detectado através de observações AO com telescópios de grande porte. Para tal, a separação angular entre o asteróide e seu hipotético satélite deve ser no mínimo equivalente ao limite de difração do instrumento. Como a segunda diminuição de brilho ocorreu mais de 10 s depois, o satélite pode ser passível de detecção. A distância do satélite ao centro do primário pode ser da ordem de algumas centenas de quilômetros. b) O asteróide (216) Kleopatra pode apresentar  duas quedas de brilho, durante uma ocultação, dependendo do ângulo de visada devido a seu formato de "osso" (binário de contato). Entretanto, a ocultação do primário já havia terminado. Pelo tempo transcorrido até a segunda ocultação, o objeto deveria ser extremamente alongado e com um eixo maior algumas vezes maior que o diâmetro estimado para 911. Este diâmetro estimado pode ser obtido com a magnitude absoluta H e o albedo pv do asteróide. Quando H e pv são bem determinados, o diametro estimado tem discrepância mediana da ordem de 20% em relaçao a outros métodos.  Muito pouco provável. c) Segundo e-mails da lista da IOTA, o SNR destas observações é baixo (seis, 6). Uma massa de ar em rápido movimento pode ter passado ao longo da linha de visada do observador - muito provável.  

Modelo do asteroide baseado na inversão de sua curva de luz. Fonte: Wikipedia.


domingo, 22 de janeiro de 2012

103P/Hartley 2

Trajetória e sobrevôo da nave "Deep Impact" sobre o núcleo do cometa 103P/Hartley 2 em 04-11-2010. Compare esta imagens com as equivalentes obtidas por reflexão de sinais de radar emitidos da Terra. A rentabilidade da técnica de construção de imagens com sinais radar é inegável. Note que o núcleo do cometa não é inteiramente ativo como nosso senso comum poderia sugerir.


O colonialismo cultural na ciência

  Essa postagem parece um discurso de quem que se recusa a se adaptar ao status  quo do mundo. Não concordo com muita coisa por ai, mas não...