segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

ESO - Longa exposição do céu austral

Estrelas circumpolares austrais. Imagem obtida no teto da cúpula do telescópio de 1,5m em dezembro de 1997. O tempo de exposição foi de cerca de duas horas. A  câmera usada foi uma Zenit 12XS e filme ASA 100. As linhas sinuosas luminosas são causadas pelos faróis de carros em movimento dentro do observatório.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Possíveis fragmentos de lixo espacial caem no Maranhão

Em 22/02/2012 aproximadamente as 22h UT, os habitantes da cidade de Anapurus no Maranhão ouviram uma série de fortes estrondos. Vários objetos metálicos foram encontrados em regiões adjacentes a cidade. O maior fragmento identificado possui cerca de 30kg de massa e formato esférico. Segundo previsões de reentrada feitas pelo "Center For Orbital and Reentry Debris Studies", os objetos são provavelmente restos de um dos estágios do foguete Ariane IV. Os fragmentos foram recolhidos pela FAB e serão conduzidos ao INPE para análise. Outras quedas de lixo espacial já ocorreram no Brasil. Em 1989, restos de um estágio do lançador soviético Molniya foram recolhidos no interior da Bahia por W. Carvalho. Para uma descrição mais completa sobre esta recente queda, recomendo o acesso de um artigo no blog "Poder Aéreo". Abaixo um vídeo sobre este evento. 





sábado, 25 de fevereiro de 2012

Indo para o ESO - (2)

Ao chegar a La Serena, fui levado até o escritório do ESO. Lá descobri que o ônibus que transporta os funcionários para o observatório já havia partido. Um funcionário do ESO, que se comunicou comigo em inglês o tempo todo — e que, confesso, compreendi com dificuldade — me levou até a rodoviária e me colocou em um ônibus comum.

Na época, eu só falava português e um inglês bastante limitado, daquele tipo "Me Tarzan, You Jane". No ônibus, estavam comigo um rapaz, uma senhora e seu filho. Pelo que me lembro, o rapaz havia acabado de ser contratado para trabalhar em La Silla. A senhora e a criança eram parentes de um funcionário do observatório.

Quase não conversei com a senhora, mas falei com o rapaz que estudava em uma universidade pública e que não pagava nada por isso. Ele ficou surpreso, já que no Chile o ensino superior é pago. Eu também me surpreendi ao ver, em La Serena, uma senhora regando um jardim público com água que vinha da própria casa.

Após cerca de duas horas de viagem, o ônibus parou no meio do deserto. Ficamos os quatro à beira da estrada, que era bem conservada, por cerca de quinze minutos. Então, surgiu uma van branca do ESO — com um ar-condicionado simplesmente maravilhoso. A van nos levou até o observatório.

Acho que nunca senti uma emoção maior do que ao ver, pela primeira vez, a montanha de La Silla. Abaixo, uma foto que tirei durante essa curta, mas inesquecível, viagem:

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

O fim do mundo em 2012 - (2)

O Globo Repórter sobre o "fim do mundo", exibido em 10 de fevereiro de 2012, evidenciou que a linha editorial do programa permanece essencialmente inalterada há décadas. Trata-se de uma abordagem que frequentemente envolve fenômenos naturais em um véu de misticismo. Essa tendência já era visível na edição sobre o cometa Halley, em 1985.

Parece haver, por parte dos idealizadores do programa, a suposição de que a ciência e seus métodos seriam complexos demais para o público brasileiro. Como resultado, a maior parte da edição foi dedicada à exposição das ideias de astrólogos, neohippies e indivíduos paranoicos. Um dos momentos mais pitorescos veio de um senhor de Alto Paraíso de Goiás (GO), identificado como engenheiro eletrônico, que afirmou que “atividades solares” poderiam provocar terremotos, furacões e tsunamis.

Recomendo a esse senhor que envie suas descobertas à Science ou à Nature. Até onde sei, não há qualquer evidência robusta na literatura científica que sustente tal correlação. Caso ele a tenha encontrado, o mundo acadêmico certamente aguardará ansioso sua publicação.

Abaixo, segue o episódio do Globo Repórter em questão. Jornalista não é cientista. Mas talvez já esteja mais do que na hora de a Rede Globo, uma das maiores emissoras de televisão do planeta, contar com um consultor científico fixo em sua redação.

Aviso: As opiniões expressas neste blog são de responsabilidade exclusiva do autor. As críticas aqui apresentadas têm caráter opinativo, baseiam-se em fundamentos científicos e não se referem a indivíduos específicos, mas sim a ideias, conceitos e práticas públicas. Este espaço tem fins educativos e de divulgação científica.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

2008 EV5

Imagens de radar do NEA 2008 EV5 obtidas entre 23 e 27 de dezembro de 2008 (UT), a partir de dados coletados no Observatório de Arecibo. Eu observei o 2008 EV5 nos dias 1º e 2 de janeiro de 2009 (UT), em Salvador. Combinando meus dados com os de observadores na Europa e na China, a convergência ocorreu para um período de 10,200 ± 0,002 h e amplitude de curva de luz de aproximadamente 0,1 magnitudes(2).

Entretanto, essa estimativa representa um múltiplo(1) do período de 3,725 ± 0,001 h e amplitude de 0,06 magnitudes identificado por Galád et al. (2009). Esse período foi considerado mais razoável, aparentemente por sua consistência com os dados de radar.

A ambiguidade entre minha estimativa e a considerada mais adequada levou-me a estabelecer duas regras para observações futuras:
1) O sinal/ruído do asteroide e das estrelas de comparação deve ser em torno de 50, o que permite detectar variações de brilho da ordem de 0,02 magnitudes.
2) As observações devem ter duração total de pelo menos 8 horas — valor correspondente à mediana dos períodos de rotação dos asteroides, com base em uma compilação de dados de 2011.

Vídeo relacionado ao asteroide 2008 EV5

Espectro de período de rotação do 2008 EV5
(1)
Curva de luz do 2008 EV5
(2)

Minha Vivência com o Colonialismo Cultural na Ciência

  Esta postagem tem um caráter de reflexão e registro para futuras gerações de cientistas brasileiros. Em 15 de dezembro de 2022, enviei uma...