sábado, 25 de fevereiro de 2012

Indo para o ESO - (2)

Chegando a La Serena, foi levado para o escritório do ESO. Lá descobri que o ônibus que leva os funcionários para o observatório já havia saído. Um funcionário do ESO me levou para rodoviária e me colocou num ônibus comum. Lembro que ele falou inglês comigo o tempo todo. O problema é que  compreendi bem pouco. Naquela época, só falava português e um inglês sofrível do tipo "Me Tarzan, You Jane".  Junto comigo foram um rapaz, uma senhora e seu filho. Pelo que me recordo, o rapaz acabará de ser empregado em La Silla. A senhora e a criança eram parentes de um funcionário do observatório. Quase não conversei com ela. Falei para o rapaz que estudava em um universidade pública e não pagava nada por isso. Ele ficou surpreso pois, no Chile, o ensino superior é pago. Fique igualmente surpreso quando, em La Serena, vi uma senhora regando um jardim público. A água usada vinha da casa da senhora. Por volta de duas horas de viagem, o ônibus parou no meio do deserto. Ficamos os quatro na beira da bem conservada estrada,  por uns quinze minutos, até que uma van branca apareceu. A van era do ESO e possuía um ar condicionado maravilhoso! A van nos conduziu ao observatório. Acho que nunca senti uma emoção maior do que ver a montanha de La Silla pela primeira vez. Abaixo uma foto que tirei nesta curta viagem:


sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

O fim do mundo em 2012 - (2)

O Globo Repórter sobre o "fim do mundo", exibido em 10 de fevereiro de 2012, evidenciou que a linha editorial do programa permanece essencialmente inalterada há décadas. Trata-se de uma abordagem que frequentemente envolve fenômenos naturais em um véu de misticismo. Essa tendência já era visível na edição sobre o cometa Halley, em 1985.

Parece haver, por parte dos idealizadores do programa, a suposição de que a ciência e seus métodos seriam complexos demais para o público brasileiro. Como resultado, a maior parte da edição foi dedicada à exposição das ideias de astrólogos, neohippies e indivíduos paranoicos. Um dos momentos mais pitorescos veio de um senhor de Alto Paraíso de Goiás (GO), identificado como engenheiro eletrônico, que afirmou que “atividades solares” poderiam provocar terremotos, furacões e tsunamis.

Recomendo a esse senhor que envie suas descobertas à Science ou à Nature. Até onde sei, não há qualquer evidência robusta na literatura científica que sustente tal correlação. Caso ele a tenha encontrado, o mundo acadêmico certamente aguardará ansioso sua publicação.

Abaixo, segue o episódio do Globo Repórter em questão. Jornalista não é cientista. Mas talvez já esteja mais do que na hora de a Rede Globo, uma das maiores emissoras de televisão do planeta, contar com um consultor científico fixo em sua redação.

Aviso: As opiniões expressas neste blog são de responsabilidade exclusiva do autor. As críticas aqui apresentadas têm caráter opinativo, baseiam-se em fundamentos científicos e não se referem a indivíduos específicos, mas sim a ideias, conceitos e práticas públicas. Este espaço tem fins educativos e de divulgação científica.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

2008 EV5

Imagens de radar do NEA 2008 EV5 obtidas entre 23 e 27 de dezembro de 2008 (UT), a partir de dados coletados no Observatório de Arecibo. Eu observei o 2008 EV5 nos dias 1º e 2 de janeiro de 2009 (UT), em Salvador. Combinando meus dados com os de observadores na Europa e na China, a convergência ocorreu para um período de 10,200 ± 0,002 h e amplitude de curva de luz de aproximadamente 0,1 magnitudes(2).

Entretanto, essa estimativa representa um múltiplo(1) do período de 3,725 ± 0,001 h e amplitude de 0,06 magnitudes identificado por Galád et al. (2009). Esse período foi considerado mais razoável, aparentemente por sua consistência com os dados de radar.

A ambiguidade entre minha estimativa e a considerada mais adequada levou-me a estabelecer duas regras para observações futuras:
1) O sinal/ruído do asteroide e das estrelas de comparação deve ser em torno de 50, o que permite detectar variações de brilho da ordem de 0,02 magnitudes.
2) As observações devem ter duração total de pelo menos 8 horas — valor correspondente à mediana dos períodos de rotação dos asteroides, com base em uma compilação de dados de 2011.

Vídeo relacionado ao asteroide 2008 EV5

Espectro de período de rotação do 2008 EV5
(1)
Curva de luz do 2008 EV5
(2)

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Astrofotografias com meu newtoniano - (2)

Eclipse lunar total de 27-09-1996 UT registrado no Rio de Janeiro. Fotografia de projeção usando uma ocular de 30mm (60x), filme ASA 100, 1/250s de exposição e câmera Zenit 12XS. O foco foi feito afastando e aproximando o corpo da câmera da ocular. Não foi utilizado um adaptador.


segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Indo para o ESO - (1)

Viagem de Santiago de Chile para La Serena em dezembro de 1997. 


Bandeira chilena vista sobre um dos prédios do aeroporto de Santiago

Cordilheiras vistas através da janela do avião da LADECO com o qual voei para La Serena.

Minha Vivência com o Colonialismo Cultural na Ciência

  Esta postagem tem um caráter de reflexão e registro para futuras gerações de cientistas brasileiros. Em 15 de dezembro de 2022, enviei uma...