quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Telescópio Zeiss do OPD

Algumas fotos do telescópio Zeiss Jena de 0,6m do OPD. Este instrumento é idêntico ao chamado "telescópio principal" instalado no Observatório Astronômico da Serra da Piedade. Usei este telescópio em apenas uma missao observacional, de quase duas semanas de duração, em janeiro de 1999. O apontamento  do telescópio era manual. Devido as péssimas condições climáticas, obtive poucas imagens de meus dois objetos: o asteróide (140) Siwa, alvo à época da sonda Rosetta, e o cometa C/1997 BA6 (Spacewatch). O objetivo destas observações era a determinação do período de rotação dos objetos. Excelente instrumento. Na segunda metade da década de 1990, os apontamentos dos  telescópios de 1,6m e 0,6m Boller & Chivens foram automatizados. Isso não ocorreu com o Zeiss. Lembro que questionei a razão para a ausência do Zeiss no programa de modernização. A resposta que recebi tinha algo haver com o fato da montagem deste telescópio ser germana e a dos outros dois instrumentos ser do tipo "garfo". Achei estranho. Naquela época, já haviam telescópios amadores com montagem equatorial germana automatizada. Talvez esta decisão estivesse associada ao custo e na mudança de certos aspectos do software de apontamento. Ainda considero que uma automatização do apontamento é válida para este instrumento. Muitas pesquisas em astrofísica estelar e do Sistema Solar tem condição de serem  feitas em um telescópio desta classe.



Você pode encontrar imagens de outros telescopios do OPD nos seguines links: 123

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Por que a ciência não é levada a sério no Brasil?


 O recente incêndio da estação brasileira na Antártica me inspirou a escrever esta postagem. A pergunta-título desta postagem é de difícil resposta. Não sou filósofo ou historiador da ciência. O que escrevo aqui é apenas minha modesta opinião. O  fator que discutirei é o que considero mais importante:  nossa classe política não dá a mínima para a ciência. Nossos políticos consideram que ciência básica não serve para nada de "prático".  O reflexo disso é o escasso volume de recursos para o desenvolvimento científico e tecnológico nacional. Este descaso é constante na história do Brasil. A ideia de que a ciência é inútil é totalmente incorreta. A ciência foi criada para melhorar a vida de nossa espécie. Se hoje vivemos mais e nos alimentamos melhor, devemos isso à pesquisa científica básica feita séculos antes. O problema é que nossa população, origem de nossos políticos, não têm uma formação educacional adequada. Nosso ensino é essencialmente baseado na repetição do que está em livros didáticos. Nossos alunos não fazem experiências de física, química ou biologia quando estão cursando escolas de formação básica. Não entendendo como funciona a ciência é inevitável que nunca a considerem importante.  Nossa população não entende que o "mundo moderno", no qual vivemos, não foi sempre assim. Em 1910, em média, os brasileiros morriam aos 33 anos de doenças que hoje possuem tratamento trivial. Não havia internet, muito menos telefone.  Nossa população não consegue perceber que a ciência fez o "mundo moderno" ser o que é hoje. Assista os vídeos (1) e (2) abaixo. Perceba que educar a população nunca foi prioridade de nossa classe política.

(1) -Vídeo da FIOCRUZ sobre a Revolta da Vacina. Em 1904, a população do Rio de Janeiro se revoltou com a  vacinação obrigatória contra a varíola.  Exemplo clássico do que discuti nesta postagem.

(2) - Parte (1) do excelente programa "Linha Direta" sobre o acidente radiológico de
 Goiânia em 1987. Outro exemplo de que nossa população deve ter uma alfabetização científica mínima para viver em nossa época. Alguém duvida que este acidente não aconteceria novamente? 


Parte (2)

Parte (3)

Parte (4)


segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

ESO - Longa exposição do céu austral

Estrelas circumpolares austrais. Imagem obtida no teto da cúpula do telescópio de 1,5m em dezembro de 1997. O tempo de exposição foi de cerca de duas horas. A  câmera usada foi uma Zenit 12XS e filme ASA 100. As linhas sinuosas luminosas são causadas pelos faróis de carros em movimento dentro do observatório.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Possíveis fragmentos de lixo espacial caem no Maranhão

Em 22/02/2012 aproximadamente as 22h UT, os habitantes da cidade de Anapurus no Maranhão ouviram uma série de fortes estrondos. Vários objetos metálicos foram encontrados em regiões adjacentes a cidade. O maior fragmento identificado possui cerca de 30kg de massa e formato esférico. Segundo previsões de reentrada feitas pelo "Center For Orbital and Reentry Debris Studies", os objetos são provavelmente restos de um dos estágios do foguete Ariane IV. Os fragmentos foram recolhidos pela FAB e serão conduzidos ao INPE para análise. Outras quedas de lixo espacial já ocorreram no Brasil. Em 1989, restos de um estágio do lançador soviético Molniya foram recolhidos no interior da Bahia por W. Carvalho. Para uma descrição mais completa sobre esta recente queda, recomendo o acesso de um artigo no blog "Poder Aéreo". Abaixo um vídeo sobre este evento. 





sábado, 25 de fevereiro de 2012

Indo para o ESO - (2)

Chegando a La Serena, foi levado para o escritório do ESO. Lá descobri que o ônibus que leva os funcionários para o observatório já havia saído. Um funcionário do ESO me levou para rodoviária e me colocou num ônibus comum. Lembro que ele falou inglês comigo o tempo todo. O problema é que  compreendi bem pouco. Naquela época, só falava português e um inglês sofrível do tipo "Me Tarzan, You Jane".  Junto comigo foram um rapaz, uma senhora e seu filho. Pelo que me recordo, o rapaz acabará de ser empregado em La Silla. A senhora e a criança eram parentes de um funcionário do observatório. Quase não conversei com ela. Falei para o rapaz que estudava em um universidade pública e não pagava nada por isso. Ele ficou surpreso pois, no Chile, o ensino superior é pago. Fique igualmente surpreso quando, em La Serena, vi uma senhora regando um jardim público. A água usada vinha da casa da senhora. Por volta de duas horas de viagem, o ônibus parou no meio do deserto. Ficamos os quatro na beira da bem conservada estrada,  por uns quinze minutos, até que uma van branca apareceu. A van era do ESO e possuía um ar condicionado maravilhoso! A van nos conduziu ao observatório. Acho que nunca senti uma emoção maior do que ver a montanha de La Silla pela primeira vez. Abaixo uma foto que tirei nesta curta viagem:


O colonialismo cultural na ciência

  Essa postagem parece um discurso de quem que se recusa a se adaptar ao status  quo do mundo. Não concordo com muita coisa por ai, mas não...