segunda-feira, 23 de junho de 2014

O astrônomo leu "No Reino dos Astrônomos Cegos"

Há duas semanas, terminei de ler o livro "No Reino dos Astrônomos Cegos" de Ulisses Capozzoli (Ed. Record, 2005). Considerei um excelente livro destacando alguns aspectos que me chamaram a atenção:

i) Nos capítulos 1 a 9, o autor faz uma excelente apresentação da história da radioastronomia, abordando a correlação entre a evolução instrumental e conceitual que permitiu caracterizar as fontes detectadas no céu. Para isso, o autor associa essa evolução essencialmente às pesquisas realizadas no Reino Unido (e na Austrália) e nos EUA. Não questiono a escolha dessa linha do tempo, que é a mais fartamente documentada, e é inegável que pesquisadores desses países tiveram um papel decisivo na evolução da radioastronomia. Suas descobertas mudaram nossa visão do cosmos. Entretanto, esperava encontrar alguns trechos sobre a história da radioastronomia na URSS e no Japão. O desenvolvimento desta ciência nesses dois países é pouco conhecido até por profissionais da área. No caso da URSS, há apenas algumas passagens, como a menção a um satélite científico soviético lançado para estudar a anisotropia na radiação de fundo cósmico, alguns anos antes do COBE. A URSS não teria um programa espacial tão significativo sem uma rede de radiotelescópios para comunicação interplanetária. Esses instrumentos tinham uso dual. Em relação ao Japão, o livro menciona apenas que um survey da Via Láctea, na banda do gás monóxido de carbono, frustrou um projeto equivalente que seria realizado por pesquisadores do IAG.

ii) O autor se esforça para explicar conceitos físicos que não são triviais, como a emissão de 21 cm do hidrogênio. Não há erros, mas percebi que o autor se deteve muito, talvez de forma desnecessária, na descrição da geração dessa radiação (seis páginas usando enfoques ligeiramente diferentes).

iii) Uma brilhante descrição da evolução da radioastronomia brasileira é feita nos capítulos 10 a 16. Como bom contador de histórias, o autor descreve de maneira fluida e atraente como a radioastronomia brasileira nasceu a partir de um grupo de entusiastas no final da década de 1950, atingindo seu ápice cerca de 10 a 15 anos depois. Essa descrição é feita a partir de entrevistas com os protagonistas, o que pode representar uma visão mais fidedigna dos fatos. O livro se encerra de maneira igualmente interessante, sugerindo as origens dos altos e baixos da radioastronomia em nosso país.

Recomendo a leitura para quem deseja entender a razão pela qual é tão difícil fazer ciência de qualidade e competitiva no Brasil.

Capa do livro - Galáxia NGC-5128, uma excepcional
radiofonte do hemisfério sul celeste.


domingo, 15 de junho de 2014

O Primeiro Meteoro Detectado em Amargosa

Primeiro meteoro esporádico detectado por uma câmera de TV de grande campo instalada no loteamento Santo Antônio, em Amargosa (Bahia, Brasil). Este dispositivo estava em fase de testes e estava instalado no quintal de minha casa. O meteoro surgiu na constelação de Órion, cruzando seu cinturão ("Três Marias"). O registro foi efetuado às 23:44:21 de 17-02-2014 UT. Esta câmera foi posteriormente instalada no teto do prédio administrativo do Centro de Formação de Professores da UFRB (CFP-UFRB).


domingo, 8 de junho de 2014

Aquecedores Solares em Amargosa

Imagem obtida em 07-06-2014, mostrando um conjunto de casas populares no bairro Katyara, em Amargosa (Bahia). Este conjunto foi construído no contexto do programa "Minha Casa, Minha Vida" do governo federal. O aspecto notável desta imagem é a utilização de aquecedores solares nas casas. Esses dispositivos são destinados a aproveitar a energia solar para aquecer a água para o banho e, possivelmente, para o preparo de alimentos. Esta iniciativa contribui para a redução do consumo de energia elétrica e gás e, em uma escala menor, para a diminuição da emissão de gases de efeito estufa.





domingo, 18 de maio de 2014

Asteroides 315, 58.547 e 166.382: Um Encontro no Céu

Imagem CCD com 180 s de exposição do asteroide 315 (Constantia). Este asteroide compartilhava o mesmo campo estelar com os objetos 58.547 (1997 FZ2) e 166.382 (2002 LA50) devido ao efeito de perspectiva. Na ocasião do registro, a distância entre os asteroides era de dezenas de milhões de quilômetros. A ideia popularizada por filmes de ficção científica de que os asteroides estão a poucas dezenas de metros entre si não é correta. A imagem foi obtida em 03-03-2014 UT, através do filtro R, usando o telescópio T21 da rede Itelescope no Novo México (EUA).


Diagrama gerado pelo programa "Astrometrica" mostrando os três objetos (círculos
vermelhos). Os círculos verdes representam  estrelas do catálogo USNO-B1.

Aninação comparando as posições obtidas dos três asteroides no instante do
registro. Diagramas orbitais gerados pelo "JPL Minor Planet Browser". A órbita mais
externa é a do planeta Júpiter.

sábado, 17 de maio de 2014

VJA8ACE = 2014 JO25

Soma de nove imagens CCD de 12s de exposição do NEO 2014 JO25 (círculo roxo) obtidas em 05-05-2014 UT, através do telescópio T11 da rede Itelescope, no Novo México (H06, EUA). Este objeto estava na lista de NEOs cuja órbita deveria ser refinada antes da obtenção da designação no padrão IAU. Colaborei com este objetivo, obtendo duas posições astrométricas nos filtros V e R. A magnitude R do objeto era 17,6 usando como referência o catálogo USNO-B1.


O colonialismo cultural na ciência

  Esta postagem é uma forma de catarse e também um registro para futuras gerações de cientistas brasileiros. Em 15 de dezembro de 2022, envi...