domingo, 11 de dezembro de 2011

C/1996 B2 (Hyakutake)

Minha história com o cometa Hyakutake foi engraçada. 

O C/1996 B2 atingiu seu pico de brilho no final de março de 1996. Eu era aluno de iniciação científica no Observatório Nacional do Rio de Janeiro na época, e ouvi dois astrônomos  comentando na biblioteca: "É o cometa mais brilhante em 25 anos!" e  "Ele está na constelação da Libra!". Fiquei com aquelas informações na cabeça. Lembrava que o cometa mais brilhante em 25 anos havia sido o espetacular West. Aproximadamente às 22h (01h UT), daquele mesmo dia do início de abril, a constelação da Libra era visível a 30-40 graus de altura. Procurei o cometa no céu, efetuando um procedimento que deve ter sido repetido por astrônomos há séculos. Comparei os objetos visíveis no céu com os presentes em uma carta celeste para  buscar um "intruso". Para meu espanto, uma das estrelas não estava na carta, e além disso tinha um aspecto nebuloso. Não tinha mais dúvidas: eu acabara de encontrar o cometa Hyakutake no céu!  Pensei comigo mesmo: "Finalmente, estou vendo um  cometa decente!" "Decente" porque era brilhante o suficiente para ser visível a olho nu e ainda por cima possuía uma fraca cauda. Acordei minha mãe para que ela pudesse ver o objeto e montei meu telescópio newtoniano de 0,3m f/6 logo em seguida. Com 60x de aumento, pude perceber uma tênue estrutura espiral na coma do cometa. Como este cometa é do tipo NEO e sua inclinação orbital era bastante elevada, ele rapidamente não seria mais visível da latitude do Rio de Janeiro. Nos dois fins-de-semana seguintes, usei dois rolos de filme Kodak ASA 100, com 36 exposições cada, para registrar o objeto. 

Apresento algumas imagens  obtidas num sábado de abril (1 a 4) e no domingo da semana seguinte  (5 a 7). Todas foram obtidas com 15s de exposição e uma câmera Zenit 12 XS. Não sei exatamente a data da obtenção destas imagens. Não me preocupava tanto com registros exatos de tempo quanto hoje.

Uma bela frase é atribuída ao descobridor deste objeto:

"I don't care about the naming of the comet. If many people could enjoy that comet, that is the happiest thing for me."
- Yuji Hyakutake, 1996

Yuji Hyakutake morreu de aneurisma em 2002, aos 51 anos de idade. Acho que ele sintetizou tudo que senti ao ver aquele objeto no céu.

Imagem 1 - Minha primeira foto do cometa

Imagem 2

Imagem 3 - C/1996 B2 e o Morro do Sumaré que divide as zonas sul e norte
da cidade do Rio de Janeiro.

Imagem 4 - As luzes saturadas a esquerda do Hyakutake são associadas
a torres repetidoras de rádio e televisão,

 Imagem 5 - Última imagem do Hyakuate obtida oito dias depois da sequência anterior. O objeto
estava muito ao norte. Tive que me deslocar para a residência de um colega na região oceânica de Niterói para ter um horizonte sem obstáculos. O único problema foi a poluição luminosa. Isto é evidente na foto.

Imagem 6 - Imagem anterior com uma correção de "background"  proporcionada pelo
software IRIS.

Imagem 7 - Região Escorpião-Sagitário. A poluição luminosa era localizada
apenas na direção noroeste, justo onde o Hyakutake era visível.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Nova Velorum 1999

A nova Velorum (indicada pela seta) surgiu na constelação da Vela em maio de 1999. No momento em que esta imagem foi obtida (29 de maio de 1999, às 21h30 UT), sua magnitude visual era aproximadamente 3. A fotografia foi realizada no bairro do Horto Florestal, na cidade do Rio de Janeiro, com uma câmera Zenit 12XS, filme ASA 100 e tempo de exposição de 15 segundos.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Shenzhou-2

Em 04:52 (07:52 UT) de 15 de janeiro de 2001, o autor registra a passagem da nave chinesa Shenzhou-2 da cidade do Rio de Janeiro (Imagem 1). Nesta ocasião, a nave estava em uma órbita de 330km x 340 km e inclinação de 42,6 graus em relação ao equador. Na ocasião das observações, a nave esteve a uma distância mínima de 503 km do centro da cidade. A maior altura em relação ao horizonte foi de 41 graus, ocorrendo às 04:51 na direção SSW. A fotografia foi obtida com uma câmera Zenit 12XS, filme Kodak Gold 100 e dois minutos de exposição. A magnitude estimada foi um pouco menor que 2. Cerca de cinco minutos antes do aparecimento da Shenzhou-2, eu fotografei a trajetória do segundo estágio do lançador CZ-2F (Imagem 2). Nesta ocasião, o estágio estava em uma órbita elíptica com menor altitude que a Shenzhou-2. O estágio queimou na atmosfera no dia 20 de janeiro de 2001. O tempo de exposição foi igual ao da imagem anterior.

As manchas marrons nas imagens foram causadas pelo mau armazenamento das fotografias.

Estas observações me motivaram a escrever um artigo sobre o programa espacial chinês, publicado na Revista ComCiência.
Imagem 1

Imagem 2

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Kepler-22b

Kepler-22b é um planeta extrasolar que foi detectado pelo telescópio espacial Kepler. A missão Kepler usa a técnica de ocultação estelar para efetuar a detecção de planetas. O planeta descoberto possui 2,4 vezes a massa terrestre. Não se sabe ainda se este objeto possui um estrutura interna que privilegie o estado físico sólido, líquido ou gasoso. A característica peculiar deste objeto é que ele se encontra na zona de habitabilidade. Usando um referencial estritamente terrestre, esta zona implica que a água pode ser encontrada na forma líquida. Como Kepler-22b orbita um estrela de tipo espectral G, podemos dizer que o planeta esta num intervalo de distâncias compreendido entre a órbita de Vênus e a região interna do cinturão principal de asteróides. Toda a notícia científica tem que ser analisada com cuidado. Este não é o primeiro objeto encontrado na zona de habitabilidade. A missão Kepler descobriu dez corpos nestas condições.  Kepler -22b é o primeiro destes objetos detectados que é confirmado como planeta. A existência de um planeta na zona de habitabilidade não garante que existam oceanos e lagos de água líquida em sua superfície. Este objeto deve ser muito semelhante a Terra para que isso ocorra. Em Vênus e Marte, não há água líquida devido aos regimes climáticos antagônicos destes dois mundos. Abaixo segue o vídeo da conferência de impressa da NASA sobre o assunto:



segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

C/2001 A2 (LINEAR)

C/2001 A2 (LINEAR), o primeiro cometa que fotografei em Salvador. Imagem capturada aproximadamente às 7h (UT) de 22 de junho de 2001, com uma câmera Zenit 12XP emprestada por Dourival Edgar dos Santos Jr. O filme utilizado foi o Fuji Superia ASA 100, com tempo de exposição de 30 segundos.




Região Sagitário-Escorpião - 30s.
Foto obtida pouco depois da
imagem anterior.

Minha Vivência com o Colonialismo Cultural na Ciência

  Esta postagem tem um caráter de reflexão e registro para futuras gerações de cientistas brasileiros. Em 15 de dezembro de 2022, enviei uma...