A espessura do espelho primário do meu telescópio é inferior àquela recomendada pela "lei do 1/6 do diâmetro". Isso implica que a parte óptica do meu telescópio é intrinsecamente ruim?
Não necessariamente. A chamada lei do 1/6 foi amplamente divulgada e utilizada por construtores amadores no Brasil e no mundo ao longo do século XX. Esta regra estabelece que, para que a superfície óptica do espelho primário (a objetiva) não sofra deformações que comprometam a qualidade da imagem, a espessura do espelho deve ser igual a 1/6 do seu diâmetro. Essas deformações podem ocorrer devido à expansão volumétrica do vidro e à variação da posição do espelho conforme o telescópio é orientado, resultando em uma mudança no alinhamento do eixo óptico.
No entanto, a espessura recomendada não é uma regra universal, especialmente porque os telescópios amadores frequentemente utilizam vidros com diferentes composições químicas. A espessura pode ser maior ou menor do que a estipulada, dependendo das características do vidro.
Em telescópios profissionais de grande porte, como os do observatório Keck, os espelhos são finos e compostos de materiais com baixíssima expansividade térmica. Esses espelhos são divididos em segmentos controlados por sistemas de óptica adaptativa para minimizar as deformações e os efeitos da turbulência atmosférica na qualidade da imagem.
Para telescópios amadores, por exemplo, um telescópio com um espelho primário de 30 cm de diâmetro feito de vidro como Flint ou Crown e com uma espessura de 2,5 cm ou menor pode ainda produzir boas imagens, desde que o espelho esteja corretamente apoiado em seu suporte. Esse suporte é projetado para compensar as deformações que podem ocorrer devido à variação na orientação do espelho durante a observação. Softwares desenvolvidos por ATMs (Amateur Telescope Makers) avançados e outros guias de construção de telescópios fornecem instruções sobre como montar o suporte para minimizar esses problemas.