domingo, 21 de dezembro de 2025

Planetas extrasolares (exoplanetas)


Visão artística do céu do planeta “C” que orbita o pulsar PSR B1620-26. Vemos o pulsar e os companheiros do sistema. A distribuição das demais estrelas no céu fica a critério do artista. Os “fachos” nos polos do pulsar estão associados ao escoamento de partículas arrancadas da superfície pela ação do campo magnético intenso.

Exoplanetas são planetas que orbitam estrelas (ou remanescentes estelares) fora do Sistema Solar. Em 20/04/2001, data em que uma primeira versão deste texto foi publicada, a Extrasolar Planets Encyclopaedia listava cerca de 60 estrelas com indícios de companheiros planetários. Hoje, os catálogos modernos reúnem milhares de detecções confirmadas: o NASA Exoplanet Archive indicava 6.065 planetas confirmados em 18/12/2025, enquanto o Exoplanet.eu listava 7.915 objetos em seu catálogo (o total varia conforme os critérios e categorias adotados). Esse crescimento evidencia a evolução do campo de pesquisa em planetas extrasolares.

Muitos sistemas descobertos fogem do “modelo” do Sistema Solar. Um caso clássico é 51 Peg: um planeta massivo em órbita muito próxima da estrela. Modelos de formação e evolução sugerem que alguns desses corpos podem ter se formado mais longe e migrado para o interior do sistema por interações com o disco e/ou com outros corpos.

Planetas, superplanetas e anãs marrons. Em termos práticos, frequentemente aparece o valor de ~13 massas de Júpiter como uma “fronteira” associada à queima (parcial) de deutério. Porém, isso é uma regra de bolso: a fração de deutério queimado e o limite efetivo dependem das condições e da composição do objeto, e não representam uma divisão física rígida. 

Técnicas de detecção (principais)

1) Astrometria

A astrometria mede o “balanço” (wobble) da estrela no céu devido à presença de companheiros. Historicamente, missões como o Hipparcos alcançaram precisão típica na faixa de milissegundos de arco (mas), e a missão Gaia elevou essa capacidade para a escala de microsegundos de arco (µas) em estrelas brilhantes, tornando a técnica muito mais potente para detectar companheiros por movimento próprio e paralaxe com alta precisão.

2) Velocidade radial (Doppler)

Mede a variação periódica na velocidade da estrela ao longo da linha de visada (efeito Doppler) causada pela interação gravitacional com o(s) planeta(s). O método fornece, em geral, uma estimativa do tipo M sin i (massa mínima), pois depende da inclinação orbital.

3) Trânsito (fotometria)

Detecta a queda de brilho quando o planeta passa em frente ao disco da estrela. O trânsito fornece o raio (via profundidade do evento), e, quando combinado com velocidade radial, permite estimar densidade e composição média. Um caso clássico é HD 209458 b, e missões como Kepler/TESS popularizaram esse tipo de detecção em larga escala.

4) Microlente gravitacional

Usa o efeito de lente gravitacional quando uma estrela (com possível planeta) passa diante de outra mais distante. É útil para detectar planetas em distâncias maiores da estrela hospedeira e até em regiões mais externas da Galáxia.

5) Imagem direta

Registra diretamente a luz do planeta, geralmente no infravermelho, com óptica adaptativa/coronógrafos. É mais eficiente para planetas jovens, quentes e afastados da estrela.

6) Timing (especialmente em pulsares)

Em pulsares, pequenas variações nos tempos de chegada dos pulsos podem revelar a presença de companheiros. Foi assim que surgiram alguns dos primeiros indícios de planetas fora do Sistema Solar.

Planetas que orbitam pulsares

  • PSR 1257+12
  • PSR B1620-26 b (sistema pulsar + anã branca; planeta circumbinário)

Um exemplo emblemático é PSR B1620-26 b (também citado como “Methuselah” em materiais de divulgação), um gigante gasoso em órbita circumbinária ao redor de um pulsar e de uma anã branca. No catálogo da NASA, ele aparece com massa da ordem de ~2,5 MJ, semi-eixo maior ~23 UA e período orbital ~95 anos, com anúncio de descoberta em 2003. 

Vida

Não temos evidência de vida em exoplanetas. Quando se discute a possibilidade de vida, trata-se de hipóteses dependentes de fatores como: tipo de estrela, radiação incidente, presença/estabilidade de atmosfera, água líquida e proteção contra partículas energéticas. Em planetas gasosos, por exemplo, uma ideia especulativa é a existência de vida em camadas atmosféricas com temperatura e pressão adequadas; já em sistemas de pulsares, a radiação e o ambiente extremo tornam os cenários ainda mais desafiadores.

As estrelas com exoplanetas conhecidos aparecem espalhadas pelo céu. Parte dessa distribuição reflete também o “viés observacional”: onde e como os levantamentos foram feitos (instrumentos, hemisfério observado, tempo de campanha, etc.).
Comparação ilustrativa entre os planetas do sistema PSR B1620-26 e as distâncias/escala do Sistema Solar interno. A unidade de distância é a Unidade Astronômica (UA), aproximadamente 150.000.000 km.


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