Hoje, no telejornal regional Bahia Meio Dia, uma especialista em calendário maia apresentou uma explicação sobre por que o mundo não teria acabado em 21 de dezembro de 2012. Segundo ela, em vez do fim do mundo, teria ocorrido uma “sincronização galáctica”, na qual a Terra se alinharia com as Plêiades e a estrela Alcione (que integra esse aglomerado), provocando a emissão de “massa coronal” pelo Sol e desencadeando ondas eletromagnéticas, entre outros efeitos.
Como astrônomo, com todo o respeito à especialista, acredito que Maxwell e tantos outros cientistas que nos legaram uma compreensão sólida do universo devem ter se revirado no túmulo durante a exibição dessa matéria. Em vez de esclarecer, a reportagem apenas reforçou o misticismo em torno do tema. O mais surpreendente é que ninguém na redação da TV Bahia tenha notado os equívocos flagrantes no discurso apresentado.
Qual seria a relação entre as Plêiades, um aglomerado estelar situado a aproximadamente 450 anos-luz da Terra, e a emissão de massa coronal do Sol? A única influência possível seria de natureza gravitacional, e mesmo essa é desprezível. Para efeito de comparação, Mercúrio, que tem massa muito inferior à das Plêiades, exerce sobre o Sol uma força gravitacional muitíssimo maior, simplesmente por estar próximo.
Esse tipo de reportagem evidencia uma das falhas mais graves do nosso sistema educacional: a dificuldade que ainda temos, como sociedade, de distinguir conhecimento científico básico de especulação infundada ou misticismo. É preciso promover uma cultura científica que valorize o pensamento crítico e a verificação dos fatos.
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