quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Porque o mundo não vai acabar - comentário de uma especialista em calendário Maia

Hoje, no telejornal regional Bahia Meio Dia, uma especialista em calendário maia apresentou uma explicação sobre porque o mundo não teria acabado em 21 de dezembro de 2012. Segundo ela, em vez do fim do mundo, teria ocorrido uma “sincronização galáctica”, na qual a Terra se alinharia com as Plêiades e a estrela Alcione (que integra esse aglomerado), provocando a emissão de “massa coronal” pelo Sol e desencadeando ondas eletromagnéticas, entre outros efeitos.

Como astrônomo, com todo o respeito à especialista, acredito que Maxwell e tantos outros cientistas que nos legaram uma compreensão sólida do universo devem ter se revirado no túmulo durante a exibição dessa matéria. Em vez de esclarecer, a reportagem apenas reforçou o misticismo em torno do tema. O mais surpreendente é que ninguém na redação da TV Bahia tenha notado os equívocos flagrantes no discurso apresentado.

Qual seria a relação entre as Plêiades, um aglomerado estelar situado a aproximadamente 450 anos-luz da Terra, e a emissão de massa coronal do Sol? A única influência possível seria de natureza gravitacional, e mesmo essa é desprezível. Para efeito de comparação, Mercúrio, que tem massa muito inferior à das Plêiades, exerce sobre o Sol uma força gravitacional muitíssimo maior, simplesmente por estar próximo.

Esse tipo de reportagem evidencia uma das falhas mais graves do nosso sistema educacional: a dificuldade que ainda temos, como sociedade, de distinguir conhecimento científico básico de especulação infundada ou misticismo. É preciso promover uma cultura científica que valorize o pensamento crítico e a verificação dos fatos.



Aviso: As opiniões expressas neste blog são de responsabilidade exclusiva do autor. As críticas aqui apresentadas têm caráter opinativo, baseiam-se em fundamentos científicos e não se referem a indivíduos específicos, mas sim a ideias, conceitos e práticas públicas. Este espaço tem fins educativos e de divulgação científica.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

ISON - novo registro

O registro atual foi obtido em 18-12-2012 UT no observatório estadunidense da rede "Itelescope", com o telescópio T11+ filtro Johnson R. O tempo de exposição foi de 240s. O objeto novamente apresentava uma tênue coma e magnitude V=16.89±0.01.



terça-feira, 18 de dezembro de 2012

C/2012 F6 (Lennon)

Imagem CCD LRGB do cometa C/2012 F6 obtida através do telescópio "Dome 2" do Observatório Slooh. Na ocasião da obtenção desta imagem, o objeto estava com magnitude estimada em torno de 10. A reta acima do cometa é, provavelmente, o resultado da passagem de um satélite artificial.


segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Periélio do Cometa 96P/Machholz

Filme registrando o periélio do 96P/Machholz, composto por 492 imagens geradas pela câmera LASCO C3 do satélite SOHO. As imagens foram obtidas de 11 a 17 de julho de 2012 (UT), em uma cadência de cerca de um registro a cada 10 minutos.




sábado, 15 de dezembro de 2012

Toutatis registrado pela sonda Cheng`e-2

Imagens do asteróide Toutatis obtidas pela sonda chinesa Cheng`e-2. Nas imagens apresentadas a sonda esteve entre 93 e 240km do asteróide.  O encontro mais próximo da sonda ocorreu em 08:30 de 13-12-2012  UT. O veículo esteve a apenas 3,2km de altitude do objeto. Compare a forma do objeto com a equivalente obtida com dados radar. A rentabilidade da técnica de reconstrução é inegável. 




sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Geminídeos 2011 na Espanha

Meteoros geminídeos registrados durante cerca de cinco horas entre 12 e 13 de dezembro de 2011, pela câmera all sky do observatório "astrocamp" em Nérpio, Espanha. As 40 imagens que compõem este vídeo foram extraídas do site do "itelescope" na noite do pico desta chuva de meteoros. Pelo menos três geminídeos foram provavelmente registrados. Alguns dos traços longos  podem ser a associados ao movimento de aviões.





terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Finalmente ISON!!!

Depois de três tentativas, ao longo de dois meses, finalmente obtive uma imagem CCD do cometa C/2012 S1 (ISON). Nas tentativas anteriores, estava utilizando os telescópios do "Slooh". Apesar da qualidade do sítio de observação, o tempo de exposição é fixo em 40s. Este tempo é insuficiente para registrar o objeto com um sinal-ruído razoável.  O registro atual foi obtido em 11-12-2012 UT, no observatório espanhol da rede "Itelescope", com o telescópio T7 + filtro Johnson R. O tempo de exposição foi de 300s. O objeto apresentava uma tênue coma e magnitude V=16.65±0.09.

Minha análise das cores deste cometa foram publicadas em Betzler et al (2017).

C/2012 S1 (seta)

Diagrama orbital no instante de obtençao da imagem.
Fonte:  JPL Small-Body Database Browser. O círculo mais externo é a órbita de Júpiter.



Um belíssimo trecho de um livro

Parte final do comentário sobre o artigo "Uma relação do extraordinário meteoro visto em toda a Inglaterra aos 19 de março de 1719" escrito por Edmond Halley, publicado no livro Cometa (1985) de  Carl Sagan & Ann Druyan:

"Halley não tem mão de si; está sôfrego por saber, e a impaciência suplanta a sua polidez habitual. Quer saber tudo sobre o meteoro: altitude, velocidade, o som que produziu, de que tamanho era, de que era feito. Não podemos deixar de sentir-nos privilegiados por conhecemos as respostas a essas perguntas; não podemos deixar de desejar que de algum modo nos fosse dado compartilhá-las com ele."

Capa do livro "Cometa" em língua inglesa.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Cometas Rochosos e os Geminídeos

As chuvas de meteoros são tema recorrente no portal Science@NASA. Por ocasião do pico dos Geminídeos, entre 13 e 14 de dezembro de 2012 (UT), um vídeo publicado discutia a origem dessa chuva: o asteroide (3200) Phaethon.

Observações da sonda STEREO-A revelaram um aumento no brilho do objeto durante o periélio, sugerindo que algum processo interno provocou sua fragmentação, possivelmente originando os meteoroides geminídeos. Esses estudos apontam para a existência de uma nova classe de objetos, os chamados "cometas rochosos".

A câmera de meteoros instalada em minha residência registrou quatro Geminídeos em 2011 — fato relatado em uma postagem anterior deste blog.







domingo, 9 de dezembro de 2012

(4179) Toutatis novamente nas cercanias da Terra

Imagem CCD LRGB do PHA (4179) Toutatis obtida através do telescópio "Dome 2" do Observatório Slooh. Este asteroide terá uma passagem próxima à Terra em 12-12-2012 UT. A última ocasião foi em 2004. No presente encontro, o objeto estará a 6,9 milhões de quilômetros do nosso planeta ou 18 vezes a distância Terra-Lua. O objeto será observado via radar e in situ pela sonda chinesa Chang`e-2. Uma colisão de Toutatis com a Terra não é provável. Como o objeto que cruza as órbitas dos planetas interiores, há a possibilidade que Toutatis obtenha energia suficiente para atingir a velocidade de escape do Sistema Solar. Este objeto possui formato irregular e um estado de rotação complexo do tipo "tumbling". O objeto roda simultaneamente ao redor de dois eixos dando literalmente "cambalhotas no céu". Toutatis foi o primeiro asteroide em que este estado rotacional foi seguramente reconhecido. Às 22:17h de 12-12-2012 (Hora de Brasília), o objeto estará na constelação do Peixes, com magnitude em torno de 11. Esta magnitude implica que Toutatis não é visível a olho nu. O asteroide poderá ser observado com pequenos telescópios de abertura da ordem de 6 cm, percorrendo o diâmetro angular da Lua no céu em 1,5 horas.

Imagem LRGB do objeto. Os pontos coloridos, antes do "traço" associado ao movimento de Toutatis, são as imagens do objeto obtidas nos filtros  "B',"G" e "R". Nota-se um espaçamento entre as imagens nestes filtros. Isto é causado pelo tempo necessário para a troca de filtros e pelo movimento orbital do asteróide. Este efeito não é observado no "traço" (seta). Este traço é o resultado da soma de duas imagens consecutivas obtidas através do filtro "L".

Modelo de Toutatis em rotação. A forma do asteróide foi
obtida a partir de observações radar.

sábado, 8 de dezembro de 2012

17P/Holmes em Outburst

Imagem em cores falsas do cometa 17P/Holmes, obtida em 15 de novembro de 2007 (UT), em Salvador. A imagem foi produzida a partir da soma de três exposições de 15 segundos, realizadas com filtros Bessell B, V e R, utilizando um telescópio Meade 12" LX200 e um CCD SBIG ST-7XME. Esta imagem integra o segundo capítulo da minha tese de doutorado defendida na Universidade Federal da Bahia (UFBA).



quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Três Meteoritos Nordestinos

Continuando a série sobre a exposição de meteoritos do Museu Geológico da Bahia são apresentadas imagens dos meteoritos nordestinos "Balsas", "Campos Sales" e "Parambu".







Minha Vivência com o Colonialismo Cultural na Ciência

  Esta postagem tem um caráter de reflexão e registro para futuras gerações de cientistas brasileiros. Em 15 de dezembro de 2022, enviei uma...