sábado, 12 de maio de 2012

Órbita do Grande Meteoro do Brasil em 20/04/2012

A órbita calculada do bólido observado no sudeste do Brasil em 21 de abril de 2012 (UTC) foi estimada com base em vídeos obtidos em Campos dos Goytacazes (RJ) e Belo Horizonte (MG). Ambos os vídeos aparentam ter sido registrados com câmeras de celulares, o que impõe algumas limitações quanto à precisão das medidas de posição no céu.

A órbita resultante é hiperbólica, ou seja, indicaria um objeto vindo de fora do Sistema Solar. No entanto, é importante destacar que essa excentricidade pode estar superestimada. Isso porque a variação de altura e azimute do meteoro em Belo Horizonte foi muito pequena, e está na mesma ordem de grandeza do erro esperado nas estimativas feitas a partir de vídeos não calibrados. Em outras palavras, o próprio limite da precisão dos dados pode ter distorcido um pouco a solução orbital final.

A trajetória atmosférica e os elementos orbitais foram calculados com o auxílio do programa "Fireball", que utiliza as posições angulares observadas a partir de diferentes localidades para reconstruir a trajetória do meteoro e estimar sua órbita em torno do Sol. O resultado mostra que o ponto de maior aproximação do objeto ao Sol (o periélio) coincidiu com a distância média da Terra ao Sol (cerca de 1 unidade astronômica), o que justifica o fato de o encontro com o planeta ter ocorrido.

Tudo indica que o meteoroide pode ter sido do tipo "Earth-grazing", ou seja, um corpo que apenas tocou a alta atmosfera da Terra e retornou ao espaço, sem colidir com o solo. Esse tipo de evento é raro, mas já foi registrado antes, como no famoso "Great Daylight Fireball" de 1972, que atravessou a atmosfera dos Estados Unidos em plena luz do dia. No caso brasileiro, a altitude mínima estimada foi de 74,5 km, o que reforça a hipótese de que os fragmentos do objeto não chegaram a atingir o solo.

Embora os resultados sejam compatíveis com um meteoroide que cruzou a atmosfera e voltou ao espaço, é importante lembrar que a precisão desses cálculos depende diretamente da qualidade dos dados disponíveis. Como os vídeos foram feitos com equipamentos não científicos e em condições variáveis, os resultados devem ser interpretados com cautela. Mesmo assim, os dados obtidos são valiosos e ajudam a entender melhor a dinâmica desses raros encontros com a Terra.

Órbita do meteoróide. As posições do meteoróide (em azul e roxo) e da Terra (em vermelho) correspondem a 15 dias antes do encontro, em 6 de abril de 2012. Naquele momento, os dois corpos estavam separados por aproximadamente 2,93 milhões de quilômetros, o equivalente a cerca de 7,6 vezes a distância média entre a Terra e a Lua.



segunda-feira, 30 de abril de 2012

Coroa Lunar sobre as Canárias

Anel de 22 graus de raio em torno da Lua. Este fenômeno atmosférico foi registrado as 22 h 09 min de 30-04-2012 UT,  pela câmera All Sky do Observatório Slooh nas Ilhas Canárias (Espanha). 


terça-feira, 24 de abril de 2012

Grande Meteoro de 2012 no Brasil

O “Grande Meteoro” foi observado aproximadamente às 2h30min de 21 de abril de 2012 UT nos estados da Bahia (BA), Espírito Santo (ES), Minas Gerais (MG) e Rio de Janeiro (RJ). O objeto se fragmentou em três ou quatro partes durante sua passagem pela atmosfera terrestre. Durante esse processo, alguns observadores relataram a ocorrência de “flares”. Pela disposição das testemunhas, pode-se deduzir que o objeto se movimentou em uma trajetória na direção sudoeste-nordeste (ver Fig. 1).

Uma busca na internet revelou quatro vídeos no YouTube registrando o meteoro em Belo Horizonte (MG), Campos dos Goytacazes (RJ), Ipatinga (MG) e Grande Vitória (ES). Não foi possível determinar o local exato de onde foram obtidos os vídeos de Grande Vitória e Ipatinga, apesar de várias tentativas de contato com seus autores. Com os quatro vídeos disponíveis, seria possível formar seis combinações de locais de observação, possibilitando uma análise mais detalhada.



Fig.1 - Posições dos observadores do bólido de 21-04-2012 UT.
Fonte: Comentários do Vídeo (2) do "YouTube". A distância entre
 as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo é de  358,1 km.




(1) - Belo Horizonte (MG) - 02:10 UT. 



(2) - Campos dos Goytacazes (RJ) - 02:20 UT


segunda-feira, 23 de abril de 2012

Nova na constelação do Sagitário

Em 21 de abril de 2012 (UT), dois astrônomos amadores russos descobriram uma nova na constelação de Sagitário. Eles utilizaram uma teleobjetiva de 135 mm acoplada a uma câmera CCD — equipamentos de baixo custo. A nova Oph 2012 havia sido descoberta anteriormente por um astrônomo amador japonês com instrumental semelhante.

Um levantamento (survey) de baixo custo, nos mesmos moldes, poderia ser facilmente implementado na Bahia. Imagens da faixa da Via Láctea, com exposições de 15 a 20 segundos, poderiam ser obtidas diariamente por alunos de iniciação científica júnior. Em céus urbanos moderadamente poluídos, essas imagens alcançam uma magnitude limite em torno de 8, permitindo a detecção de objetos semelhantes.

No dia 22 de abril de 2012 (UT), obtive uma imagem da nova PNV J17452791–2305213 utilizando o telescópio "Dome 1" do Observatório Slooh, na Espanha. Na ocasião, a magnitude do objeto era aproximadamente 10.

Imagem original

Campo de 15′ × 15′ mostrando a região do céu com e sem a Nova Sgr 2012. A imagem anterior à descoberta foi obtida a partir do DSS-ESO. O alinhamento das imagens foi realizado com o software IRIS.

sábado, 21 de abril de 2012

LBV em NGC-5775

Uma LBV foi descoberta em 27-03-2012 UT pelo CRTS. Esta estrela foi detectada na galáxia espiral NGC-5775. Obtive uma imagem CCD deste galáxia em 21-04-2012 UT no Observatório Slooh nas Ilhas Canárias (Espanha).

Imagem Original

Zoom da imagem anterior com uma seta indicativa da posição da LBV.
A magnitude da estrela é da ordem  de 18.

Minha Vivência com o Colonialismo Cultural na Ciência

  Esta postagem tem um caráter de reflexão e registro para futuras gerações de cientistas brasileiros. Em 15 de dezembro de 2022, enviei uma...