Astrofotografia dos primeiros instantes da ascenção da "superlua" no horizonte de Salvador. Imagem obtida por meu vizinho Hamilton Vaqueiro, usando um celular Sansung, às 22:15 de 07 de maio de 2020 UT.
Outra postagem sobre "superlua" deste blog pode ser encontrada no seguinte link: 1.
Belo registro do planeta Vênus visível no pôr do sol de Salvador. Imagem obtida por meu vizinho Hamilton Vaqueiro, às 21:05 de 09-04-2020 UT, com uma câmera CCD de um celular Sansung.
Outras astrofotografias obtidas com celulares podem ser encontradas em postagens anteriores deste blog : 1 e 2.
Na última segunda, 18-02-2020, o artigo "Mass Distributions of Meteorites" foi aceito para publicação na revista "Monthly Notices of the Royal Astronomical Society". Este trabalho é o resultado de uma parceira bem sucedida entre mim e Ernesto Pinheiro Borges, professores da UFRB e UFBA. Nesta publicação, tive a oportunidade de contribuir com o estudo da distribuição de massa de meteoritos encontrados na superfície terrestre usando uma função estatística derivada da mecânica não extensiva de Tsallis. Este é o terceiro artigo derivado de minha tese de doutorado e o primeiro de meu pós-doutorado. Um resumo melhorado do trabalho é apresentado a seguir:
"The study of the mass distribution of meteorites has been carried out for at least five decades. The purpose of this study is to determine the flux of material that reaches the Earth's surface. To this end, statistical distributions of various types have been modeled from the observational data, derived from Gibbs entropy. However, it turns out that the fragmentation process is likely to be complex in nature. In view of this peculiarity, we model the mass distribution of meteorites using the q-exponential function derived from Tsallis non-extensive statistical mechanics. This distribution is able to model the entire observed spectrum of meteorite mass, regardless of whether the samples are derived from fragmentation of a single meteorite, belong to the same mineralogical group or type, or are separated by collection sites on the Earth's surface. We suspect that most meteorite samples are incomplete in certain mass ranges, due to the effect of the so-called "gathering bias".
Alguns tipos mineralógicos de meteoritos modelados
por uma distribuição q-exponencial (linha sólida vermelha).
A distribuição de meteoritos condritos ordinários (tipo 3) é
divida em não-Antárticos (círculos) e Antárticos (losangos).
A Viação Cometa S.A. é uma empresa de transporte rodoviário de passageiros que atende parte das regiões sul e sudeste do Brasil desde 1948. Suspeito que esse inusitado nome tenha sido inspirado pelo "Grande Cometa do Sul" (C/1947 X1), que foi um objeto facilmente visível a olho nu em dezembro de 1947.
Eu utilizei seus serviços recentemente. Algo que me chamou a atenção foi o nome de batismo de uma classe de ônibus da empresa: Halley. Apesar de utilizar o nome do cometa mais famoso da história da astronomia, a imagem no ônibus é do cometa Hale-Bopp, que foi extremamente brilhante em 1997 muito mais que o cometa Halley em 1986.
A imagem do Hale-Bopp utilizada no ônibus foi muito provavelmente obtida por E. Kolmhofer e H. Raab em 04-04-1997 no Observatório Johannes-Kepler em Linz, Áustria.
Eu compreendo perfeitamente a razão de se utilizarem dois cometas diferentes no mesmo ônibus. Apesar de milhões de pessoas terem visto o cometa Hale-Bopp, quantidade muitíssimo superior ao Halley em 1986, quase ninguém sabia o nome do objeto. O nome "Hale-Bopp" não entrou no imaginário popular da mesma forma que o cometa Halley.
Ônibus da Viação Cometa. Imagem obtida em
02-01-2020, na rodoviária de Araraquara (São Paulo).
Conjunção Vênus-Lua registrada atráves da câmera de um celular Sansung Galaxy J4. Imagem obtida em 28-12-2019, às 22:29 UT, em Boa Esperança do Sul (São Paulo). O campo de visão é de aproximadamente 7 x 4 graus.
Registros do cometa C/2011 W3 (Lovejoy) efetuados neste mesmo sítio observacional podem ser encontrados nestes hiperlinks: 0, 1, 2, 3, e 4.
Eu não escrevo há alguns anos uma pequena resenha relativa a um livro que terminei de ler. O que me motivou a ler o livro "O Primeiro Homem: A vida de Neil Armstrong" (editora Intrínseca, 2018) foi ter assistido o excelente filme "O Primeiro Homem". O livro foi escrito por James R. Hansen, professor de história da Universidade de Auburn (Alabama, EUA). O trabalho é a biografia oficial do primeiro homem a pisar na Lua, Neil Alden Armstrong, e é baseado em entrevistas do autor com o astronauta, pessoas próximas ligadas ao programa espacial e documentação audiovisual. O que claramente percebi é que, muito provavelmente, Hansen se tornou um admirador do objeto de seu trabalho. Aparentemente, o autor perdeu a isenção necessária para escrever uma obra desta natureza. O autor faz longos e desnecessários comentários sobre situações particulares da vida de Armstrong que são quase fofocas em minha opinião. Alguns exemplos são a descrição sobre a pressão que Buzz Aldrin e seu pai teriam feito para que Buzz fosse o "primeiro homem"; que Janet, a primeira esposa de Neil, pediu o divorcio por "ainda não o compreender"; as características quase divinas de Neil descritas por um repórter numa coletiva de imprensa antes da missão Apollo 11, ou que Donald Slayton, chefe de operações de voo e do departamento de astronautas, não achou de bom tom o excessivo número de fotografias de Buzz obtidas na superfície lunar. Com esta ressalva em mente, fica complicado considerar fidedigna a personalidade de Neil Armstrong traçada pelo autor. De qualquer modo, a leitura me capacitou a concluir que Armstrong era extremamente focado no trabalho, sério, responsável, e uma pessoa de poucas e precisas palavras. Neil era um excelente piloto naval, com grande experiência em atividades embarcadas e na condução de veículos experimentais, como o X-15. Talvez estas características tenham sido decisivas para sua escolha como comandante da missão. O sangue frio de Armstrong o ajudaram a orientar Buzz na decisão de ignorar o piloto automático do módulo lunar, evitando o pouso em uma área pedregosa do Mar da Tranquilidade. Também fica claro que a missão foi bem sucedida por combinar uma tripulação extremamente bem treinada combinada com o limite máximo da tecnologia disponível na segunda metade da década de 1960.
Leitura altamente recomendada para quem quer entender melhor a história inicial do programa espacial dos Estados Unidos.
O "Documento Especial" foi um programa jornalístico muito popular nas décadas de 1980 e 1990. O estilo do programa é o chamado "jornalismo verdade". Nelson Hoineff, o criador do programa, faleceu nesta semana. Como uma homenagem, disponibilizo o episódio sobre ufologia. O rigor jornalístico, multiplicidade de tópicos e até a trilha sonora são de inegável qualidade a despeito deste programa tratar de ufologia, que não é considerada uma ciência de facto.
O Sol ficou a pico pela segunda vez neste ano na latitude da cidade de Salvador (Bahia) em 27-10-2019, às 11:15 (14:15 UT). Desta vez, ocorrendo após o equinócio de primavera no hemisfério sul. A identificação deste fenômeno foi feita pelo astrônomo amador Luiz Sampaio Athaide Junior, autor da "Teoria do Zênite Solar". Seguem algumas fotos do fenômeno:
Na última segunda, 23-09-2019, o artigo "BVR broadband photometry of comets 1P/Halley and 4P/Faye" foi aceito para publicação na revista "New Astronomy". Este trabalho é o resultado de uma parceira bem sucedida entre mim e Orahcio Felício de Sousa, ambos professores da UFRB. Fiquei extremamente feliz com esta publicação, pois tive a oportunidade de contribuir com o estudo de dois cometas importantes para a história da astronomia.
Edmund Halley previu em 1705 que o cometa 1P retornaria ao sistema solar interior com décadas de antecedência.
O cometa Faye foi o primeiro a ser observado pelo Hubble Space Telescope, numa passagem próxima da Terra (0,6 U.A), em 1991.
Neste trabalho, nos pudemos correlacionar observações visuais e fotométricas do cometa Halley feitas por observadores brasileiros e estrangeiros, algo surpreendentemente inédito na literatura apesar do volume de dados coletados pelo PBOCH (Programa Brasilero de Observação do Cometa Halley).
O resumo melhorado do trabalho é apresentado a seguir:
"We have analyzed the visible broadband photometry data of comets 1P/Halley and 4P/Faye obtained during their perihelion transits in 1986 and 1991, respectively, at the Sanglokh Observatory (Tajikistan) and the European Southern Observatory (Chile). Application of the Lomb-Scargle periodogram to the magnitudes in the V-band and the B-V color index shows that the most probable periodicities are 79 ± 6 and 7.36 ± 0.04 days for 1P and 6.1 ± 0.3 days for 4P, respectively. After comparing the results of color and magnitude periodograms, we find that there is a systematic difference in the number of identified signals and the confidence level of the same periodicity in the periodograms. Our results suggest that searches for periodicities in the color of the coma of active comets should be complementary to those in magnitudes. We have demonstrated that the distribution of the B-V color of Faye's coma was invariant during and after the possible occurrence of a post-perihelion outburst. We have demonstrated a symmetry in the H0 photoelectric absolute magnitude of comet Halley before and after perihelion. The same symmetry were not observed in the B-V color index. We find that the absolute magnitude H0 of comet Halley differs from each other when calculated from the visual or photoelectric magnitudes, which is due to the section of the coma used to estimate these magnitudes. We have also found that this difference in photometric aperture can affect the comparison of B-V color distributions between active comets."
Curvas de luz rotacionais dos cometas Halley e Faye apresentadas neste artigo. A fase 0.33 corresponde a um outburst no cometa Halley.
A sonda lunar Chandrayaan-2 foi lançada em 22-07-2019 UT do centro espacial Satish no sul da India. A nave possui três componentes: um "orbiter", "lander" e um "rover". o objetivo da missão era investigar a presença de água próximo ao polo sul da Lua, que foi detectada pela Chandrayaan-1 em 2008.
Uma pergunta óbvia é: por que a India conseguiu feitos desta magnitude e nós não? A India e Brasil possuíram programas espaciais em graus equivalentes de desenvolvimento no início dos anos 1980. Justificativas simplistas para o hiato atual podem estar associadas a aplicabilidade de um programa de foguetes por parte da Índia:
1) Necessidades militares: Índia e Paquistão estão em estado permanente de beligerância desde 1947. Ambos países possuem armas nucleares e foguetes são eficientes para entrega destas armas.
2) "Soft power": as conquistas do programa espacial demostram ao mundo a independência cientifica e tecnológica do pais, reforçando a autoestima nacional.
Abaixo publico um vídeo do lançamento da sonda Chandrayaan-2.
Poderiamos ter lançado nosso primeiro satélite utilizando meios próprios na década de 1990. Com um financiamento constante, poderiamos ter dezenas de satélites em órbita e, provavelmente, estariamos lançado sondas espaciais para a Lua ou Marte nos dias de hoje.
Espero ainda ver nosso pais integrando o seleto grupo da nações que explora a "fronteira final", algo que certamente ajudaraia a superar o complexo crônico de vira-lata, que infelizmente domina o imaginário de boa parte dos brasilieros.
Vídeo mostrando Buzz Aldrin socando o conspiracionista Bart Sibrel, que pedia que ele jurasse sobre a bíblia que havia caminhado sobre a superfície de nosso satélite natural.
Registro do cometa 46P/Wirtanen obtido em Salvador, no dia 06.9-12-2018 UT. A imagem é o resultado da soma de três fotografias, cada uma com 15 s de exposição, feitas com uma câmera Zenit12XS. As fotografias foram alinhadas e somadas com o software IRIS. O filme utilizado foi um Kodak ASA 200. A magnitude visual do cometa era em torno de cinco, tornando-o um objeto difícil de ser registrado num céu urbano. O cometa Wirtanen era o alvo inicial da sonda Rosetta. Este cometa foi substituído pelo 67P dada a indisponibilidade do foguete Ariane 5, durante a janela planejada de lançamento.
Sexta parte do excelente depoimento do ex-astrônomo do Observatório Nacional (ON) Jair Barroso Junior. Sr. Barroso é bacharel em física pela Universidade do Estado da Guanabara (1959) e foi um dos primeiros mestres em astronomia formados no Brasil. Seu mestrado foi concluído no Instituto de Tecnologia da Aeronáutica (ITA), em 1971. Sua dissertação trata do estudo estudo de sistemas estelares binários cerrados. Os dados observacionais deste estudo foram obtidos através de um telescópio refletor Cassegrain-Newtoniano de 0,5-m de abertura, construído no próprio ITA.
Ele utilizou um "fotômetro de cunha", acoplado a luneta de 32-cm do ON, para determinar o periodo de oscilação de brilho da estrela variável CY Aquarii, em 1969.
Este depoimento é uma lição de vida para uma parcela não irrelevante de jovens cientistas e professores de instituições públicas brasileiras, que infelizmente estão mais preocupados com suas agendas pessoais.
Seleção de trailers de filmes e séries de Hollywood que tratam do contato de criaturas e civilizações extraterrestres com a humanidade. O tipo de contato foi dividido em "benignos", "malignos" ou "Ah! Ah! Enganei vocês!", quando as intenções benignas eram apenas um embuste para um plano de dominação do planeta Terra. Muitos desejam que tenhamos já um contato com uma civilização extraterrestre tecnologicamente avançada. O argumento usado é que isto poderia nos fazer evoluir mais rapidamente, fazendo com esqueçamos nossas "pequenezas". Entretanto, neste momento de nossa história, isto seria realmente benéfico para nossa espécie? O passado nos mostra que uma solução miraculosa, proposta ou desejada por um determinado grupo, pode não ser a melhor para toda a coletividade.
* Sequestrar pessoas e as libertar 20 ou 30 anos depois, sabe-se lá para que, pois o filme não explica a motivação, não é uma coisa boa na Terra ou mesmo na estranha exolua de Pandora. ** Lendo "2010" e "3001", eu percebi que os ETs que construíram os monólitos eram um tanto radicais no seu objetivo de semear "vida inteligente" pela galáxia. Neste caso, a série "2001" poderia estar na categoria "Ah! Ah! Enganei vocês! :)".
Esta análise do meteoro da Bahia é baseada em dados públicos divulgados no site "Fireballs" da NASA CNEOS, utilizando sensores instalados em satélites em órbita da Terra.
Em 01:28:03 de 21-02-2018 UT, um grande meteoro explodiu numa altitude de 31,5 km sobre o oceano atlântico, numa distância de cerca de 160 km da cidade de Salvador (Bahia). O meteoro possuía uma velocidade de 13,1 km/s, que tinha uma direção praticamente ao longo da linha zênite-nadir. Ao explodir, o objeto emitiu 0,22 kton de energia ou 1,5% da energia liberada pela explosão da bomba atômica de Hiroshima, mas sem a produção de raios-x, gama ou fluxo de partículas, como nêutrons. Com esta energia, a massa do meteoroide era possivelmente de 11 toneladas ou 1000 vezes menor que o famoso meteoro da Russia de 2013. Conforme sugerido pela desaceleração do meteoro, estimada pela rede BRAMON, a partir de dados de câmeras de segurança instaladas em Salvador, o objeto era de natureza rochosa. Considerando que o tipo mais comum de meteorito rochoso encontrado na superfície terrestre é o condrito ordinário, com uma densidade máxima de 3,84 g/cm^3, o diâmetro do objeto seria de 1,8 m.
Empilhadeira de contêineres Hyster H250H. Este equipamento é comum em portos, como o de Salvador, e possui uma massa equivalente a do meteoroide visto em nossa cidade. O círculo representa o diâmetro estimado do objeto, suposto esférico.
A rede de estudo de meteoros BRAMON fez uma análise deste evento que possui grande exatidão, em termos astrométricos e cinemáticos, com os resultados obtidos por satélites, levando em consideração os prováveis erros sistemáticos destes últimos dispositivos. Este trabalho pode ser encontrado neste link.
O satélite TESS, destinado a identificar planetas solares tão pequenos quanto a Terra em outras estrelas de nossa galáxia, obteve sua primeira imagem em 17 (ou 18)-05-2018 de um campo austral da Via Láctea, na região do Centauro. Processei esta imagem com o programa online "Astrometry.net". O campo da imagem é de 10,8 x 8,13 graus, equivalente ao que seria obtido com um teleobjetiva ligada a uma câmera fotográfica usual.
O centro da imagem corresponde as coordenadas equatoriais ascensão reta 13h 44m 01.163s e declinação -63° 19' 14.846". A escala de placa é de 37,1 arcsec/pixel. Alguns objetos da Via Láctea estão marcados na imagem.
Campo de visão da imagem sobre uma parte da esfera celeste.
A gravura abaixo ilustra de forma bem exata a situação atual de nosso pais.
Ilustração do artista Albrecht Dürer em Stultifera navis ("Navio dos Tolos") de Sebastian Brant, publicado por Johann Bergmann von Olpe (de), na Basiléia, em 1498.
Algo óbvio que aprendi na vida é que a maioria das situações que vivemos é resultado de nossos atos pregressos. Indo para a política, podemos fazer uma extrapolação e concluir o mesmo: um governo antipovo é o resultado de escolhas impensadas da maioria da população. Não devemos simplesmente votar por obrigação. Devemos escolher nossos representantes de forma consciente, lembrando sempre que não devemos eleger alguém sem compromisso prévio com a população. Nossos representantes devem trabalhar para o bem-estar da maioria da população, e qualquer pensamento diferente disso é tolo perto desta condição que justifica a existência de um governo constituído.
Baseado no binômio responsabilidade-culpa do início deste texto, sugiro uma pequena autorreflexão: será que o caro leitor não é tão cretino como este ou aquele membro de um dos poderes da república que você tanto critica e, igualmente, abusa de suas efêmeras atribuições por motivações pessoais ? Pense nisso.
Uma equipe de astrônomos, utilizando o telescópio VLT do Observatório Paranal do ESO e o Hubble Space Telescope, identificou que o objeto do Cinturão de Kuiper 2004 EW95 é do grupo taxonômico C. Esta região do sistema solar encontra-se além da órbita de Netuno e é caracterizada por objetos com centenas ou milhares de quilômetros de diâmetro e natureza muito similar a núcleos de cometas, ou seja feitos essencialmente de gelo de água. A descoberta deste objeto colabora com um modelo que sugere esses asteroides podem ter sido lançados para as regiões mais externas do sistema solar pela ação de ressonâncias orbitais com planetas gigantes gasosos em formação.
Impressão artística do asteroide 2004 EW95. Não há uma curva de
luz deste objeto que permita especular sobre seu formato. Fonte:ESO/M. Kornmesser
Órbita do objeto (vermelho). Em verde claro, num mesmo plano, temos as
órbitas de Netuno, Urano e Saturno. Note a grande inclinação da órbita do asteroide com relação
ao plano do sistema solar. Fonte: ESO/L. Calçada
Comparação das dimensões angulares do cometa 1P/Halley em instantes próximos das máximas aproximações da Terra em 1910 e 1986.
A emulsão fotográfica usada por E. E. Barnard em 1910 era certamente muito menos sensível que aquela empregada na imagem de 1986, o que possivelmente justifica o emprego de tempo de exposição e um instrumento de maior abertura (Fig.1). Entretanto, pelas dimensões angulares deduzidas, fica cabal que cometa Halley não era um objeto facilmente discernível num céu urbano em abril de 1986. Apesar de visível a olho nu, o cometa teria um aspecto e dimensões angulares similares ao aglomerado globular NGC-5139, o ômega centauri da constelação do Centauro (Fig.2).
Fig. 1 -Fotografia obtida em 29 de Maio de 1910 às 15:11 (ou 15:28!) UT por E.E. Barnard no Observatório de Yerkes (EUA), usando o telescópio "Bruce" de 0,25-m de abertura, e publicada originalmente no jornal New York Times. O campo de visão é 7,44 x 5,63 graus e a escala de placa é de 33,8 arcsec/pixel. O aspecto trilhado das estrelas de campo é causado pelo tentativa de acompanhar o movimento próprio do cometa no céu. O comprimento da cauda do cometa é de cerca de 5,4 graus.
Campo de visão no céu da foto anterior. Imagem gerada pelo
programa online astrometry.net
Fig.2 - Detalhe de uma foto obtida pelo astrônomo amador brasileiro
Nelson Falsarella, em São José do Rio Preto (São Paulo), no dia 11 de Abril de 1986 às 05:50 UT. O filme utilizado foi Kodacolor VR de 400 ASA e 210 s de exposição, usando câmeras Pentax K1000 ou Zenit 12XP e, presumivelmente, lentes normais. O campo de visão é de 7,33 x 6,81 graus e a escala
de placa é de 117 arcsec/pixel. A coma apresentava 0,5 graus de diâmetro, igual a dimensão angular da Lua.
Campo de visão no céu da foto anterior. Imagem gerada pelo
programa online astrometry.net
O cometa Halley teve um espetacular encontro com o planeta Terra em 1910. Neste ano, o cometa apresentou grande brilho, com magnitude visual aparente entre 0 e 1, e comprimento de cauda de cerca de 70 graus. Devido a essas características, foi criada uma enorme expectativa em relação ao retorno deste objeto ao sistema solar interior em 1986. Entretanto, a visão do cometa foi decepcionante. Em abril de 1986, dois meses após seu periélio, o cometa apresentou magnitude visual próxima de 2 e um comprimento máximo de cauda de 10 a 20 graus. Quais as possíveis origens desta grande variação de aparência morfológica entre duas passagens consecutivas? Podemos considerar parâmetros sociais e geométricos: i) Em 1910, a maioria da população mundial vivia no campo, onde o nível de poluição luminosa era extremamente baixo ou inexistente. Isto possibilitou o discernimento de estruturas mais tênues na coma e cauda do cometa e ii) A geometria Terra-Sol-Cometa não era favorável em 1986. Se analisarmos a Fig.1, percebemos que o objeto estava a cerca de 60 milhões de quilômetros da Terra em sua máxima aproximação, bem maior que os 22 milhões de quilômetros da Terra de maio de 1910. Isto implicou numa diminuição de seu brilho, seguindo a lei do inverso do quadrado da distância. A geometria orbital também não ajudou a aumentar o número de observadores. Em 1910, em seu auge de brilho, o cometa era visível ao entardecer, situação contrária a de 1986 na qual o objeto era visível após a segunda metade da noite e madrugada.
Fig.1 - Cometa Halley no instante de sua máxima aproximação da Terra em
11 de abril de 1986.
Processamento usando o programa online "astrometry.net", de uma imagem gerada pela câmera NavCam 1 da sonda "OSIRIS-REx". A imagem foi obtida em 11 de janeiro de 2018, quando a sonda estava a 63,6 milhões de quilômetros da Terra. Pelo efeito de perspectiva, o sistema Terra-Lua esta projetado contra a constelação da Baleia. A imagem original pode ser encontrada neste "link".
O sistema Terra-Lua esta no centro da imagem, dentro do círculo. O campo de visão de imagem é de 32,6 x 43,5 graus.
Um dos artigos que tive mais orgulho de escrever foi sobre o trabalho científico de Sir William Herschel, em minha opinião, um dos maiores astrônomos de todos os tempos. O artigo foi originalmente publicado na extinta revista Macrocosmo.com #41 e pode ser baixado neste "link".
Em 30 de outubro de 1998, defendi meu trabalho de conclusão de curso (TCC) em astronomia, na UFRJ. Este TCC trata da análise de dados fotométricos dos centauro (2060) Chiron e o cometa C/1995 O1 (Hale-Bopp), estando associado a três artigos publicados em periódicos internacionais. O capítulo 2 apresentou o estudo de três ocultações estelares pela coma do cometa Hale-Bopp, registradas em junho de 1996, no Observatório do Pico-dos-Dias (Minas Gerais). Estes resultados foram somente publicados em 2017 ou 19 anos após a apresentação de meu TCC.
Como uma forma de comemorar meus 20 anos de carreira e para ajudar estudantes que estejam em situação similar, disponibilizo meu TCC para download neste link.
Imagens da fase de totalidade do eclípse da Lua ocorrido em 28-09-2015 UT. Os registros foram obtidos no loteamento Santo Antônio, emAmargosa (BA), com uma câmera Nikon D80, f/5, 10 s de exposição, usando uma teleobjetiva com distância focal de 70 mm.
03:54 de 28-09-2015 UT. Dado o baixo nível de poluição luminosa, diversas estrelas são visíveis no campo de visão da imagem.
Identificação das estrelas de campo com o auxilio do rotina online Astrometry.net. O campo de visão é de 18,4 x 12,3 graus.
Alguns imagens de um belo pôr do sol registrado com um Iphone 4S, entre 17:52 e 18:14 (UT - 3h) do dia 11-02-2018, na Ponta de Humaitá, ponto turístico de Salvador. A açao do espalhamento Rayleigh é a possível causa do tom avermelhado do céu. Provavelmente, há partículas de poeira ou poluição em suspensão, cujas dimensões são menores do que os comprimentos de onda da banda "vermelha" do espectro solar visível.
Adjetivos usados para descrever o cometa 1P/Halley em artigos publicados em 1910, no Jornal do Brasil do Rio de Janeiro.
Eu afirmo que o cometa Halley é o fomentador do interesse da humanidade no estudo destes objetos. Posso chegar a essa conclusão me baseando na grande dimensão de seu núcleo e sua pequena distância à Terra, que ocasionam seu grande brilho no céu.
Usei o evidências empíricas para chegar a esta conclusão, não convicções.
Interessante episódio da série animada Teen Titans GO! sugerindo como pessoas ou grupos econômicos, através de relações obscuras com políticos e grupos de comunicação, podem agir para atingir seus objetivos. Teoria conspiratória? Cabe a você, leitor, avaliar se isto ocorre no Brasil ou até em potências, como os EUA.
A nota abaixo foi publicada no jornal "A Notícia" de Salvador (BA), em 15 de maio de 1915:
Acredito que muitos dos cidadãos da cidade de Monte Alto (BA) faleceram sem saber o cometa que observaram. Com a ajuda da internet, foi possível conjecturar que o objeto era muito provavelmente o cometa C/1915 C1, descoberto pelo astrônomo amador e construtor de telescópios estadunidense John E. Mellish.
É interessante notar a comparação morfológica com o 1P/Halley feita por estes observadores, cujo esplendor de maio de 1910 devia estar vivo na memória de todos. A associação ao cometa Biela feita pelo autor da nota é compreensível. O cometa Biela não foi tão brilhante quanto ao Halley ou Mellish, mas foi o primeiro que apresentou um impressionante processo de fragmentação do núcleo em 1845, que foi extensivamente estudado por diversos observadores espalhados pelo mundo. O cometa Mellish apresentou um processo similar quando se aproximava do Sol.
Interessante programa da série britânica "Big, Bigger, Biggest" do National Geographic Channel sobre telescópios. Este episódio mostra seis avanços tecnológicos que possibilitaram a construção de telescópios de última geração, como o Large Binocular Telescope (LBT). Considerei o capítulo bem didático por mostrar a interação da luz com as superfícies óticas e o meio ambiente através de experimentos. Outro ponto alto do programa são as curiosidades sobre a construção de alguns telescópios, como as modificações feitas no vagão de ferrovia que transportou o espelho do telescópio Hale de Nova York até a Califórnia, e sua inusitada caixa blindada contra ataques de fundamentalistas religiosos.
Só não concordei com a contribuição que foi vinculada ao telescópio soviético BTA-6. No programa, esta contribuição foi limitada ao sistema de equalização da temperatura da cúpula. O que foi esquecido é que o BTA foi o primeiro telescópio altazimutal de grande porte com apontamento computadorizado. O LBT beneficiou-se deste desenvolvimento tecnológico.
Animação amostrando o cometa 17P/Holmes durante a semana de 24 a 31 de julho de 2014. As imagens LRGB foram obtidas com um telescópio SCT de 0.35m f/11, instalado no Observatório Teide das Ilhas Canárias (Espanha).
Manifesto meu pesar pela morte do astrônomo Ronaldo Rogério de Freitas Mourão (1935-2014). Mourão foi um divulgador científico muito importante para gerações de entusiastas da astronomia como eu. Devo muito a ele. Minha primeira observação do céu com um telescópio foi realizada no Museu de Astronomia (MAST). A visão do planeta Vênus através da luneta 21cm do MAST nunca mais saiu de minha mente. Neste mesmo estabelecimento, montei meu primeiro telescópio. O MAST foi fundado por Mourão com o objetivo de preservar a memória da astronomia e ciências afins desenvolvidas pelo Observatório Nacional.
Imagem CCD LRGB do aglomerado aberto NGC-4755, popularmente conhecido como "Caixa de Joias". Registro obtido com um telescópio de 0.35m f/11 instalado em La Dehesa, região metropolitana de Santiago (Chile).