sábado, 12 de maio de 2018

Um estranho no ninho

Uma equipe de astrônomos, utilizando o telescópio VLT do Observatório Paranal do ESO e o Hubble Space Telescope, identificou que o objeto do Cinturão de Kuiper 2004 EW95 é do grupo taxonômico C. Esta região do sistema solar encontra-se além da órbita de Netuno e é caracterizada por objetos com centenas ou milhares de quilômetros de diâmetro e natureza muito similar a núcleos de cometas, ou seja feitos essencialmente de gelo de água. A descoberta deste objeto colabora com um modelo que sugere esses asteroides podem ter sido lançados para as regiões mais externas do sistema solar pela ação de ressonâncias orbitais com planetas gigantes gasosos em formação.

Impressão artística do asteroide 2004 EW95. Não há uma curva de
luz deste objeto que permita especular sobre seu formato. Fonte:ESO/M. Kornmesser
Órbita do objeto (vermelho).  Em verde claro, num mesmo plano, temos as
órbitas de Netuno, Urano e Saturno. Note a grande inclinação da órbita do asteroide com relação
ao plano do sistema solar. Fonte: ESO/L. Calçada

EsoCast # 160 tratando da descoberta.

domingo, 6 de maio de 2018

Por que o cometa Halley "micou" em 1986 ? - Parte 2

Comparação das dimensões angulares do cometa 1P/Halley em instantes próximos das máximas aproximações da Terra em 1910 e 1986.

A emulsão fotográfica usada por E. E. Barnard em 1910 era certamente muito menos sensível que aquela empregada na imagem de 1986, o que possivelmente justifica o emprego de tempo de exposição e um instrumento de maior abertura (Fig.1).  Entretanto, pelas dimensões angulares deduzidas,  fica cabal que  cometa Halley não era um objeto facilmente discernível num céu urbano em abril de 1986. Apesar de visível a olho nu, o cometa teria um aspecto e dimensões angulares similares ao aglomerado globular NGC-5139, o ômega centauri da constelação do Centauro (Fig.2).

Fig. 1 -Fotografia obtida em 29 de Maio de 1910 às 15:11 (ou 15:28!) UT por E.E. Barnard no Observatório de Yerkes (EUA), usando o telescópio "Bruce" de 0,25-m de abertura, e publicada originalmente no jornal New York Times. O campo de visão é  7,44 x 5,63 graus e a escala de placa é de 33,8 arcsec/pixel. O aspecto trilhado das estrelas de campo é causado pelo tentativa de acompanhar o movimento próprio do cometa no céu. O comprimento da cauda do cometa é de cerca de 5,4 graus.

Campo de visão no céu da foto anterior. Imagem gerada pelo
programa online astrometry.net


Fig.2 - Detalhe de uma foto obtida pelo astrônomo amador brasileiro
Nelson Falsarella, em São José do Rio Preto (São Paulo), no dia 11 de Abril de 1986 às 05:50 UT. O filme utilizado foi Kodacolor VR de 400 ASA e 210 s de exposição, usando câmeras Pentax K1000 ou Zenit 12XP e, presumivelmente, lentes normais. O campo de visão é de 7,33 x 6,81 graus e a escala
de placa é de 117 arcsec/pixel.  A coma apresentava 0,5 graus de diâmetro, igual a dimensão angular da Lua.

Campo de visão no céu da foto anterior. Imagem gerada pelo
programa online astrometry.net

quinta-feira, 3 de maio de 2018

Por que o cometa Halley "micou" em 1986 ? - Parte 1

O cometa Halley teve um espetacular encontro com o planeta Terra em 1910. Neste ano, o cometa apresentou grande brilho, com magnitude visual aparente entre 0 e 1, e comprimento de cauda de cerca de 70 graus. Devido a essas características, foi criada uma enorme expectativa em relação ao retorno deste objeto ao sistema solar interior em 1986. Entretanto, a visão do cometa foi decepcionante. Em abril de 1986, dois meses após seu periélio, o cometa apresentou magnitude visual próxima de 2 e um comprimento máximo de cauda de 10 a 20 graus. Quais as possíveis origens desta grande variação de aparência morfológica entre duas passagens consecutivas? Podemos considerar parâmetros sociais e geométricos: i) Em 1910, a maioria da população mundial vivia no campo, onde o nível de poluição luminosa era extremamente baixo ou inexistente. Isto possibilitou o discernimento de estruturas mais tênues na coma e cauda do cometa e ii) A geometria Terra-Sol-Cometa não era favorável em 1986. Se analisarmos a Fig.1, percebemos que o objeto estava a cerca de 60 milhões de quilômetros da Terra em sua máxima aproximação, bem maior que os 22 milhões de quilômetros da Terra de maio de 1910. Isto implicou numa diminuição de seu brilho, seguindo a lei do inverso do quadrado da distância. A geometria orbital também não ajudou a aumentar o número de observadores. Em 1910, em seu auge de brilho, o cometa era visível ao entardecer, situação contrária a de 1986 na qual o objeto era visível após a segunda metade da noite e madrugada.

Fig.1 - Cometa Halley no instante de sua máxima aproximação da Terra em
 11 de abril de 1986. 

sexta-feira, 20 de abril de 2018

Sistema Terra-Lua na Constelação da Baleia

Processamento usando o programa online "astrometry.net", de uma imagem gerada pela câmera NavCam 1 da sonda "OSIRIS-REx". A imagem foi obtida em 11 de janeiro de 2018, quando a sonda estava a 63,6  milhões de quilômetros da Terra.  Pelo efeito de perspectiva, o sistema Terra-Lua esta projetado contra a constelação da Baleia. A imagem original pode ser encontrada neste "link".


O sistema Terra-Lua esta no centro da imagem, dentro
do círculo. O campo de visão de imagem é de 32,6 x 43,5 graus.



quinta-feira, 19 de abril de 2018

Artigo sobre William Herschel

Um dos artigos que tive mais orgulho de escrever foi sobre o trabalho científico de Sir William Herschel, em minha opinião, um dos maiores astrônomos de todos os tempos.  O artigo foi originalmente publicado na extinta revista Macrocosmo.com #41 e pode ser baixado neste "link".


quarta-feira, 18 de abril de 2018

TCC de Alberto Silva Betzler

Em 30 de outubro de 1998, defendi meu trabalho de conclusão de curso (TCC) em astronomia, na UFRJ. Este TCC trata da análise de dados fotométricos dos centauro (2060) Chiron e o cometa C/1995 O1 (Hale-Bopp), estando associado a três artigos publicados em periódicos internacionais. O capítulo 2 apresentou o estudo de três ocultações estelares pela coma do cometa Hale-Bopp, registradas em junho de 1996, no Observatório do Pico-dos-Dias (Minas Gerais). Estes resultados foram somente publicados em 2017 ou 19 anos após a apresentação de meu TCC. 

Como uma forma de comemorar meus 20 anos de carreira e para ajudar estudantes que estejam em situação similar, disponibilizo meu TCC para download neste link.

Observatório do Valongo, sede do curso de 
astronomia da UFRJ. Fonte: Wikipedia.

O colonialismo cultural na ciência

  Essa postagem parece um discurso de quem que se recusa a se adaptar ao status  quo do mundo. Não concordo com muita coisa por ai, mas não...